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Artigos-->O exemplo vem de cima II -- 01/10/2005 - 09:44 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O exemplo vem de cima II





Consta que o presidente Lula, de triste figura, não sabia das mutretas que seu governo e o PT vinham fazendo para comprar a consciência e o voto de parlamentares e fazer coligações com os partidos que lhe davam sustentação política. Correu tanto dinheiro que ninguém sabe quanto foi, até hoje.

Tudo bem, eu até acredito!

Mas, agora, ele já sabe.

Pois bem, no bojo dessa crise que já se estende por mais de 120 dias, que deixou o governo paralisado, acarretou a demissão de ministros, dirigentes de estatais, de fundos de pensão e de altos funcionários, a renúncia de deputados, inclusive do presidente da Câmara, sem falar no afastamento de quase toda a cúpula do Partido dos Trabalhadores, pois bem, repito, depois de tudo isso a gente fica sabendo que ele acaba de receber em seu gabinete, o lugar onde trabalha o presidente da República, principal servidor do Estado, para conluios de objetivos facilmente presumíveis, o dirigente de uma agremiação suspeito de haver embolsado milhões de reais, o qual, para não ser cassado por decoro parlamentar, que é a forma mais amena de designar atos de improbidade, acaba de renunciar ao mandato.

Além desse sinistro personagem, os jornais noticiam que ele também negociou com líderes dos partidos envolvidos no esquema do mensalão, muitos que respondem a processos no Conselho de Ética da Câmara, o apoio para eleger seu candidato à presidência da Câmara dos Deputados, logo após haver autorizado a liberação de mais de um bilhão de reais do orçamento para amaciar corações e mentes de deputados inconstantes.

Durma-se com um barulho desses!

E tudo isso, esse comportamento inescrupuloso vem da parte de alguém que se arvora exemplo da moralidade, que diz com todas as letras que se existe pessoa séria e decente no país tem que ser igual a ele, que alardeia de norte ao sul que seu governo nem rouba e nem deixa roubar, líder de partido que fazia da ética a pedra de toque de sua ação política.

Já disse em outro lugar que meu pai foi promotor público e juiz de direito em cidades do interior durante mais de trinta anos, e que sempre morou na sede das comarcas sob sua responsabilidade.

Ele costumava me dizer que muito além das decisões proferidas nos autos, que reúnem oponentes, e que resulta na vitória de um deles, com a insatisfação do outro, naturalmente, um juiz marca a presença em sua cidade pelo exemplo.

Ele não cansava de repetir que o exemplo vem de cima, que seu comportamento, a forma como tratava os cidadãos e as partes do processo, a isenção com que julgava, tudo isso servia como um referencial para as pessoas do lugar. E que, quanto menor a cidade, quanto mais acirrados os embates políticos no município, as disputas esportivas, as diferenças religiosas, tanto mais serena havia de ser a maneira como agia o juiz, pois que todos vigiavam suas ações e se miravam no seu exemplo.

E o que dizer, então, do presidente da República, o principal guardião da dignidade do país, o homem que é observado a cada instante por todos os brasileiros, que é visto sob uma lupa pela imprensa, cuja vida, cada atitude, cada gesto, o vocabulário que utiliza, as frases que enuncia, os conceitos que emite, tudo, enfim, é objeto de minuciosa análise, de severo julgamento, de quem se espera o mais elevado padrão de conduta, no plano pessoal, familiar, político, as melhores práticas republicanas, enfim, um paradigma moral para a população!

Como podem ser entendidas, assim, as ações de quem se mistura com os que praticam atos reprováveis, que parece desconsiderar ou desqualificar crimes submetidos ao código penal.

Por uma iniciativa banal, que não implicava sequer em leviandade, mas que visava a ganhos adicionais, um famoso jogador de futebol, campeão do mundo, associou seu nome, que representava rico patrimônio moral e esportivo, à malandragem da esperteza brasileira dos que “querem levar vantagem em tudo”, ao exibir-se na televisão como garoto propaganda de uma marca de cigarros.

Imagine-se, portanto, do ponto de vista da moralidade pública, quão deletéria pode ser a ação da mais alta autoridade do país quando pratica atos que atentam contra a ética e o bom comportamento do cidadão comum, cumpridor de seus deveres!

Salvador, 29/09/05



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