FUTEBOL E POLÍTICA
Filemon F. Martins
Há quem afirme que o futebol brasileiro não tem organização exemplar, por causa dos cartolas que mandam e desmandam no futebol, como se fossem velhos caudilhos defendendo interesses próprios. De fato, o que se observa no cotidiano nos autoriza a concluir que a tese procede.
Nestes últimos dias de farta denúncia de corrupção entre partidos políticos, parlamentares e empresários, tomamos conhecimento de mais um caso de corrupção, agora envolvendo árbitros de futebol com manipulação de resultados, conforme confissão dos acusados na Justiça Federal.
Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva decidiu, acertadamente no nosso entender, anular as 11 partidas do Campeonato Brasileiro em que houve a atuação dos árbitros denunciados, e determinou que outras sejam disputadas sem que haja a influência maléfica da arbitragem. Pondere-se que os clubes beneficiados ou não, até agora, não têm culpa no cartório, mas esta parece ter sido a melhor solução.
Assim também, o Congresso Nacional deveria agir no caso do já provado e comprovado pagamento do “mensalão” a partidos políticos e parlamentares de fachada, para aprovação de projetos escusos. Não há porque se aceitar que reformas e projetos prejudiciais aos trabalhadores e ao povo, aprovados, graças ao pagamento de propina, prevaleçam como normais. É inadmissível que correntistas paguem, (prorrogação de CPMF) e inativos e pensionistas do serviço público continuem pagando (11% dos seus salários) por atos aprovados à custa de muito dinheiro para beneficiar parlamentares e empresários desonestos, através de duvidosos fundos de pensão.
Se não houver anulação destes atos, teremos, então, a triste certeza de que o crime compensa e aí será um caos, porque, por enquanto, ainda contamos com um povo bom e honesto, não obstante o exemplo que vem dos governantes brasileiros.
Pode ser cedo ainda, mas a sociedade brasileira espera que todas as CPIs tenham a dignidade de apontar, sem acordos ou conchavos, sem medo e sem piedade, todos os envolvidos de quaisquer partidos políticos para que sejam punidos e banidos de uma vez por todas, da administração pública e fiquem longe, bem longe da gestão do dinheiro público.
Se tudo terminar em pizza, como foi discretamente noticiado pela imprensa, não poderemos dizer aos nossos filhos e netos que um dia o Congresso Nacional foi digno e capaz de expurgar estes parasitas que, cobertos pelo mandato outorgado pelo povo nas urnas, são capazes de meter a mão no dinheiro público, traindo o povo que ingenuamente os elegeu e desmoralizando, ainda mais, o Congresso Nacional.
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