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Artigos-->Crise sem Cerimônia -- 03/10/2005 - 20:40 (Luis Gonçalves) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Crise sem Cerimônia

Luís Gonçalves

Ninguém é mais suspeito como antigamente. Essa questão de ser ou não ser um suspeito virou moda. Somente o fato de ser suspeito já virou uma chanchada; um espetáculo chique no último que redefine o sujeito do predicado.

Há aqueles suspeito que até Deus duvida. Pessoas de fino trato que dormem no berço da moralidade pública. Apenas são suspeitos por ganharem status na boca do povo.

De uns tempos pra cá a boca do povo não anda perdoando nada. Basta o cara dar uma deslizada qualquer que a boca do povo enquadra o cidadão como o urubu da vez.

Ás vezes o cara nem fez nada, apenas militou em causa própria, mas a boca do povo não perdoa. Faz é levar em conta os projetos ambiciosos que visa somente o poder de alguns.

Essa nova realidade que sistematicamente é fruto de uma crise sem precedentes acabou aflorando um número avantajado de suspeitos: são os vilões sem provas.

O Zé foi visto rondando o galinheiro do santo padre nordestino. Quando a boca do povo chiou, rapidamente ele posou de bom moço e deixou de ser o administrador. Até hoje ninguém sabe de que lado o Zé está. Os ovos das galinhas continuaram a serem desviados. A gemada estava garantida.

Certo galo da raça quintino, compôs uma ópera e mandou o recado pelo correio. Alguém gravou a melodia e começou a ganhar dinheiro dentro do sistema. O autor, naturalmente, cobrou o direito autoral da obra.

Alguns até acharam um absurdo. Porém, o galo cantador entrou em crise e foi parar no divã. Lá na berlinda, para se defender acabou confessando o que chamou de mensalão.

A intenção era não descer do poleiro só. A princípio ele estava somente indignado com o soldo da administração pública que regia a política interna naquele momento. Houve um remanejamento pessoal e ficou o dito pelo não dito.

Por falta de prova o cantador foi executado. Por falta de prova os acusados foram absolvidos. Então voou pena pra todo lado. Sem entender a real situação a boca do povo se calou. Alguns até hoje procuram a explicação dos fatos.

Para melhorar o andamento da casa dos juízes, num ato sumário eles executaram o presidente da casa. Dali em diante todos se preocupavam com uma melhor qualidade do vácuo.

Quem dançou foi a tal opinião pública. Que sempre acreditou que quem rouba galinha é ladrão e lugar do distinto é na cadeia. Ficou claro que o suspeito não tem nada a ver com o fandango. Isso é coisa que colocaram na sua cabeça.

Vamos aos fatos: a galinha que bota ovo amarelinho; que bota um, bota dois e bota três, é a grande culpada porque gerou essa confusão toda.

Ninguém ficaria sabendo de nada se ela não se metesse a trair o seu galo cantador. Resta saber se realmente ela foi pra cama com seu Zé ou ele estava lá por outro motivo.

No momento a opinião pública é dramática. A regra vale para todos e todo mundo é suspeito até que se prove ao contrário. Enquanto isso no terreiro que não tem galo quem canta é frango e franguinha.

Depois da era do colarinho branco o crime se tornou uma cerveja com espuma. Toda aquela ética que andava querendo por moral na parada tornou-se simplesmente filosofia de bar: ouvimos, não gostamos, mas não podemos provar nada.

Diante do balcão ninguém tem compromisso de provar nada. Ali fala quem quer e escuta quem não tem juízo. Porque ser suspeito é uma qualidade diferenciada.

No bar as pessoas se embebedam com seus próprios sistemas e cada qual busca um meio de melhor curtir a própria embriagues. Isso vai além de um projeto pessoal de democracia localizada. Isso é coisa da ética eleitoreira.

Nada a ver com o pessoal do balcão. Porque a bebida não falha. A filosofia de bar é um termômetro democrático que mede a temperatura da discussão atual. Quando cresce o rumor de copos fatalmente é porque a crise aumenta.

A crise acaba sendo uma evolução mais elegante do crime organizado. Do tipo metamorfose ambulante. Quando alguém entra em crise é porque já chegou às vias de fato. Mas por uma questão de ordem, isso está fora do contexto.

Então não há um suspeito comum dentro dessa paranóia pública. Porque o equívoco faz parte do sistema. Assim a crise acaba sendo a grande vítima dessa tal desconstrução social. Que é a realidade atual.

Certamente a crise não tem nada a ver com isso. Talvez ela seja a quinta parte do triângulo amoroso que envolve o poder. Mas ninguém está preocupado com isso. A vida está repleta de encontros e desencontros fadados ao fracasso.

Alguém é suspeito de alguma coisa e quem leva a culpa é a crise? Quando entramos em crise fazemos isso de livre e espontânea pressão e ninguém reclama.

A crise é um estado de espírito totalmente democrático. Todo mundo pode ter a sua crise sem interferir na crise alheia. Portanto: segue o enterro!
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