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Artigos-->DOIS EUFEMISMOS -- 19/09/2005 - 23:05 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DOIS EUFEMISMOS



Francisco Miguel de Moura*





Para os que não lembram o que é eufemismo, abrimos o “Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da Silveira Bueno, Ministério da Educação – FAE (Fundação de Assistência aos Estudantes), Rio, 1986 – 11ª edição:“Recurso lingüístico pelo qual se substituem por palavras e expressões mais elevadas outras mais plebéias ou mal significantes: “dormir no Senhor”, por morrer; “neurastênico” por malcriado.” De princípio, diga-se que em ciência não se usa eufemismo, usa-se a palavra exata, correta. E, pelos exemplos apontados, já sabemos que o eufemismo pode referir-se a coisas boas ou ruins.

A mania do brasileiro é criar e inventar nome para tudo: atos e fatos, problemas e matérias. A reflexão me veio por causa de duas denominações em voga, no momento, uma nacional e outra local: “o baixo clero”, falando-se de um grupo de parlamentares, e “de expressão piauiense”, falando-se de literatura. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas... Comentemos:

O “baixo clero”, tal como a imprensa tem usado, refere àquilo que anteriormente o Lula falou: “os 300 picaretas do Congresso”. Independente de partido ou de quem está no poder, não há dúvida de que quem assim profere está falando sobre a parcela inferior, em sentido moral, dos políticos do Congresso, aqueles que vendem e compram voto, apoio, o que quer que seja, por dinheiro e por outros favores. Os maus parlamentares. Diante dos resultados parciais das CPIs, antes mesmo do julgamento, dizem que o Congresso, a política e os políticos desceram muito na avaliação do povo. Os partidos, as eleições, o voto, o eleitor, os institutos que fazem a democracia desceram de escala, desmascaram-se.

O que fazer então? Mudar o nome dos maus parlamentares para “ baixo clero?” Para dourar a realidade (a pílula)?

Já, no plano local, uma questão se apresenta: Literatura piauiense ou “literatura de expressão piauiense?” Acho que não é nenhuma questão, é apenas tolice de uma “panelinha” que pensa que domina a realidade agora e dominará sempre.

Ouvi já vários professores e professoras indignadas com essa ameaça de mudança no nome da matéria. Na verdade a expressão literatura piauiense está consagrada pelo uso e é o nome oficial, pois assim consta na Constituição do Piauí, como matéria obrigatória em todas as escolas e em todos os níveis de instrução. De uma instituição, ou de alguns dos seus membros, justo aquela que ainda não adotou a matéria como obrigatoriedade, é que sai a idéia, o eufemismo “literatura de expressão piauiense”. Não é uma boa idéia. Repito: Em matéria de direito, ciência, educação, etc. não se usa eufemismo. Eufemismo é para a linguagem afetada dos beletristas, não dos verdadeiros escritores. E eu sei, crônica é beletrismo. Mas não escrevo apenas crônica.

Concluo esta matéria que, possivelmente, vai ser lida pelo leitor comum, com um dito bem popular: “Cá e lá mas fadas há”.Ou seja: Aqui, nas “panelinhas” literárias, como lá, nos grupelhos de políticos – há os que tentam deturpar o caminho real e verdadeiro com palavras, palavras, palavras.



_________________

*Francisco Miguel de Moura, escritor. Consulte: usinadeletras.com.br e escreva para e-mail: franciscomigueldemoura@superig.com.br

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