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Artigos-->DOA EM QUEM DOER -- 20/08/2005 - 20:51 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


DOA EM QUEM DOER

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



Ninguém de bom senso concorda com a tese de que está na hora de propor o impeachment de Lula. Do mesmo modo, não se deve, sem a conclusão das investigações em curso, emprestar apoio ao presidente, isentando-o de qualquer participação na overdose de escândalos e denúncias que permeiam o cenário político nacional.



A hora é de cautela, sim. Mas sem descuidar dos sintomas da crise que já indicam a existência de tumores de vários tipos e tamanhos. Tumores da corrupção. Que assustam. E que já contaminaram políticos, autoridades e empresários em geral. Algumas pessoas ainda estão, apenas, sob suspeita. Todavia, é preciso aguardar o resultado dos exames complementares para identificar, caso por caso, se o tumor é benigno ou maligno; e decidir pelo tratamento adequado: se maligno, a cirurgia deve ser imediata, com todos os riscos dela decorrentes, inclusive com impedimento para que o paciente retorne às suas funções; se benigno, o paciente receberá alta para retomar, de imediato, suas atividades.



A propósito, traçando um paralelo entre os tumores e a manifestação dos caras-pintadas da UNE, CUT e MST, ocorrida no dia 16 de agosto do ano em curso, em Brasília-DF, somos forçados a concluir que os protestos apresentaram contradições que merecem ser registradas. Não se póde posicionar-se contra a corrupção e a política econômica do governo e, ao mesmo, prestar apoio irrestrito ao Presidente Lula. Justo ele que, atualmente, tem adotado inquietante silêncio diante das denúncias que não param de surgir. Movimentos como esses tendem a cair no descrédito da população, que prefere aguardar a verdade dos fatos.



Torcemos para que, ao final, nosso presidente não esteja contaminado. Por outro lado, não podemos, em nome da necessária serenidade, desacelerar ou limitar as investigações, sob a alegação de que poderíamos contribuir para a deflagração do caos.



Entendo que o processo investigatório deva seguir seu curso normal, avançando em todas as direções que os fatos apontarem: instituições financeiras, fundos de pensões, empresas públicas ou privadas, empresários, autoridades em geral, incluindo o presidente, o ministro da fazenda, o titular do Banco Central, e até o Papa, se assim for preciso. Até porque, ninguém é insubstituível, nossas instituições estão consolidadas e o povo brasileiro possui maturidade política suficiente para lidar com situações dessa natureza. Já deus provas disso, durante o episódio do afastamento do ex-presidente Collor.



O que não podemos é ficar de joelhos, eternamente subjugados aos caprichos de instituições e atores do mercado financeiro, que já deram provas de que não têm compromissos com o bem-estar dos brasileiros e muito menos com o nosso país.



Não podemos, sob qualquer pretexto, continuar bajulando a moeda americana, para que ela fique em níveis compatíveis com os interesses econômicos de credores internacionais, banqueiros – nacionais e estrangeiros -, especuladores, agiotas e similares, e nem tampouco subservientes às instituições privadas que ditam as regras do falacioso risco-Brasil, ao sabor de suas próprias conveniências.



Por último, não basta enganar a população, anunciando um arremedo de reforma política que, é bem verdade, possui pontos positivos, mas nem de longe resolverá o problema a que se propõe: reduzir gastos com campanhas eleitorais, permitir maior controle dos recursos para esse fim, e minimizar a influência de pesquisas e de instrumentos de marketing, na montagem e falsificação do “produto” candidato. Os problemas causados pela crise transcendem às questões de ordem meramente eleitorais. Vão muito além. Desembocam suas águas barrentas nos rios do crime organizado, e nos seus afluentes: lavagem de dinheiro, remessas de recursos ilegais para paraísos fiscais, formação de quadrilha, improbidade administrativa, sonegação fiscal, peculato e afins.



O povo conhece, e já consumiu, todos os sabores de pizzas existentes. E não está disposto a participar de outro rodízio, como foi o da CPI do BANESTADO, onde se prometia muita coisa, mas que, ao final, colocaram na mesa uma massa azeda, tirada de um forno frio e sujo, que ninguém, até hoje, conseguiu engolir.



20 de agosto de 2005



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