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Artigos-->O BRASIL E OS OUTROS -- 08/10/2005 - 22:50 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O BRASIL E OS OUTROS



Vitor Gomes Pinto

Escritor, Especialista em Relações Internacionais

(em 06/10/2005)



Um dos esportes favoritos das autoridades brasileiras tem sido o de reclamar contra as avaliações externas acerca do desempenho nacional nos mais diferentes campos de atividade. Somos injustiçados, costumam dizer. Afinal, um país que é campeão do mundo de futebol, tem mulatas maravilhosas e o Rio de Janeiro que é a cidade mais bonita do mundo, além de contar com a simpatia do seu povo, com o samba e o carnaval, não merece ser criticado. Só pode ser perseguição, talvez por termos tido a audácia de eleger um operário como Presidente da República. E há do que nos orgulharmos, sim senhor! Numa maravilha de modernidade, somos o 8º colocado em número de usuários da Internet e o 6º em consumo de gasolina. Em boa parte isso se deve à nossa população e à nossa imensa força de trabalho, pois estamos em 5º lugar nos dois quesitos. Dinheiro não nos falta, pois somos o 10º PIB (mesma posição ocupada no consumo e produção de eletricidade) e o 15º orçamento público da terra. Até em gastos militares, quesito em parte surpreendente porque sempre nos consideramos pacifistas, tiramos um honroso 14º lugar.

Mesmo assim, insistem em nos desqualificar. Ao sermos comparados com os demais países encontramo-nos em péssima situação, em geral sendo superados até mesmo por míseras economias africanas e latino-americanas, em indicadores como a expectativa de vida ao nascer de mulheres e homens (122º e 88º lugares, respectivamente), taxa de crescimento populacional (92º), medalhas olímpicas por habitante (66º), renda per capita (74º), taxa de desemprego (70º) e, pior ainda, apesar do SUS a Organização Mundial da Saúde põe o Brasil como o 125º na sua classificação relativa a sistemas de saúde. De trás para a frente, levamos séria desvantagem quando a conversa se dirige para o lado das desigualdades: pelo índice de Gini que mede a distribuição da renda familiar o Brasil é o terceiro pior do mundo, abaixo de Serra Leoa e da República Centro Africana. Na dívida externa só somos derrotados, com muita honra diga-se de passagem, pelos Estados Unidos.

É preciso protestar, mostrando que estão enganados, seguidamente repetem nossos manda-chuvas. Onde já se viu, por exemplo, sermos qualificados num desonroso 54º posto no índice de liberdade de imprensa, título dado pela entidade independente “Repórteres Sem Fronteira”? A esperança era o famoso Índice de Desenvolvimento Humano que tem vários subíndices importantes. Mas o Programa das Nações Unidas de Desenvolvimento, o PNUD, jogou-nos numa modestíssima 63a. posição e ainda disse que estamos em 124º na quantidade de cadeiras ocupadas por mulheres no Parlamento e em 112º na relação entre salários de mulheres e de homens. A mais recente notícia negativa foi dada pelo Fórum Econômico Mundial ao divulgar o Índice Mundial de Competitividade que mede o entorno macroeconômico, a qualidade das instituições públicas, bem como a capacidade de inovação e de implementar novas tecnologias. O Brasil perdeu quatorze posições em relação a 2004 e terminou em 65º. Poucos dias antes a Fundação Konrad Adenauer divulgou o que chama de Tendências de Desenvolvimento Democrático na América Latina, um complexo indicador chamado de IDD-Lat que mede respeito a direitos políticos e liberdades civis, qualidade institucional e eficiência política, capacidade de gerar políticas que assegurem o bem-estar e eficiência econômica. E lá ficamos nós em 12º entre dezoito, marcados como país de desenvolvimento democrático baixo e superando apenas os cinco países andinos e a Guatemala.

Para completar a onda de mau humor supostamente antibrasileiro, a Anistia Internacional em seu Informe 2005 fez constar que os “níveis de violação de direitos humanos continuam extremamente altos; o sistema prisional caracterizou-se por superlotação, motins e corrupção; o uso de tortura foi generalizado e sistemático”. Não há dúvida de que, diante de tanta incompreensão por parte dos estatísticos e analistas internacionais, faz-se urgente uma forte reação dos representantes pátrios na ONU e onde mais for possível para que nossa imagem seja recuperada e o mais rapidamente possível. Senão, onde irá parar nossa já combalida indústria turística?

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