Na minha Cidade de Passa Tempo, morava um fazendeiro muito rico, que havia estudado na Capital, sendo portanto muito letrado. Ele tinha em sua fazenda um empregado que nunca havia viajado para outras localidades, mas que era muito inteligente. Ele viu que aquele rapaz tinha futuro, pela sua vivacidade, porque mesmo com pouco estudo sabia fazer contas, era excelente cavaleiro, gostava de andar bem vestido e, por isso, resolveu investir nele, promovendo-o a encarregado da Fazenda. Como o Fazendeiro tinha muitas terras, de vez em quando viajava para as cidades vizinhas comprando bezerros para engordar nas suas invernadas. E como o seu empregado ficou experto na compra de gado, passou a levá-lo nas suas viagens para auxiliá-lo nas compras. Embora o rapaz fosse muito ativo não conhecia as normas de etiqueta e às vezes dava mancadas no dia-a-dia com o patrão e com as outras pessoas com quem se relacionava, o que era natural dado o fato de ter sido criado num interior onde nunca teve oportunidade de qualquer aprendizado neste sentido. Num determinado dia, os dois sentaram-se em um restaurante na cidade de Lavras e na hora do almoço garçom trouxe dois bifes de boi , sendo um de tamanho maior e outro de dimensões menores. Como já era tarde e ambos estavam com uma grande fome, tão logo a comida foi levada à mesa trataram de servir-se. Naquele momento o empregado pegou a colher e colocou no próprio prato o bife maior. O fazendeiro resolveu dar-lhe uma aula de etiqueta e disse-lhe: “ora Joãozinho em situações como essa, quando tiver um bife maior e um menor e você for servir em primeiro lugar arraste para o seu prato o de tamanho menor”. Ele respondeu de imediato: “ora patrão o senhor tem razão. No entanto, se o senhor fosse servir primeiro qual o que o senhor iria levar para o prato ?” . “Ora, não tem dúvida, seria o pedaço menor”. Então o empregado indagou: “E ai com qual que eu iria ficar não seria o maior ?”. “Exatamente” respondeu o patrão. Sentenciou então o empregado: “Então eu servi o bife certo, porque se o senhor servisse primeiro ele é que iria sobrar para mim”
