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Humor--> -- 27/05/2002 - 16:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Como “Ficam’ os Políticos

O “ficar” mais famoso e antigo que conheço é o Dia do Fico. Lá pelos idos do Império, em que D. Pedro I, pelo que dizem os historiadores, resolveu atender ao pedido de seu fã clube, e acabou ficando no Brasil; e, junto com ele, sua fama de “paquerador”, de conquistador, de namorador. Coincidência ou não, o fato é que, passados todos esses anos, e bem depois que Império foi transformado em República, entrando na atual República Neo-Liberal, a questão do sentido do verbo voltou às suas origens.

Ou seja, a palavra retomou o seu antigo significado. O verbo FICAR agregou outro sentido à ação. E voltou a ter relação com D. Pedro I. Que, naquela época, já ficava, tal como se fica nos nossos dias. Ficar, nos tempos modernos, não significa mais e necessariamente, ficar. Ficar, hoje, é quase um ”não vir”. Possivelmente, um “quase nem chegar” . Está mais para ir embora. Para ficar sem ficar.

E com isso, o mundo girou cerca de trezentos e cinqüenta e nove graus. Está quase de cabeça para baixo. Faltando apenas um grau, aproximadamente. Em quase todos os sentidos,mudaram-se, radicalmente, crenças e valores. Hábitos e costumes. O que se queria dizer ontem, corre-se o risco de dizer exatamente o contrário, usando as mesmas expressões. É como se os dicionários de sinônimos pudessem ser substituídos pelos dicionários de antônimos, sem qualquer prejuízo de compreensão.

Há, por conta disso, uma certa indiferença pairando no ar. Apenas os ditames da moda permanecem e resistem às mudanças. O que estiver na moda, ou o que for dito na moda, todas as tribos passam a seguir. É ponto de honra para o grupo. Caso contrário, o estranho, o “ inelegível “, estará fora de contexto de sua tribo. E será rotulado como desatualizado. É sinal que o indivíduo não está “ligado”. Ligado aqui, também, com outro sentido. Menos o de ligado, propriamente dito. Quer dizer, quem estiver ligado, nos dias de hoje, estará, com certeza, totalmente desligado. Ligou?

Sacar, também não tem nada a ver com o jogo de vôlei. Nem com puxar as armas. Apesar de que a ação, literalmente falando, tem aumentado junto com a violência que grassa nos dias de hoje. Principalmente nas grandes cidades.

Assim, entramos no mundo que eu chamaria o mundo da síndrome da dubiedade social de expressão popular adquirida (SDSEPA), sigla que, traduzindo, significaria, m ais ou menos, referir-se à língua dos jovens.

Assim,.”ficar”, na linguagem do adolescente, significa uma relação que inclui “amassos”, (nada a ver com lataria de carro batido), carícias e sexo, basicamente, sem qualquer tipo de compromisso. Pode-se, inclusive, numa mesma festa, “ficar”com vários parceiros em questão de minutos. E às vezes nem tanto. Tudo está sendo aceito “num a boa”. Ou seria “numa ruim?” . Ou numa má?

E o pior de tudo é que este fato linguístico, por assim dizer, perpassou o campo restrito aos jovens, e ingressou no mundo político. A política nacional, a partir das próximas eleições que se avizinham, adotou a nova linguagem com força total. E ela veio, paradoxalmente, explicar e dar uma certa “racionalidade” ao que vem sendo feito por conta das famosas coligações partidárias.

O PT anuncia que vai ficar com o PL. O PMDB fica com o PSDB. E o PFL, tudo indica, é o que mais abusará do ficar. Uma hora, diz que vai ficar com o PSDB; outra hora, pende para o lado do PT; Outra hora diz que não vai ficar com ninguém. E, em alguns Estados, diz que se juntará, temporariamente, com o PDT. Já há indícios de namoro entre o PT e o Partido do Garotinho. Depois, vai ficar difícil saber quem é o pai dessa mistura. Isso se essas coligações durarem mais do que o necessário. Ou seja: até depois das eleições.

Acho que não. Depois das eleições, tal como no “ficar” de fato, cada qual vai pro seu lado. E quem vai ficar na mão, com certeza, será o povo brasileiro. E ainda vai “dançar”, não de alegria, mas de tristeza, prá variar.


Domingos Oliveira Medeiros
27 de maio de 2002
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