Saiu a tarde para dar a volta de sempre. Apreciar o pôr-do-sol e tomar uma água de côco, mas alguma coisa, naquele dia, parecia diferente. Foi até a esquina, como de costume, para atravessar a rua e um mau pressentimento veio-lhe à cabeça e decidiu dar a volta pelo parque, não era nada comum fazer aquele trajeto, mas... por via das dúvidas...
Ao entrar no prédio, novamente aquela sensação, então, deu a volta e entrou pela garagem, daí, subiu pelas escadas de emergência e entrou pela porta da cozinha, tudo diferente do que costumava fazer.
Pensou: estou livre. Aqui é o meu território e, portanto, segurança total!
Foi banhar-se, como sempre. Preparou seu sanduíche predileto e sentou-se frente à TV como há anos fazia. Nada de anormal. Mas, ao ligar a TV, algo estranho estava acontecendo, sua imagem não parava de passar, como um filme, onde aparecia, ora caminhando, ora tomando a água de côco e tudo o mais que fazera até aquele instante.
Uma súbita vontade de continuar assistindo prendia-lhe sobre a cadeira e queria ver o fim da história. Chegou o momento daquele instante e como numa hipnose, arregalara seus olhos para ver o fim do "filme" e ali ficou por horas a olhar-se como num espelho: imagem com imagem e nada mais ocorria, então, num arfã de descontentamento, levantou-se e desligou a TV, e apagou-se para sempre. |