Parabens Chico Pedroza,
do sertão paraibano:
a BRIGA NA PROCISSÃO
é um trabalho soberano,
que faz que coisa divina
se confunda com profano...
E, sem qualquer palavrão
- como na trova-escabrosa -,
você faz a descrição
de uma via dolorosa
que houve em Palmeira das Antas,
a qual, melhor que outras tantas,
é toda espirituosa.
No seu Cordel primoroso,
com toda propriedade,
personagens vão surgindo,
só com naturalidade,
que, na sua fantasia,
transmite um quê de verdade!
Nos fala de um Jesus Cristo
(que foi Quincas Beija-Flor),
carregando a sua cruz,
e, não aguentando a dor
das tremendas chicotadas,
diz a todos: "Camaradas,
vou chutar o pau-do-andor!"
E acabou-se a via-crucix
ali naquele momento,
quando o Cristo revoltado
por tão cruel tratamento,
se não disse, mas, pensou:
"Sou homem, não sou jumento!"
Largando o santo madeiro
que ao Calvário conduzia,
pôs termo na caminhada,
distribuindo porrada
na turma que O perseguia,
ante os olhares aflitos
da Santa Virgem Maria!
Quanto aos outros personagens,
estão todos muito bem,
pois, o CORDEL é uma jóia,
pela verve que ele tem,
sem que se faça reparo,
por merecer NOTA CEM!
Geraldo Lyra
Recife-PE, 01-11-2002
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