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Discursos-->Itaipu, Brasil e Paraguai, por Presidente do Clube Militar -- 09/09/2009 - 12:25 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ITAIPU, BRASIL E PARAGUAI

http://www.clubemilitar.com.br/site/suporte_arquivos/destaque/itaipu.pdf

Meus vínculos com o Paraguai e com seu povo podem, com facilidade, ser classificados como relação de amor e admiração. Vivi naquele país entre os anos de 1973 e 1975. Aprendi a entender o modo de ser do paraguaio, a conviver com suas idiossincrasias, a respeitar seu modo altivo, mesmo que nem sempre bem compreendido por seus vizinhos, a apreciar sua cultura, a encantar-me com sua música, com a arquitetura variada de sua capital, a ficar fascinado com suas cores, os ipês, cambiando os matizes das alamedas, cada tonalidade substituindo-se em seu tempo certo, a considerá-lo um povo irmão, com demandas e anseios muito semelhantes aos nossos.

Retornei a Assunção duas vezes, após aquele período, para rever os inúmeros amigos que por lá deixei. Sempre fui recebido como um autêntico irmão. A última foi no final da década de 90, quando estava instituído no cargo de Comandante Militar do Oeste, com sede em Campo Grande, MS. Na capital paraguaia, encontrei uma cidade bastante modificada em relação àquela em que residi, mas o calor da amizade em nada se alterou. Recebi as maiores manifestações de apreço de altas autoridades do Exército Paraguaio e acolhida fraterna de amigos civis e militares.

Morei em Assunção ao tempo em que se desenvolviam as delicadas negociações que redundaram no Tratado de Itaipu. Acompanhei o belíssimo trabalho diplomático desenvolvido pela Embaixada do Brasil naquele país, que, ao mesmo tempo em que buscava viabilizar o Tratado, despendia esforço semelhante para resguardar os interesses paraguaios. E não foram poucas as demonstrações de amizade e boa vontade do Brasil com seu vizinho e amigo, nesse episódio – a localização da represa, o financiamento total da obra, os direitos paritários em relação à produção e administração da empresa binacional, entre outras.

Assim, não pode ser considerada má vontade com o país irmão minha discordância sobre as últimas concessões feitas pelo governo brasileiro, no que diz respeito à revisão do Tratado de Itaipu. Não se pode negar que é sempre preferível buscar um acordo a partir para o confronto. Isso ficou evidente durante as próprias negociações do tratado, envolvendo Paraguai e Argentina. Acontece que, no caso presente, há fatos potencialmente capazes de produzir prejuízos ao país e às relações diplomáticas do Brasil com o Paraguai. A concessão brasileira está, de forma visível, impregnada daquilo que o embaixador Rubens Barbosa chamou de “diplomacia da generosidade”, ou seja, de uma imensa vontade de atender as demandas do governo paraguaio, ao arrepio dos interesses nacionais.

A razão para tal generosidade somente pode ser encontrada nas mesmas raízes que levaram o Brasil a ceder para a Bolívia de Evo Morales e para o Equador de Rafael Correa. Que levam o Brasil a aceitar, sem contestação, as sobretaxas, repetidas vezes, aplicadas pela Argentina sobre nossos produtos. Uma política externa impregnada de visão partidária, um entendimento distorcido da diplomacia como instrumento de governo ao invés de instrumento de estado, favorecem tal atitude, tolerante ao extremo.

O discurso do Presidente Lugo sobre a exploração do Brasil, longe de se configurar como real, evidencia-se como recurso populista para angariar votos na caminhada que empreendeu para a presidência de seu país. Não havia a menor razão para acusar o Brasil. A hidrelétrica foi construída com recursos brasileiros. A dívida foi contraída integralmente pela Eletrobrás e somente será integralizada em 2023. Sabe-se que o presidente paraguaio atravessa dificuldades em face de escândalos pessoais e instabilidade política interna. Já foi comentado que teria, mesmo, dificuldade para concluir seu mandato. A revisão do Tratado de Itaipu significa um alento para o presidente debilitado. Um presente de seu amigo Lula, carregado muito mais de sentido ideológico, do que de uma genuína solidariedade continental.

Até por meus antigos laços de amizade com a nação guarani, torço por seu progresso. Acho razoável que o Brasil, como a economia mais pujante da região, ajude seus vizinhos, e os países do MERCOSUL em particular, com financiamentos de obras essenciais a seus desenvolvimentos. O que não parece razoável é, por capricho ideológico, ceder em assunto sensível, capaz de produzir prejuízos para o Brasil, além de criar precedentes que podem, no futuro, desestabilizar as relações políticas e econômicas entre os dois países.

Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO

Presidente do Clube Militar




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