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Cronicas-->ABRAÃO E SUAS MULHERES -- 03/01/2002 - 16:47 (CARLOS MÉRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Já faz um bom pedaço de tempo desde Shlomo Bino andou por aqui, ele e sua mulher Shelly, ambos a dizerem pelo Governo de Tel-Aviv, pois que Shlomo cá veio como Embaixador de Israel.
E eis que apesar de que naqueles dias, como aliás não fora diferente numa mão de milênios já percorridos pela história, árabes e judeus viverem a se engalfinhar nas beiras do Jordão, nas terras de Gaza e nos rumos do Golan, foi justo na fidalguia de Chalita e de sua mulher Solange, ele de raiz libanesa, ela de fonte gaulesa, que encontraram eles o calor da boa acolhida alagoana.
Para dizer a verdade, nem de longe transpareceu, por um momento sequer, que guardassem nas veias os sangues inconciliáveis das gentes de Isaac e de Ismael, pelo menos pelo que se pode à primeira vista imaginar, desde que se empreste ouvidos aos estrondos dos morteiros, ao pipocar das metralhadores e à devastação das bombas com que se flagelam.
Muito ao contrário, o que se viu foi o permanente e cálido sopro da simpatia, refletido nas longas conversas amenas, nos suculentos jantares compartilhados, nas agradáveis divagações embrenhadas pelos caminhos das artes, na permuta, enfim, do bem-estar do encontro e do mistério do conhecer-se.
É bem certo que os conflitos em torno de Jerusalém não se nutrem, apenas, dos impulsos da disputa pela terra, ou mesmo dos empurrões dos desacertos de intolerantes políticas governamentais de hoje, no que pese sempre prontos a calcinar qualquer pouco de paz reconquistada a ferro e fogo.
Nem se deitam, também, na ingênua lembrança da angústia de Abraão frente à expectativa de não gerar descendência, isso mercê da infertilidade de Sarah, pelo fato de que o fazendo buscar os encantos do leito de Agar, em quem engendrou Isamael, haveria de mais tarde tê-lo a coexistir com Isaac, quando afinal vencida a maninhez da mulher de direito, por obra e graça de uma dessas maravilhas do Senhor dos Exércitos.
Mas se são muito mais graves as razões dos desencontros, algumas delas deslembradas pela insuficiência dos relatos históricos, outras apenas rememoradas por sob o véu da fantasia das lendas, a verdade é que, extraídos os homens do explosivo núcleo em que plantado o incêndio da discórdia, como que por milagre as diferenças se esvaem, as reservas se esfumam, os ódios se apagam, o que preserva a esperança da concórdia possível.
Pena que ainda existam carniceiros travestidos de estadistas, bárbaros que se guardam sob o manto enganoso de democratas, egocêntricos que só enxergam o mundo a partir da ótica dos seus próprios interesses, homens e povos que, sempre na perseguição dos seus próprios benefícios, não economizam esforços em acender a destruição alheia, olhos postos nas vantagens circunstanciais que possam conquistar.
Até parece que o flagelo de alguns não é o flagelo de todos, tanto mais nos tempos de hoje, quando um pranto rasgado em qualquer esquina do mundo, por mais remota que seja, carrega o horror da miséria a cada canto da Terra.
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