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Artigos-->DESARMAR ou DESAMARRAR? -- 06/10/2005 - 14:12 (Lílian Maial) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DESARMAR ou DESAMARRAR?

Por Lílian Maial





Gostaria de saber de onde surgiu essa idéia de referendo, com quais intenções e, principalmente, quem sai lucrando com isso.

Imagino que tal movimento implique em custo altíssimo aos cofres públicos, que já andam tão vilipendiados por fendas (i)morais, conchavos, conluios, confrarias.

Poucos se dão conta do que é necessário para que essa votação seja estendida por todo o país, a necessidade de urnas, de fiscais, de transporte e refeição para todas essas pessoas, enfim, todo o gasto de uma verdadeira eleição. E para quê? Qual a finalidade dessa idéia deturpada de que impedindo o cidadão idôneo, responsável, trabalhador (sim, porque para ter o registro de uma arma de fogo é feita uma série de exigências, não se vende arma legalmente assim, apenas escolhendo, apanhando e pagando), reduziria a violência? Será que ninguém imaginou que se ao invés de tentar desarmar a população (o que não se vai conseguir mesmo) se armasse mais a quem protege (ou deveria) essa mesma população, em outras palavras, se o custo desse referendo fosse aplicado nas polícias civil e militar, com melhores equipamentos, melhores veículos, informatização das viaturas, para informação imediata de veículos suspeitos e seus ocupantes, melhores salários, garantias aos familiares, garantia de residência em locais distantes dos redutos de criminosos, enfim, se o gasto fosse para nossa própria polícia, certamente o índice de violência seria drasticamente reduzido. Mas não, é mais fácil apelar para uma meia dúzia de artistas que se vendem por qualquer minuto na telinha, para ajudar a jogar a responsabilidade da segurança do povo nas mãos do próprio povo. Absurdo! E o pior é que ficam as pessoas preocupadas em convencerem-se umas às outras de seus argumentos contrários ou favoráveis ao desarmamento, caindo na rede, ou seja, se desviando do verdadeiro foco da discussão, que é a incompetência do governo de executar o que lhe é obrigatório de fato e de direito, que é garantir a segurança da população.

Poderia discorrer aqui sobre mil razões para votar SIM e outras duas mil para votar NÃO, mas o objetivo não é esse, a coisa toda é bem diferente. O povo deveria sim se mobilizar para votar, mas contra esse referendo! Que referendo que nada! Onde é que nós estamos? O país está vivendo uma crise talvez pior que a do governo Collor, um descaramento, uma enxurrada de denúncias de irregularidades, rombos de proporções gigantescas nos parcos cofrinhos da nação, e o governo preocupado se arma ou desarma o cidadão? Por que? Medo de serem alvejados todos os políticos corruptos e néscios? Ah, acabaria sendo preciso fechar o senado e o congresso, por falta de quorum...

Não é a arma legal do cidadão que mata por minuto. Essa pode até matar eventualmente, mais por falta de informação e cuidado, do que por intenção. E se há a intenção, qualquer arma, qualquer objeto, a própria mão serve para esse fim.

Mas as armas dos bandidos, todas modernas, com calibres que atravessam coletes a prova de balas dos nossos policiais, essas o desarmamento não pega, porque não é comprada legalmente. Essa é roubada do exército, da polícia militar, da polícia civil e traficada para equipar as falanges e comandos, que todo mundo sabe de onde vem.

Com o desarmamento doméstico em massa, o cidadão vai ficar desprotegido, se não pela simples arminha, mas pela certeza dos criminosos de que não haverá mais risco em cada abordagem, invasão, domínio total!

E não se iludam que o cidadão que possui arma ficará sem ela. Ele sempre vai dar um jeito de mantê-la, só que de maneira ilegal, e com todos os riscos que isso implica, pois se ele alveja um criminoso que invada sua residência com uma arma ilegal, é capaz de ser condenado por isso!

E os policiais aposentados, que possuem desafetos entre bandidos? Quando eles dão “baixa”, se reformam, são meros civis e entregam as armas. Como ficam suas famílias? Como se protegem?

É natural que ninguém goste de arma, eu detesto, tenho medo até de ver uma! Mas não posso negar que me sinto muito mais segura se estou viajando por estradas escuras e desertas, sabendo que alguém ao meu lado possui uma pistola.

Acredito que só quem nunca enfrentou uma ameaça de assalto a mão armada, ameaça de estupro, ameaça de ter um filho seqüestrado, ameaça de invasão de sua residência, é que não alcance o significado desse “desarmamento”.

Não é hora de desarmar, é hora de desamarrar o nó que está a gestão desse país. É hora de desamarrar o novelo de incompetência, de inoperância, de desrespeito ao cidadão!

Deixar a decisão de algo tão sério sob a responsabilidade de uma massa de população assustada, cansada, oprimida e dominada pela mídia, sem informação filtrada e isenta, é um desrespeito ao cargo e à confiança de milhões de brasileiros que depositaram suas esperanças num governo que veio de baixo, que sabe das mazelas e que sabe as soluções, e que, ao final das contas, se enrolou no próprio deslumbramento incrédulo, permitindo que a arrogância rançosa de décadas de opressão tomasse conta das boas intenções.

O intuito desse texto não é convencer ninguém a votar contra ou a favor, mas fazê-los lembrar da real votação que deveria estar acontecendo, das atitudes que deveriam estar sendo tomadas, das resoluções imperativas para resgatar a dignidade do partido e da nação.

Querem desarmar? Então que desarmem as falcatruas, os golpes, as contas nos paraísos fiscais. Desarmem os traficantes. Desarmem a estrutura falida da educação e da saúde, e reconstruam um modelo decente, baseado em ética e princípios básicos de moral.

Desarmem a prepotência de enfiar goela abaixo do povo a pouca vergonha de seus dirigentes, que foram eleitos para os representarem, e só representam seus próprios bolsos.

Desarmem a indiferença de ver cidadãos brasileiros dormindo nas calçadas, vivendo de migalhas de esmolas, não tendo direito à dignidade de um teto que encubra, ao menos, suas necessidades fisiológicas.

Desarmem o descaso, o desamor, o oportunismo.

Façam um referendo para esse desarmamento, que serei a primeira voluntária a angariar votos, sairei às ruas de cara pintada, de cara lavada, contra esses cara de pau.





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