Passeando pelo Cordel
Procurando o que fazer
Dei de cara com os versos
Que a gente gosta de ler
E por ser paraibano
Salvo porém ledo engano
Aline fui conhecer
Menina que é casada
Deixa assim transparecer
Chegou aqui de mansinho
Com seu jeitinho de ser
Com bastante humildade
Falou com sinceridade
Do que gosta de fazer
Gosta das coisas da terra
Das bandas lá do nordeste
Ama demais o Cordel
É quase cabra da peste
Come mel com rapadura
Toma cachaça pura
De sertaneja se veste
É moça boa de garfo
É gente tal qual a gente
De comida apimentada
Morde com a língua e não sente
Come buchada de bode
Dança frevo e se sacode
Uma mulher diferente
Fala em cuscuz de milho
Carne de sol e acarajé
Diz o que gostaria de ser
Mas esconde de onde é
É mulher bem decidida
Passa pouco de atrevida
Mas demonstra muita fé
Que um dia vai conhecer
O litoral nordestino
Antes de sua morte
Tamanho o seu desatino
Pois quem come desse jeito
Não morre de dor no peito
Tem coração de menino
Mas justiça seja feita
Seu desejo é importante
É tal qual e equivalente
A mãe que não é gestante
A mãe que escolhe adotar
Uma criança pra criar
Sem o estado interessante
Pois a mãe que adota um filho
Dispensa qualquer comentário
Ama de fato a criança
Merece todo um rosário
É mais que a mãe biológica
Que faz o sexo sem lógica
Onde ter filho é secundário
Do mesmo modo a Aline
Deseja adotar o nordeste
Ser uma mulher sertaneja
Verdadeira cabra da peste
Pra mim ela é nordestina
Pois o jeito dessa menina
É lá do sertão, do agreste
Só falta agora o marido
Economizar um trocado
Levar Aline ao nordeste
Matar seu desejo guardado
Antes que ela engravide
E todo mundo duvide
De sua capacidade
O maridão que se cuide
Com tanta comida forte
Aline vai dar trabalho
Antes mesmo de sua morte
Vai precisar de companhia
E ele de muita energia
E também de muita sorte