Sucederam-se as primaveras, tempestades de verão. Um ou outro estio duro. Ventos frios. Todas as estações.
Então, talvez recomeçassem.
De onde partiriam? Onde estaria o mágico fio da meada, a noite morna, a esperança de horas perfeitas, a suspeita de uma felicidade possível? O desejado abismo?
Hoje há imensas calmarias, uma desconfiança de gavetas abarrotadas de coisas pequenas. Um horizonte claro. A certeza da aurora apontada, ao leste, pela bruxa dos ventos. Todos os girassóis brotaram. Há rebentos verdes na figueira. Festas marcadas.
As más lembranças espreitam.
Talvez recomeçassem.
Seria tão doce o galope que valesse esse perigo? Certamente há um grande risco de vazio. Não se sabe se umidades viriam. Se o tempo muda, não se sabe. Talvez não haja mergulho em lembranças, nem correção de rumos nesse sonho. Só buscar chamas na velha fogueira. Teimosia.
Possibilidades sempre existem.