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Contos-->Impassível diante dela. -- 09/03/2002 - 13:51 (Luiz Carlos Ferreira Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela era uma menina legal. Bonita, alegre, expansiva, 18 anos. Eu tinha 22. Nos víamos com certa regularidade, saíamos com amigos, tomávamos vários porres juntos. Era legal. Gostava de conversar com ela. Na verdade eu gostava de estar com ela. Esatava me apaixonando. Minha timidez sempre foi um forte empecilho pros meus relacionamentos. Aprendi a lidar com isso. Ninguém
é igual a ninguém, nem tem que ser. Mas algumas pessoas nem sempre compreendem certas atitudes. Se não me sinto à vontade perto de quem quer que seja, saio, não dou idéia. Não por não gostar
(apesar de saber que às vezes é essa a impressão que fica), mas por não me sentir bem. Hoje em dia não faço nada que não sinta bem, não fico em lugares que me desagradam, não quero ter que provar nada pra mais ninguém. O fato é que ela não tava ligada em mim como eu tava parado na dela. o que me deixava numa situação meio difícil. Tímido, apaixonado e não correspondido. Uma vez bebíamos, ela já estava meio "tontinha", como ela mesma dizia, quando um carinha quis ficar com ela. Ela saiu com o cara, numa boa. Não foi um momento muito legal pra mim. Meu mundo parecia ter caído ali, no meio do bar. Tinha vontade de bater forte a cabeça na parede. Tomei mais umas duas cevas, engoli minha raiva e saí do bar com cara de poucos amigos. Fui embora bêbado como um idiota, puto pra caralho e decidido
a deixar de pensar nela. Me afastar, sumir uns tempos, sei lá. Não tive tempo de continuar pensando nisso. Ela estava alguns metros na minha frente, sentada num banquinho de praça, mãos no rosto. Chorava. Com o embaraço que me é peculiar nesse tipo de situação, me aproximei.
"posso sentar contigo?"
"quer sentar perto de uma chorona?"
"quem sabe não choro um pouco também. dizem que às vezes é bom, sabia?"
"você é legal."
"ele não foi legal?"
"digamos que ele queria mais do que eu tava afim de dar pra ele. literalmente."
"não se torture. ninguém pode te obrigar a fazer o que não quer. suas decisões são só suas."
"fica do meu lado pra eu chorar só mais pouquinho?"
"claro", eu disse e a abracei como tinha feito tantas vezes antes. Ficamos ali, de madrugada, meio bêbados, abraçados, ela chorando baixinho. Eu querendo falar um monte de coisas pra ela, dizer que gostava muito dela, que seria legal, essas coisas. Mas não falei. Porque por mais que fosse sincero, verdadeiro, soaria oportunista. E porque eu não sou assim. Certas coisas são mais difíceis pra mim. Se tiver que ser, será algo gradativo. Ela perceberá no dia-a-dia, nos pequenos gestos, no carinho, na atenção. Perceberá que gosto dela de verdade. Se não acontecer, terei feito o que achei certo, e o que
minha personalidade permite. Embalado por esses pensamentos, eu fiquei. Tava bom ali. Eu abraçado com a menina bonita de quem gostava. Ali fiquei. Abraçado a ela, ouvindo seus soluços, secando suas lágrimas. Simples assim. Como qualquer pessoa que gosta faria. E eu gostava muito dela.


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