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Artigos-->SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO -- 26/09/2005 - 09:09 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






SER OU NÃO SER: EIS A QUESTÃO







Assistindo ao “Globo Repórter” de terça, dia 24 de abril deste ano sem graça de 1990, pude verificar juntamente com todo o povo brasileiro, a vergonhosa falta de brios, de patriotismo e a enorme falta de vergonha na cara de grande maioria dos parlamentares estaduais e municipais de boa parcela do país, com exclusividade para o Estado da Bahia.

Via-se claramente o cinismo e a decadência moral de tais personagens. Confesso que mesmo só em minha modesta sala fiquei ruborizado de vergonha. E uma pergunta ficou no ar. Quem está certo? O pobre que nunca roubou nada ou o político que nada tem de político? Esta inversão de valores norteia a consciência para a prática do mal, quando o mal é maioria vigente. Aí vem a célebre pergunta: devo ser ou não devo ser ladrão? Se o exemplo vem de cima, a tendência é participar da roubalheira geral e legalizada, não apenas por leis fajutas deste país, como também pelos costumes das classes elevadas.

Para falar a verdade todos nós sabíamos dessa sujeirada toda. O que não sabíamos e a Rede Globo mostrou de forma transparente, era uma sujeira tão repugnante a abranger o poder legislativo de muitos locais, os quais foram de certa forma solícitos em receber a reportagem. E nos lugares onde não se recebe uma reportagem denunciante como aquela?

O que choca é que tudo aquilo estava de certa forma preparado e formalizado para situar dentro de características legais, como de fato é. O que demonstra serem as leis elaboradas segundo critérios interesseiros dos próprios legisladores e não do povo brasileiro, que vive alheio a tudo isso e que só participa da política na hora de votar e vota errado, porque dá preferência aos canalhas de plantão. E o povo brasileiro tem votado por interesses também. Isto é: não o interesse comunitário, mas o interesse pessoal. É um filho que arrumará emprego; um neto que conseguirá uma casa; uma filha que será amparada dentro de uma prefeitura e vai por aí. Enfim, a canalhice já começa no seio do povo.

Assim, os interesses políticos tanto da população, como dos políticos são medievais, diga-se de passagem. O legislador deveria ser o mais indevassável dos homens, já que depende dele todo o esforço de manter o sistema funcionando. Um simples ato de aprovar um artigo, ou um projeto de lei pode ruir toda uma estrutura de séculos. Em resumo: um país pode se extinguir através de uma aprovação de lei. Está aí presente a fragmentação da bielo-russa no mundo socialista. Tudo através de decretos e leis.

Tudo isto explica o emperramento do Brasil. Tudo sempre foi movido por interesses pessoais. Há de certa forma grupos incapazes de viverem isolados, cada um por si, criando seu próprio núcleo de trabalho. Estão acostumados a viverem à sombra socializante do poder e criam afinal suas empresas, mas dentro do grupo social e nunca pelo esforço próprio, pela própria capacidade gerencial. Daí serem raros os empresários de sucesso. Mesmo porque o que se constrói com o dinheiro alheio, mais dia menos dia, devolver-se-á até o último tostão de uma forma ou de outra.

Os personagens políticos desse drama insólito visto na TV, pareciam incríveis de existirem em final de século XX. Porém, lá estavam, confirmando a desgraça humana desde tempos imemoriais.

Roma antiga legalizou o martírio e o sensualismo. Chegou a ponto de tornar corriqueiro o crime passional. Havia também uma desenfreada corrupção. Aquele império caiu vítima da decadência moral de seus cidadãos. Mas, o senado romano jamais legalizou a corrupção. Já no Brasil se ainda não legalizaram, certamente que já virou costume e os costumes é que acabam virando leis.

Quanto a Roma antiga o senado romano jamais legalizou a corrupção. E procurava acabar com tais costumes. Tanto que o Império Romano levou mais da idade do Brasil para sua derrocada final, motivada pela corrupção, mesmo clandestina.

Nosso país inserido num mundo cada vez mais consciente de um comportamento mais humanista entre todos, ainda abriga nas dependências do poder, homens retirados ou renascidos dos mais profundos vales da indigência do espírito.

Já deve soar a hora da faxina e da recomposição de nova ordem. Os homens como crianças procuram ignorar a sua semelhança às sementes. São estas, sempre renováveis e infinitas as quantidades. Os homens também são renováveis e existem em quantidade que nem mesmo a arte hitlerista e stalinista de exterminar obtiveram sucesso. Sempre haverá homens substituíveis como hão de existir folhas renováveis.

Os poderes legislativos de inúmeras regiões do Brasil carecem de renovações. Não devem ser renovações filiadas aos antigos mordomos do poder, apesar da trama política sempre urdida em véspera de eleições. Deve e pode ser aberta a oportunidade para gente nova e novos partidos. Há muitos partidos que já cumpriram o seu papel histórico neste século e em décadas passadas. É hora de novas idéias e de limpar a casa de leis.

Inclusive aqui em Jaú.

Não devemos nos esquecer da noite do dia 30 de março. A noite do 78, em que se aprovou um artigo o 78 da Lei Orgânica, o qual permite ao presidente da Câmara Municipal, bem como o Sr. Prefeito, a nomeação de parentes até terceiro grau em cargos de provimento em comissão, nos órgãos da administração municipal, direta e indireta.

Para alguns homens de vida pública no Brasil, ainda se tem dúvida quanto a ser ou não ser interesseiro e corrupto, devendo este paradoxo, constituir a maior questão de sua existência. Isto acontece quando ainda se tem uma centelha de honestidade dentro de si. Caso contrário...

É. Sheakspeare ataca outra vez.



(Jeovah de Moura Nunes)

poeta, escritor e jornalista



(publicado no jornal “Comércio do Jahu” nº 21685, de 04 de maio de 1990).





ALGUMAS PALAVRAS...



Amigo Leitor: Escrevi a matéria acima há mais de quinze anos. Repare como tudo hoje ainda continua na mesmice de sempre. As pessoas que colocamos lá no centro de poder são suspeitas de serem ladrões, por mais honestas que elas possam transparecer. Tudo isso só vem confirmar uma coisa: a República no Brasil fracassou. E fracassou estupidamente. Isto é: somos estúpidos em nossas leis fajutas, que alcandoram a impunidade. Só falta uma pequenina coisa elementar para que a República dê certo no Brasil: penas mais sérias, mais drásticas como, por exemplo, a pena de morte, que sempre fui contra, mas agora dou a mão à palmatória. Deverá existir pena de morte até para políticos que ousem roubar abertamente, como fazem no Brasil, senão essa República brasileira não vai passar de um gigantesco bordel, onde tanto os homens da política, como as mulheres da política se prostituirão definitivamente. E nós povo temos a nossa “mea culpa” porque votamos descaradamente errado.

O próprio beato que comandou a revolução em Canudos já dizia que a República brasileira nasceu podre. Se queremos tanto um país melhor, maravilhoso, temos de dar valor às leis, principalmente às leis punitivas que aqui não valem nada. Para o criminoso a cadeia é um segundo lar, ou quem sabe, até o primeiro lar, posto que no seu verdadeiro lar falta tudo e na cadeia sobra comida, comida esta paga pela população.

Vamos fazer uma analogia comigo mesmo: se eu estivesse preso poderia produzir mais, escrever mais, obras e mais obras, livros e mais livros. Por que? Ora, por que! Por que não necessitaria trabalhar para sobreviver como ocorre aqui fora. Fico sem tempo para escrever. Lá na cadeia eu teria todo o tempo do mundo para escrever. Podia até não conseguir publicar. Mas, o que importa? Aqui também não consigo, sem despender vultosos recursos! De dentro de uma cadeia poderia, por exemplo, enviar meus trabalhos para alguém digitar na “Usina”. E sabem de uma coisa? Os presos têm muito mais condições de aparecer na mídia, do que um cidadão trabalhador! Através disso, certamente que eu conseguiria chamar a atenção de uma editora qualquer, que não quisesse furar meus olhos.

É. Acho que vou fazer alguma coisa errada para ser preso. O que acham vocês? Devo ou não devo ser ladrão? Serei ou não serei um presidiário?

É. Sheakspeare ataca outra vez quinze anos depois.



Jeovah





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