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Cartas-->Carta para o José Soares-2 sobre o Dicionário Lusitano -- 11/05/2002 - 17:41 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu caro José Soares-2

Sua lista publicada sob o nome de "Dicionário Lusitano" está até, como lista, muito interessante. Li e gostei.
É criativa, tem novidades, tem surpresas e é um belo trocadilho humorístico.Muitos dos significados são muito bem construídos. Tem alguma exceção, em que os significados não foram felizes. Mas são pouquíssimos. Quase exceções.
A Internet tem essas coisas boas.
Agora me permita uma coisa. Me permita dar uma opinião para você.
O título que escolheu, "Dicionário Lusitano", não é, quanto a mim, o mais adequado nem o mais justo. Embora você tivesse dito claramente e feito a ressalva de que era "uma brincadeira com nossos irmãos portugueses", mesmo assim, não acho justo esse título.
Primeiro porque os portugueses são um povo como outro qualquer e falam nossa língua dentro de uma variante que os caracteriza como lusitanos e dentro dessa variante têm seus índices de correção como nós temos os nossos.
Segundo porque a tradição brasileira de colocar os portugueses na anedota, a qualquer custo, não significa que eles sejam meros robôs de nossa ironia, ou sacos de pancada para a transferência de nossas frustrações brasileiras.
Em terceiro lugar porque pertencendo nós a uma geração contemporânea mais culta, mais educada, mais diplomática, mais globalizada, mais internacionalizada e mais conhecedora da realidade mundial, não devemos manter a mesma postura grossa de nossos antepassados que punham sua delícia de viver contando anedotas de português lá no botequim da esquina.
Claro que somos todos livres e somos senhores para pensar, ouvir, dizer e escrever o que quisermos e contar todas as anedotas que quisermos...também..
Você e eu temos essa liberdade. Mas queria dizer-lhe, José Soares, que nos achamos já em estágio mais avançado que nossos antepassados para distinguir entre anedota e anedota, entre portuguesada e portuguesada. Somos hoje mais exigentes.Acredito que você como eu gostamos de uma anedota de alto nível que pode ser até anedota de português. Mas não é que exigimos nível e que a anedota seja boa? É isso o que eu acho.
Por outro lado, temos de começar a pensar que o destinatário de nossas anedotas é visto de cima como se nós fôssemos os senhores, os inteligentes, os instalados, os donos da verdade, os donos da posição, os certos, os absolutos e eles, os pobres-coitados, os burros, os escravos, os inferiores. Não acha que isso é hoje um atraso? Nossa formação brasileira começa a ter índives de melhoria com a ascensão da classe média à instrução superior generalizada. Hoje é acessível fazer um curso superior em qualquer área. Com esta ascensão, a inteligência brasileira vai melhorando e ficando mais crítica, em termos de qualidade. O que é necessário é estender esta disponibilidade crítica a tudo o que faz o nosso viver cotidiano e rege nossa mentalidade.
Não temos mais necessidade de manter complexos nem em relação a colonizadores nem em relação a povos. É bem melhor que nossas anedotas comecem a buscar rumos alternativos que sirvam para aliviar nossas tensões sociais, que se dirijam noutras direções também. Que avivemos nossa ironia, nossa crítica e nossa criatividade anedótica em direção ao FMI, ao Bush, e aos exploradores do povo brasileiro.Isso seria mais atual, exigiria mais criatividade e poderia dar-nos maior retorno cultural, como reação contra nossos dominadores. Portugal foi um colonizador, sim, com seus acertos e seus erros. Como todos os outros colonizadores: Espanha, Inglaterra, França,etc. O que nos restou é que o Brasil entrou numa fase histórica de país autônomo e independente e passou a ser um país unitário, com uma língua nacional de norte a sul. Pertence e agoraq à gente tocar o país no sentido do desenvolvimento que lhe queremos dar.É uma história contemporânea que nos compete criar e desenvolver.
Meu caro José Soares -2. Tudo isto é para lhe dizer mais uma vez que o material que publicou é muito interessante. Para lhe dizer também que o fez com as "precauções diplomáticas" de um cavalheiro, para que ninguém se sentisse atingido. Tudo bem. Apesar de tudo, dentro de um nível de diálogo sempre interessante entre Usineiros, dir-lhe-ia que muitos outros títulos, talvez até mais verdadeiros, poderiam acompanhar o material publicado. Vou lembrar-lhe alguns, entre muitos outros possíveis:

Humorismo Linguístico,
Desdobramentos semânticos imprevistos,
O som também é criativo em Português,
Um Glossário para quem acha que sabe tudo, Transposições significativas
Brincando com as Palavras


Um abraço
João Ferreira
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