Como você chegou aqui? Não sabe, suponho. Talvez tenha piscado numa esquina qualquer, ou foi enganado por algum fenômeno da Física e confundiu a entrada com um muro. Ah, essas mensagens e ilusões urbanas...
Não importa, agora você está aqui, perdido entre tantos, correndo os olhos, quando secos, em busca de suporte, tentando controlar o eco, desviando-se das rajadas incertas, cambaleando em meio a um labirinto sem enganos.
Veja, Perdido, sua constante incessante atividade mental serve como portal, descontrolado, por bem dizer, sempre conduzindo seu ser, sempre carregando-o sem sua permissão. Para onde? Nunca o soube. De onde? Já não se lembra. Como? Ironias.
Então, Perdido, como reage ao encontrar aqueles com expectativas? Sim, eu sei. Engole qualquer vestígio de inconstância e incorpora alguma divindade teatral. Os atos se escrevem como improvisos ensaiados, atores se fazem do momento, cenário? Natural. E o público saciado sem saber-se enganado. Apenas mais uma esquete. Apenas.
E, como um ator que não se liberta da personagem, você, Perdido, luta com ambas, com todas, com todos os conflitos, para descobrir que não há saída, que você é apenas mais um perdido, e que não sabe quando irá reencontrar-se.
Até mais, Perdido, até um dia.
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