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Artigos-->ACORDO NUCLEAR COM A VENEZUELA -- 17/10/2005 - 01:38 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ACORDO NUCLEAR COM A VENEZUELA

Vitor Gomes Pinto

Escritor, especialista em relações internacionais



O assessor para políticas internacionais da Presidência da República confirmou a intenção de estabelecer um “acordo nuclear” tripartite, envolvendo Brasil e as vizinhas Argentina e Venezuela. Vem ai confusão, e das grandes! Os venezuelanos já estão acostumados aos arroubos inconseqüentes do seu presidente e sabem que de cada vinte promessas ou novas idéias que Hugo Chávez lhes comunica, no máximo uma consegue pelo menos ser levada adiante. O mesmo, contudo, não acontece com os governos latino-americanos que em geral por razões de conveniência econômica cada vez mais dão ouvidos e abrem espaço para as idéias do endinheirado líder bolivariano. Por ora, trata-se apenas de um lance de efeito para colocar lenha na fogueira da chamada “integração energética” anunciada pelo Ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Ali Rodriguez Araque, como sendo o eixo de unificação sul-americana.

Com o barril de petróleo a 63 dólares, a Chávez parece que assim será para sempre e que seu caixa não mais secará. Então, sai pelo mundo a comprar o que lhe agrada, causando surpresa e incontida alegria a quem consegue vender-lhe algo. No momento, retorna da Galícia onde comprou barcos patrulheiros e mais fuzis à empresa espanhola Rodman. Na véspera confirmou a Kirchner o interesse em adquirir uma central nuclear de baixa potência (25mw), a “Caren”, sigla para a Central Argentina de Elementos Nucleares e que serve para levar energia a regiões isoladas ou para atuar como laboratório de treinamento para operadores de grandes unidades. Do Brasil, a encomenda deverá ser de urânio enriquecido. É evidente que o anúncio deixou a Agência Internacional de Energia Atômica, a AIEA, e o governo Bush de orelhas em pé, ainda mais porque o Irã foi citado como um possível parceiro nessas iniciativas. Ao mesmo tempo, a Petróleos de Venezuela - PDVSA, depois de fechar a aquisição de 300 postos de gasolina das redes Sol do Uruguai e Rhasa da Argentina, decidiu patrocinar a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel no carnaval de 2006. O enredo será “Estoy loco por ti América” e levará à avenida bonecos gigantes retratando Simon Bolívar, Che Guevara, Fidel e Pablo Neruda.

Até aos Estados Unidos ofereceu dinheiro, para ajudar as vítimas do furacão Katrina e, com base na ampla rede da Citgo, a subsidiária da PDVSA em terras ianques, entregar combustível 40% mais barato para calefação de casas de americanos pobres, além de oferecer 150 mil vagas para cirurgias oftalmológicas gratuitas (mais 100 mil para o Brasil), em geral de catarata, como parte da “Operação Milagre” realizada em Caracas por médicos cubanos. Não há porque estranhar o sucesso obtido por Chávez na XV Cúpula Ibero-Americana de Salamanca e na da Comunidade Sul-Americana de Nações onde, sem controle, propôs que a sede da ONU passasse a ser em Brasília. A esta última, uma vez mais o colombiano Uribe faltou, explicando seus motivos: “há tantas cúpulas que se tornam detestáveis por se converterem em turismo presidencial”. Nem a comissão norueguesa que gere o Prêmio Nobel escapou de suas investidas, terminando por incluir Chávez entre os 199 concorrentes ao Nobel da Paz deste ano. Azarão sem qualquer chance, na bolsa de apostas da empresa australiana Centrebet conseguiu ser cotado na base de 80 por 1, melhor que o último colocado, George Bush, cuja pule pagava mil por um.

A reação dos venezuelanos a essa farra com os seus recursos é crescente. O colunista Miguel Sanmartín do jornal de ponta El Universal, estimou em 10 bilhões de dólares anuais os gastos de Chávez em projetos de outros países, acusando-o de com isso “comprar adesões e respaldo de governos ditos amigos beneficiados com polpudos negócios, enquanto na Venezuela crescem a miséria, o desemprego, a escassez de produtos básicos, a insegurança e colapsam os serviços públicos, os sistemas de saúde e de educação”. As promessas não cumpridas fazem com que cada vez mais ele tenha de evitar contatos públicos para não ser acossado por multidões de pedintes que querem solucionar seus problemas de moradia, emprego, doenças, escola. Referindo-se às expropriações de terras como a da fazenda Marqueseña, em charge de 1a. página uma menina toca na barriga da mãe grávida e pergunta: “este bebê também vai ser propriedade do Estado?”. A delegação venezuelana à 61a. assembléia geral da Sociedade Inter-Americana de Imprensa apresentou detalhada documentação sobre a falta de liberdade de pensamento e de imprensa no país. Quando o canal de TV Globovisión denunciou a intervenção estatal em propriedades rurais, Chávez criticou-o duramente no que foi considerado um estímulo à violência contra os jornalistas. Acusações de apoio financeiro a movimentos antigovernamentais no exterior (inclui o MST, Evo Morales, piqueteros argentinos) são cada vez mais freqüentes. Quando os espanhóis perguntaram a Chávez o porque de estar se armando até os dentes o coronel respondeu divertido: “uno no puede ni comprar unos fusilitos?” Associar o Brasil a essa confusa retórica é algo, no mínimo, pouco justificável.

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