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Artigos-->Chávez, Lula, Toledo e suas sinas -- 14/08/2005 - 22:57 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CHÁVEZ, LULA, TOLEDO E SUAS SINAS



Vitor Gomes Pinto

Escritor, Especialista em Relações Internacionais





Lula saiu do mar de calmaria em que alegremente viajava para entrar em turbulenta tempestade na qual o risco de ver seu barco ir à pique é cada vez “mais claro”, para usar a expressão sempre ouvida da boca dos que, em cada CPMI, têm tudo de obscuro a esconder. O naufrágio iminente antevisto no choro da bancada formada pelos petistas que se autoconsideram honestos, não pode, pelo menos até o momento, ser tido como uma fatalidade diante da qual o presidente tenha de se curvar. Observando o que acontece pouco além de nossas fronteiras, dois caminhos alternativos podem ser seguidos, dependendo das circunstâncias: os do presidente indígena peruano Alejandro Toledo e do caudilho venezuelano Hugo Chávez.

No Peru, Toledo a partir da posse em julho de 2001 perdeu prestígio de maneira contínua e sobrevive há mais de dois anos com índices de aprovação popular inferiores a 10%, beneficiado pelo receio da oposição em forçar o seu impeachment devido ao caos em que poderia mergulhar um pais sem outras lideranças e recém saído da tragédia que foi o governo de Fujimori e de seu lugar-tenente Vladimiro Montesinos Torres. Na última semana outro terremoto abalou as instáveis fundações do governo Toledo (e de sua mulher Eliane Karp que continua falando o tempo todo), causado por ele mesmo, ao nomear o irritadiço líder da Frente Mobilizadora Independente Fernando Olivera ocasionando o pedido de demissão de todo o gabinete, inclusive do ministro de Habitação, Construção e Saneamento Carlos Bruce (o único com mais de 50% nas pesquisas de opinião) e do 1º Ministro Carlos Ferrero que se agüentava no posto desde o final de 2003. A exemplo do Brasil, a economia peruana vai bem, tanto que o Palocci de lá, Pedro Paulo Kuczynski mais conhecido como PPK é o principal candidato a tornar-se o novo 1º Ministro. O PIB do Peru cresce solidamente há dois anos e no último trimestre teve aumento de 6,5%. Como as eleições são no ano que vem o momento é de fuga das ratazanas, querendo abandonar o navio (aqui o primeiro a acenar um adeus foi Cristóvão Buarque) para desvincular seu nome de uma administração fracassada.

A situação é diferente na Venezuela, onde Hugo Chávez Frías, apesar dos consistentes níveis de pobreza em que se mantém a população, nada no dinheiro do petróleo graças ao encarecimento de 50% que fez o preço do barril chegar a incríveis 70 dólares no mercado internacional. Contente, ele está fazendo o mesmo que antecessores seus (Raúl Leoni em 65, Andrés Perez em 74), aproveitando a riqueza repentina para distribuir benesses na vizinhança, esquecendo de que o sonho sempre acalentado da Grande Venezuela nas vezes anteriores terminou em endividamento maciço. Em sua mais recente tournée pela América do Sul, garantiu suprimento integral de petróleo para os próximos 25 anos ao Uruguai de Tabaré Vasquez em troca de mercadorias e serviços, negócio de pai para filho similar à associação feita com Cuba. Na Argentina, apoiou casais conterrâneos que dançavam no campeonato mundial de tango e acertou com Kirchner a compra por 256 milhões de dólares de dois tanques e dois navios petroleiros a serem fabricados. Em Brasília, no longo jantar com Lula – no qual denunciou um “conluio da direita contra o colega, vindo de um centro de conspiração no próprio país ou no exterior e similar ao que sofreu em abril de 2002 quando um golpe o destituiu por dois dias” – assegurou recursos para construção conjunta de refinaria em Pernambuco para processar 250 mil barris por dia vindos da chamada Faixa Petrolífera do Orinoco.

Chávez tem o que ensinar pois, ao contrário de Toledo, arrasou a oposição, vai ser reeleito para completar 13 anos como presidente e tem o domínio férreo e total do executivo, do legislativo, das forças militares e do judiciário, incluindo o Conselho Nacional Eleitoral que tem sido acusado de fraude por seus adversários. Mais um exemplo de como vencer eleições foi dado ao mundo no pleito para vereadores e juntas paroquiais venezuelanas de 13 de agosto último, quando a representatividade da Ação Democrática, o principal partido opositor, caiu de 21% (em 2000) para 9% e as forças aliadas ao governo com o Movimento V República à frente saltou de 48% para cerca de 75%. A fórmula é de fácil aplicação: como o voto não é obrigatório, comparecem às urnas apenas 30% dos eleitores, ou seja, toda a militância do chavismo, enquanto a acomodada classe média e os que não gostam do governo ficam em casa. Repetindo os longos discursos que faz semanalmente no programa A Voz do Presidente (costuma falar de 5 a 6 horas em rede nacional), desculpando-se pela falsa modéstia, informou a 20 mil estudantes de esquerda que o ouviram no 16º Festival da Juventude que acontece em Caracas que ele e os presentes tinham a missão de salvar o mundo por meio do socialismo. Para começar, dispôs-se a editar 20 milhões de livros antiimperialistas destinados a distribuição gratuita.

A não seguir essas duas opções (permanecer liderando um governo muito fraco ou apelar para o populismo irrestrito), resta a Lula pegar o boné, aguardar pelos resultados de Comissões Parlamentares as quais não consegue controlar ou torcer para que um milagre o salve. O Brasil chora junto com a bancada da decepção do PT e busca no horizonte uma nova saída que lhe renove a esperança no futuro.

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