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Artigos-->UM PRESENTE DE DIA DOS PAIS -- 14/08/2005 - 11:09 (Dry@de) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Minha maior derrota e Meu melhor presente





Dia 11 de agosto de 1988.

Foi um dia corrido como sempre para mim.

Deixar a filhinha de 4 anos na escola, ir trabalhar em outra cidade, buscar a filha na escola, ir almoçar, rumar para o segundo

trabalho em uma terceira cidade, levar

a filhinha à Natação.

Ufa!!!

Era cansativo, mas eu fazia tudo com prazer.

No entanto, aquela semana estava estranha.

Não me pergunte porquê, mas eu sentia algo diferente no ar. Aquela percepção que nos intriga, que nos dá a sensação de que algo

está errado.



Nesse dia especialmente, eu tive uma tarefa a mais: comprar um presente para meu pai, pois domingo, dia 14, seria Dia dos Pais.



Assim, em meu horário de almoço, tentei resolver a questão.

Olhei algumas lojas, me encantei com uma camisa,

mas algo me brecou e não a comprei.

Me recriminei, pois os dias próximos seriam mais complicados para eu comprar o presente.

Sexta à noite, sábado o dia todo, e domingo pela manhã, eu estaria absorvida em minha pós graduação.

De repente, me deparo com uma caneta linda.

Sou apaixonada por canetas, e aquela "piscou" para mim.

Apesar do preço "salgado", pois era importada, eu decidi que seria

um presente lindo!



Comprei-a!



À noite, após jantarmos, dei um beijo e um Boa noite aos meus pais, e fui deitar-me.

Após minha conversa costumeira com Deus, adormeci,

para ser acordada umas 2 horas depois, com o grito aflito de minha mãe.



O relógio marcava meia noite e vinte, e ao chegar à sala, deparo-me com meu pai caído ao chão,

e o sofá virado na tentativa de segurar-se, quando a dor do infarto fulminante o acometeu.



Na madrugada gélida, a minha ação foi imediata, atirando-me em desespero à respiração boca a boca, e à massagem cardíaca,tentando

ressuscitá-lo, assim que constatei a parada cardíaca.

Perdi a noção do tempo. Sentia-me em um "cabo de guerra", medindo forças com Deus.



E perdi!



O meu último murro sobre o peito, seguido de um grito de desalento, exauriu por segundos

minhas forças.

Foi, com certeza, a maior sensação de derrota que já tive na vida.



Saber que você tem, por profissão e treinamento,

a possibilidade de salvar vidas, e não ser capaz de segurar a vida de quem você ama muito,

é terrível.



Quando vi que nada mais havia a fazer, a não ser as providências horríveis de preparar esse ente querido para entregá-lo ao mistério, um vazio gelado penetrou em meu corpo!

Imediatamente, de adversária de Deus, passei a aliada.

Não era hora de pensar em mim, mas em ajudar meu pai.



Geralmente temos convicções e crenças, mas apenas nos momentos dramáticos é que realmente conseguimos saber o quanto de fato elas fazem parte de nós.



Vi, naquele momento, que a Fé que eu professava

não era mera retórica.

Antes de qualquer outra coisa, sentei-me calmamente ao lado dele no chão, e conversei...

Procurei dar-lhe forças para a passagem que sei, seria mais difícil para ele do que para mim, porque ele caminharia para o desconhecido!



No entanto, o golpe foi duro. Em meus 30 e poucos anos, com o casamento desmoronando ao meu redor, tendo que tomar decisões dificílimas, meu pai era o meu único sentido de segurança e amor...e se foi naquela ante-véspera de Dia dos Pais!



Nem preciso dizer que o próprio Dias dos Pais foi algo marcante.

Eu olhava para a linda caneta que lhe daria,

com pesar, querendo ter o poder mágico de

desmaterializá-la aqui, para que ele a recebesse onde estivesse!



Por um ano, o gelo permaneceu em meu coração, e as muitas lágrimas não me aqueciam.

Minha vontade era a de lançar um grito ao espaço:

PAPAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII...onde está???



Na noite do Dia dos Pais, do ano seguinte, um sonho mudou esse rumo.

Meu pai, sorrindo serenamente me deu um longo e apertado abraço.

Depois, me entregou uma caixa com um presente. Dentro dela, refulgindo contra um fundo azul escuro de veludo, havia uma caneta de cristal,

de beleza indescritível.

Disse-me ele: Filhinha, a caneta que você me deu, me acompanha sempre.

Hoje, sou eu que te presenteio com uma caneta mágica. Todas as palavras escritas por ela, serão pura luz.

Então, ele a pegou, e sobre meu coração escreveu seu nome, que ali brilha até hoje.



Desde então, acrescentei alguns outros nomes escritos com ela.

E sempre que algo, ou alguém necessita, uso minha caneta mágica, tentando através dela, dar luz aos meus atos e às minhas palavras, reverenciando um homem, que com amor e generosidade me deu o dom da vida, e a quem eu tenho a honra de chamar

de Pai!

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