Santo Deus... Como é bonito
Sentir firme que Te amo,
Eu... Que em nada acredito,
Por Ti... Até por Deus chamo!
Por palavras que não tramo
E deixo livres surgirem
Para amantes fluírem
Entre os punhais que desarmo,
Por viva graça do carmo
Que de vez sinto infinito,
Como derradeiro grito
Exponho em confissão:
Ter assim uma paixão,
Santo Deus... Como é bonito.
Quando o dito é desdito
À espora da hipocrisia
A égua renega a cria
No desespero maldito
Dos cascos em duro atrito
Onde o escravo e o amo
Soçobram... Eu proclamo
Empinado no arreio
Sem rédeas presas ao freio
Sentir firme que Te amo.
Se há algo em que me afamo
A tudo renunciaria
Ao extremo que esvazia
À águia pouso no ramo
E como não reclamo
O voo ao cume do mito
Logo que penso e medito
Sob a luz de Teu olhar
Tendo para acreditar,
Eu... Que em nada acredito.
De Camões auguro e cito
O tempo que vai mudar
A vontade de guardar
Toda a vida o mesmo rito,
Esperança que admito
E com ardor inflamo
Porque decisivo amo
A folha do mal-me-quer
Que reconto e a valer
Por Ti... Até por Deus chamo!