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Artigos-->NECROSE MORAL NO PODER E AS NOSSAS ESPERANÇAS MORRENDO -- 25/08/2005 - 08:40 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






NECROSE MORAL NO PODER E AS NOSSAS ESPERANÇAS MORRENDO







Os gorgomilos exaltados em gritarias dos deputados das CPIs. do Correio e Mensalão e agora dos Bingos, vão-se tornando em algo parecido com o pânico na tv, cujo nome gera realmente um pânico não na tv, mas nos telespectadores, diante de tanta baixaria. Baixaria esta, que parece ter mudado de endereço. É, nosso país perdeu ou está perdendo a classe, se já não perdeu a pose de uma nação de homens sérios, trabalhadores e repletos de esperanças no futuro da pátria. Como pode uma pátria cheia de corruptos ter esperanças no futuro? Bom, isto o grande estadista francês Charles De Gaule já sabia a respeito do Brasil e seu povo, quando declarou publicamente, que “o Brasil não é um país sério”.



Se no seio daqueles que nos representam aqui no Brasil e perante o mundo têm uma parcela numerosa de pessoas aquadrilhadas, gente de alto grau de periculosidade, visto que matam, como no caso Celso Daniel, e que perseguem e tudo fazem para meter a mão no dinheiro público, (usam até cuecas para transporte de valores), tudo isso é péssimo sinal, além de ser o sinal dos tempos. A dedução óbvia e poderia ser geral, (existe muita gente sendo favorecida para ficar ao lado do PT e de Lula), portanto com os mesmos desvios de conduta honesta, - a dedução óbvia e geral é a de que estamos condenados se continuarmos nas mãos do PT e principalmente no PT de José Dirceu. Já se sabe que Tarso Genro renunciará, caso José Dirceu continue insistindo em ser o todo poderoso pelo menos dentro do PT. O Partido dos Trabalhadores deve desaparecer do cenário brasileiro, isto porque sua existência continuada, mesmo que dirigida e funcionando com gente “séria” não trará boas lembranças a nosoutros. Ficará a marca indelével de sua pata ladrona, de suas intenções de roubar desde o início e mesmo antes de se apossar do poder, iludindo todos nós, pobres mortais de um país capenga. E o pior disso tudo é que não haverá justiça nenhuma para tanta roubalheira. Tudo acabará ficando surdo no país do absurdo!



Tanto que não há como dissociar o comportamento de boa parte dos petistas, das desarrazoadas politicalhas dos países socialistas do passado. Naqueles tempos mentia-se tanto quanto os “revolucionários” de hoje mentem. Roubava-se da mesma forma que se roubam hoje. Inclusive é regra dos mandamentos de Karl Marx apossar-se das riquezas que o poder e o capitalismo aufere e confere para preparar a revolução. Com a revolução aí o bicho pega todo mundo. O cidadão perde sua cidadania definitiva e entra para o rol dos escravos do estado, cujo trabalho não tem despesas e os custos do estado são zero para mantê-lo trabalhando, trazendo evidentemente as riquezas para o estado, que passa também a ser corrupto. No passado roubava-se do estado da mesma forma que se rouba hoje no Brasil petista. Enfim, parece um filme que se repete com as mesmas personagens daquele passado tenebroso. Só que agora em "terras brasilis". Coisa atrasada e que atrasa mais o país dentro desse contexto de globalização, a qual não vai esperar para as soluções latinas de brasileiros que ainda pensam em marxismo e leninismo, coisa furada e que já encheu os picuás.



O presidente Lula além de ter mentido para a população brasileira, anunciando as “mudanças” que não vieram, encarnou a figura arrogante de Fernando Henrique Cardoso, para o qual não havia desemprego, quando 40 milhões de brasileiros amargavam a crueldade de uma miserável condição social, abaixo da pobreza. E outros 60 milhões atiravam-se ao trabalho informal que o governo até hoje persegue, porque não gera riqueza para o país. Gera para ele, governo. O país hoje tem sua cidadania alijada e atirada a uma sub-cidadania, quase inexistente, apenas “para inglês ver”. Tanto que muitos cidadãos não encontram outros meios de sobrevivência, a não ser transformando-se em criminosos. Se for cidadã não há outro jeito a não ser transformar-se em prostituta. E começam, pobres diabos, ainda criança. Pelo menos enquanto são jovens, porque depois de velho, meu amigo, a coisa piora e muito.



Os empregos existente hoje no país são, na maioria dos casos, de pessoas privilegiadas pelas tais “cunhas”, amizades e quando se trata do poder público através do nepotismo claro, público e notório. Os concursos públicos são piadas no Brasil para português rir. Só são aprovadas as pessoas já antecipadamente combinadas. O resto é laranja bichada. Digo isto porque passei por isto pessoalmente e por isto não acredito e aviso sempre ao meu filho: NÃO ACREDITE. Isto também significa não acreditar no país e não dá mesmo para acreditar em mais nada, a não ser na nossa capacidade de sobreviver de uma maneira ou de outra.



E o governo, todos os governos, vivem a paralisia crônica como se estive necrosado, exalando quase sempre o mau cheiro das corrupções, cujos acólitos jogam perfumes franceses, tentando dissimular o tremendo fedor procedente do poder.



Este é o quadro do Brasil que sempre conheci, desde criança. Com certeza não mudará. Ou poderá até mudar se renascer em metade do país algo parecido com aquilo que foi chamado de CANUDOS.



O Brasil teve várias revoltas e insurreições depois da proclamação da República pelo Exército. Quem leu um pouco de História sabe que Canudos foi uma das primeiras. Houve outras menores, mas não se destacaram nos livros pela gravidade e pelo tamanho da coragem e do poderio bélico dos revoltosos de Canudos, cuja saga conseguiu ofuscar todos os relatos sobre as revoltas no Brasil republicano.



Estruturada basicamente sobre as injustiças sociais gritantes e deprimentes da época, aliada a um forte sentimento religioso, a guerra de Canudos explodiu no sertão baiano, durante o governo de Prudente de Moraes, o qual sem nenhuma cerimônia contemplava os grandes fazendeiros com enormes áreas de terras, no intuito exclusivo de plantarem café. Era o assentamento rápido e eficaz dos poderosos no campo, pela expulsão dos pobres, dono de pequenas áreas.



Naqueles tempos, até certo ponto ingênuos, não se conheciam com mais técnicas, mesmo próximas às da engenharia agrônomo de hoje, os lugares mais adequados além de São Paulo, Rio e Minas para o maior crescimento do plantio de cafeeiros. Sabia-se que, com o café, o dinheiro chegava rápido, mas os espaços iam se apertando também com rapidez. Era mais ou menos o que ocorre hoje com relação à soja, cuja adaptação às diversas regiões vai se confirmando. Da mesma forma, também os poderosos de hoje recebem gordas subvenções agrícolas, através dos bancos e principalmente dos diversos governos, que passam pela República, no intuito de adquirirem máquinas agrícolas e áreas enormes de terras para o plantio de soja, cujo investimento, a exemplo dos bons tempos do café, tem retorno mais do que certo.



Caracteriza-se em nosso país como sempre a monocultura e o objetivo claro de se obter renda em excesso para alguns, em detrimento de uma agricultura diversificada e socialmente mais útil. Poucos ganham muito e não geram os empregos proporcionais ao ganho. Já os rejeitados pela sociedade, em razão da pobreza, não conseguem nem uma chácara de quinhentos metros quadrados para o plantio do necessário e aplacarem a fome. Pelo menos até hoje tem sido assim, desde o descobrimento. Como se a pobreza fosse um crime a merecer odiosos castigos.



O mesmo sentimento que tem hoje quem passa prementes necessidades é tal e qual o sentimento daqueles que se aliaram a Antonio Conselheiro e construíram Canudos. Com a agravante da histeria religiosa e a miséria sem precedentes na história da humanidade. Se esta mesma miséria convive e vai conviver com a maioria dos brasileiros, como sempre ocorreu, não teremos apenas uma Canudos. Virão outras e outras. Se não for o José Rainha serão outras pessoas, outros líderes. Canudos não está morta. Nem as batalhas intermináveis por mais de três anos, nem a degola de milhares de velhos, mulheres e crianças, que as elites de hoje não querem relembrar, conseguiram matar Canudos. Ela dorme um sono latente, na riqueza de detalhes euclidiana, na própria solidão do escritor, que era uma pessoa alegre quando partiu para os sertões e voltou encarnando outra cabisbaixa e deprimido pelo que viu e ouviu.



Passaram-se mais de cem anos do conflito de Canudos e as coisas não mudaram nada. A questão fundiária ainda é basicamente a mesma. Há uma sensível melhora quando o proprietário rural consciente faz no campo o papel de agricultor, industrial e comerciante, o que chamam hoje de “agronegócio”. Porém, isso ainda é algo nascente e não tem espaço para os trabalhadores rurais sem recursos. Pela via legal, jamais uma pessoa sem recurso, mesmo sendo um bom profissional rural, conseguirá um pedaço de terra. O tempo tem comprovado isso. Daí a certeza do MST de que terra para pobre só com luta, mesmo estando Lula hoje no poder.



Ninguém se lembra mais da Revolta do Contestado, lá no sul, entre Santa Catarina e Paraná. Foi uma segunda Canudos com os mesmos propósitos: terra para plantar. Teve início um ano antes de explodir a Primeira Guerra Mundial na Europa, em 1914. As notícias daquele continente obliteravam as informações sobre a revolta do contestado. Então, o governo da República deitou e rolou sobre os camponeses, massacrando-os de forma terrível, inclusive com os mesmos carrascos degoladores de Canudos. Milhares foram mortos.



Lutar pelo direito de viver melhor é chamado hoje de cidadania. A verdade é que a cidadania no Brasil pode ser questionada. Depende de quem está exercendo essa tal cidadania. Se for pobre sem dúvida será exterminado. Mas, os homens e mulheres que lutaram e lutam hoje como ontem, podem não ser lembrados em suas respectivas épocas, serão, entretanto lembrados no futuro. Assim como hoje é lembrado Antonio Conselheiro e sua plêiade de heróis sem capas e sem espadas, com seus rostos e seus nomes inseridos na épica narração de Euclides da Cunha.



Daí a nossa certeza absoluta de que é mais fácil um burro galgar um telhado de uma casa do que a reforma agrária, tão badalada por tantos governos, tornar-se uma realidade no Brasil.



Mas, isto hoje é tudo utopia. Afinal nosso país não tem mais a seriedade daqueles idos tempos, quando se pagava com a honra da vida ou da morte na luta contra as injustiças sociais. Hoje morre à-toa. Num assalto a um supermercado, num assalto a um banco e em seqüestros de filhos de ricos. Não deixa de ser também uma revolução. Apenas não é unida, sem organização, sem a honra da luta fratricida e honesta. É uma guerra pior a de hoje, porque não tem honra nenhuma.



Quem já viajou ao Rio Grande do Sul e conhece de perto os gaúchos, sabe perfeitamente que eles não gostam muito de pertencer ao Brasil. Seu vizinho o Uruguai já pertenceu. Tornou-se um país independente depois de uma guerra. O Rio Grande do Sul já tentou quando deflagrou a guerra dos Farrapos. Ainda conservam os nomes históricos daquela epopéia. Hoje apenas sonham com o separativismo, condenado pela República, que apenas condena, nada faz para mudar esse sentimento com soluções práticas de bem-estar social definitivo ao povo brasileiro de todas as regiões. E com as esperanças fracassadas agora neste governo que semeou apenas a esperança, não resta dúvida de que não teremos tão cedo uma melhora sensível em nossas vidas de brasileiros pobres, prontos para a verdadeira degola de Canudos.



Jeovah de Moura Nunes

poeta, escritor e jornalista









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