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Contos-->A peso de ouro -- 04/03/2002 - 22:51 (Haroldo Pereira Barboza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A peso de ouro Haroldo P. Barboza – fev/98

O domingo de sol daquele janeiro de 2004 estava brilhante. A praia em frente fervilhava pelo calor e pela intensidade de pessoas se movimentando em todas as direções. Pela posição do Sol, já passavam das 11 horas. Os primeiros banhistas já transitavam em frente à bela Churrascaria Natureza da Maré, que estava sendo inaugurada naquele bonito dia.

Os que ali estavam pela 1a. vez, liam a propaganda fixada à entrada do estabelecimento, em letras pretas e vermelhas (apesar do proprietário Gomes Daki ter nascido em Pequim, torcia pelo Madureira) : “Comida a quilo sem burocracia. Não há comanda para você carregar, etiqueta para colar na mesma nem fila segurando prato cheio. Quando você entra, encosta seu polegar na tela de cristal. Seu peso é registrado junto com sua impressão digital. Na saída, ao esfregar seu polegar na mesma tela, caso você tenha ingerido algo, a diferença de peso é exibida bem como o valor a pagar ! Se esta diferença for exatamente de 555 gramos,
você fica isento de pagamento !”

Às 13 horas os 3 primeiros casais saíram alegres do recinto, elogiando o sabor, a limpeza, a disposição das mesas e a música ambiental. Quando o grupo chegou à calçada, Marineta puxou Jorge pelo short e lhe perguntou :

- Como você só aumentou 230 g tendo enchido o prato 4 vezes ?
- É simples : antes de sair, fui ao banheiro e descarreguei quase um quilo de “lixo atômico”.
A partir de hoje, virei almoçar aqui todos os domingos. Ah, ah, ah ...

Mal observaram que Gomes havia escutado tal diálogo, enquanto alisava seu longo bigode,
encostado no tronco da palmeira em frente à porta principal da casa.

No domingo seguinte, quando Jorge foi ao banheiro, viu o papel colado à porta : “a roleta só gira após você esfregar o polegar na tela de cristal. Na saída do estabelecimento, todos os pesos registrados serão devidamente contabilizados para uma cobrança justa !”

Na saída, Marineta passou a viagem fazendo piadas sobre ele ter gasto o relativo a 950 g pois não pudera abater o “lixo atômico” no Imposto de Renda. Jorge nada rebateu.

Na semana seguinte, Jorge saiu cantarolando alegremente do restaurante.. Desta vez foi Marineta que ficou calada. No entanto, sua prima Telma estava curiosa para saber como ele só havia pago o relativo a 270 g tendo absorvido 3 pratos robustos durante meia hora.

- Vocês estão pensando que um gringo gorducho e bigodudo poderia me vencer ? Quando saímos da praia, enchi um saco plástico com quase 1 kg de areia úmida e o coloquei dentro
do short, em volta da cintura, escondido pela camiseta.
- E onde está esta areia agora ?
- Espalhada na bandeja de farofa e na de arroz carreteiro ! Ah, ah, ah, ...
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