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Contos-->A fábula da muralha -- 08/03/2002 - 06:43 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A fábula da muralha

Os habitantes de Esquesópolis(onde tudo se esquece rápido), apesar de vários anos submetidos a um programa elaborado para induzi-los a acreditar que tudo corria bem, estavam meio desconfiados que na verdade, tal fato não era real. Sentiram a queda de qualidade de vida, traduzida por falta de emprego, escola, saúde, segurança, alimentos, justiça e outros itens básicos a uma sobrevivência digna. Custaram a compreender que estavam na pior, enquanto os que decidiam seus destinos, cada vez mais melhoravam seu padrão de vida, recebendo belos salários, estudando no exterior, sendo cuidados por excelentes médicos, protegidos por truculentos sujeitos, comendo em caros restaurantes, escapando da prisão apesar das falcatruas e constantemente praticando atividades de pleno prazer (esqui, equitação, asa delta, tênis, festas portentosas e assemelhados).


Um belo dia, acordaram com ruídos estrondosos vindos do palácio da Corte. Meia hora depois, souberam que um poeta patriota, apoiado pelas honestas Entidades da Pátria, havia tomado o Poder e aprisionado os que sugaram a Nação por vários anos. Em uma semana, o simpático líder formou uma junta (80 % de mulheres) composta por 8 escritoras, 6 bons militares, 5 médicas, 3 matemáticas e um contador, para ajuda-lo na reorganização do País. Sem burocracia, decidiram que a limpeza deveria ser imediata, para depois, poderem iniciar o trabalho com o objetivo de obter a real Independência. Decidiram que os culpados pela miséria da população seriam fuzilados numa muralha a ser construída na semana seguinte. Abriram edital de concorrência para a realização da obra, que ficaria como herança para as gerações futuras, que passariam a ter orgulho de seus pais e avós.

Organizaram a fila dos moradores do palácio, para que cada um explicasse suas habilidades profissionais. Os úteis seriam colocados do lado direito, pois em breve seriam aproveitados no trabalho de reconstrução. Os parasitas amantes da mordomia ficariam à esquerda, prontos para o fuzilamento.

O próprio líder, sentado no centro da mesa onde estava a comissão, iniciou a pesquisa, chamando cada elemento da fila, que foi formada no gramado do estádio de esportes. O diálogo era rápido e basicamente este:

- Seu nome?
- Ferdinando Henrique Ser Caridoso.
- Sua especialidade?
- Era o inventor das regras do lugar, que só favoreciam aos poderosos.
- Fique à esquerda. O próximo!

- Seu nome?
- Carlos Barba de Alho Dez Porcento.
- Sua especialidade?
- Ministro do ....
- Fique à esquerda. O próximo!

- Seu nome?
- Romeu Toma Bateforte.
- Sua especialidade?
- Chefe da segurança ....
- Fique à esquerda. O próximo!

- Seu nome?
- Antonio Carlos Medá um Pou Comais.
- Sua especialidade?
- Chefe da Bolsa de ....
- Fique à esquerda. O próximo!

- Seu nome?
- José Serrado Dengoso.
- Sua especialidade?
- Médico encarregado da ....

- Fique à esquerda. O próximo!
- Antonio Carlos Jobão.
- Sua especialidade?
- Encarregado das urnas eletrônicas e ...
- Fique à esquerda. O próximo!

Depois de 2 horas de pesquisa, tiveram de empurrar a mesa da comissão uns 80 metros para a direita, pois esta área ainda estava deserta.

- Seu nome?
- José Pobreza Sofrida.
- Sua especialidade?
- Construo sólidos muros de barro. Minha média é de 30 m2 por dia.
- Fique à direita. Está contratado para ser o capataz da obra do século!

Haroldo P. Barboza - fev/98 - Andaraí
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