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Artigos-->1993, fim de um ciclo? -- 18/09/2005 - 12:24 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1993: FIM DE UM CICLO?



Planejei iniciar este artigo com uma referência aos extraordinários acontecimentos dos anos 90 - a queda do muro de Berlim, a derrocada do comunismo, a substituição dos confrontos ideológicos pela competição comercial, a formação de blocos econômicos e tantos outros que fazem deste fim de século um momento raro da história humana.

Mas, ao recapitular os eventos deste 1993, que ainda nem acabou, dei-me conta de que no plano mundial ou no ambiente interno do nosso contraditório país, também ele foi um ano denso, extremamente trágico mas, igualmente, povoado por fatos verdadeiramente positivos, que dispensam a menção a períodos anteriores.

Apesar das guerras fratricidas de países cuja intolerância étnica destroça suas populações, do ressurgimento de bolsões de preconceitos raciais e religiosos, assistimos a um inigualável movimento ditado pelo bom senso, na busca da convivência pacífica: o reconhecimento recíproco da OLP e de Israel e o início de sérias conversações entre eles para solução de suas, até então, insuperáveis divergências.

Nas trevas que a insensatez dos arrogantes e sectários provoca em muitos lugares, o aperto de mão de líderes que representam o confronto e o antagonismo seculares é um facho de luz que abre esperança para a supremacia da lucidez e da tolerância.

No Brasil, nossos mais baixos instintos foram liberados para produzir crimes hediondos, as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, uma vergastada em nossa sensibilidade moral.

Na verdade, foi a omissão coletiva da sociedade, nossa profunda indiferença, que geraram aqueles fatos, a mesma atitude que explica o estado de miséria, de fome que brutaliza milhões de brasileiros.

Além desses acontecimentos estarrecedores, constatamos a total subversão de valores nas palavras de uma das "mães de Acari", o dramático depoimento que mais me comoveu neste ano: - Quando eu era menina, disse ela a uma jornalista, e saía à rua,

minha mãe prevenia: "qualquer problema, procure o homem de farda". E prosseguiu:

- Agora, quando meus filhos saem de casa, eu aviso logo: "Qualquer problema, fujam da polícia!"

Mas, apesar de tudo isso, 1993 também será lembrado pelos aspectos positivos, quem sabe, como o início de um novo ciclo em nossa história moderna.

Na múltipla condição de bancário, de baiano e brasileiro quero destacar momentos e situações auspiciosas: a Bahia vive um instante mágico, com seu charme, orgulho e bairrismo renovados, o astral muito alto.

Sua música, seus artistas, nossa cidade, alcançam níveis de grande aceitação e popularidade, de verdadeira consagração. Aí estão Jorge Amado, rapidamente recuperado de grave problema de saúde graças à boa medicina e à fervorosa torcida de amigos e admiradores, toda a Bahia; João Ubaldo - um típico homem da "boa terra", que escreve na Academia; Daniela, Caetano e Gil, na boca de todo mundo; o Pelourinho, o Teatro Castro Alves, a Lagoa do Abaeté, nossas praias, a cidade limpa, o cacete armado e nossas milhares de biroscas e barracas integrados em nosso ambiente cultural.

No cenário maior, começamos a acreditar que a impunidade em nosso país está chegando ao fim, com as prisões de bicheiros, dos fraudadores do INSS, a caça a PC e sobretudo a CPI do orçamento.

Este fato, que a muitos confrange e revolta, a constatação de que muitos políticos e servidores públicos são corruptos e cuidam mais dos seus interesses menores do que das necessidades do povo, coisa que todos já sabíamos, não nos deve levar ao desalento.

Pelo contrário!

Aqueles que sabidamente traíram seus eleitores e chafurdaram na lama, nós os cassaremos pelo voto, se o Congresso não vier a bani-los no foro político.

E, afinal, este ano de 1993 nos deu Betinho e sua campanha contra a fome, pela dignidade humana.

Nossa embrutecida consciência social comoveu-se com seu apelo.

Mas, muito mais do que isso, temos que apoiar seu movimento e oferecer a milhões de párias de nossa sociedade a oportunidade, pelo menos a esperança. de uma vida melhor, agora e no futuro.

Salvador,13.11.93

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