LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->CONTRASTES -- 30/04/2002 - 10:22 (Sergio Felix) |
|
|
| |
Sim, escolho a noite ao dia .
O dia me compõe as fronteiras evidentes,
A noite me desmancha no imprevisível.
O dia expõe sua feiúra idolatrada – à noite me embriago.
A noite dá força ao valente e fraqueza ao fraco.
O dia dá luz aos cegos – a noite dá olhos aos videntes.
Ao dia sou caras e músculos – à noite sou olhos e dentes.
No dia habita os homens – na noite vivem os deuses.
A noite é para dormir – o dia para andar.
No dia andam dormidos - na noite vagueiam acordados.
À noite são vaga-lumes – ao dia são sonâmbulos.
Prefiro a insinuação da lua ao ataque da luz,
Prefiro os brinquedos de gelo aos de fogo.
Não, escolho os ocasos casuais ao crepúsculo trivial.
O dia é das cascas rijas – a noite é dos corpos trêmulos.
O dia é dos corpos dóceis – a noite é do sal insubordinado.
Ao dia acendo-me, defino-me, confirmo-me.;
À noite apago-me, recrio-me, reedito-me.
Na noite acendo-me – no dia apago-me.
A luz faz sombra – a sombra faz luz.
A noite: mundo dos sonhos,
O dia: país das maravilhas.
No dia sou concreto – na noite sou massa.;
No dia sou massa – na noite sou inteireza.
No dia eu sou – na noite sou outro.;
Na noite sou eu – no dia sou outro.
No dia sou noite – na noite sou dia. |
|