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Artigos-->ADEUS ÀS ARMAS, OU ATÉ LOGO? -- 24/07/2005 - 08:57 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






ADEUS ÀS ARMAS, OU ATÉ LOGO?







E continuam os revezes das CPIs. do Correio e do Mensalão na sala PETRÔNIO PORTELA NUNES, um primo rico de meu pai falecido nos anos 70, em plena ditadura. É uma ironia que um primo meu em segundo grau tenha o nome de uma sala onde estiveram os piores ladrões deste país, sendo interrogados e investigados publicamente, lavando a alma e a honra de nossas instituições, já muito desgastadas por tantas reformas, que acabam não dando certo. Ironia porque, embora rico, o senador Petrônio possuía a mesma índole honesta do “fio de barba” da antiguidade brasileira, assim como meu pobre pai, que nunca teve nada, (nem seus descendentes), além de projetos culturais, sonhos mirabolantes difíceis de se realizarem no país dos miseráveis.



Para as pessoas desonestas no Brasil, (não são poucas), a compreensão do DNA dos honestos é impossível, ou incapaz, tendo em vista que ser honesto é igual a ser pobre e vice-versa. Claro que os pobres não gostam de ser pobres, mas apreciam e muito a honestidade, embora a honestidade só traga inexoravelmente a pobreza. Isto, falando-se em termos de Brasil: um país terrivelmente injusto para com os pobres, tornando a pobreza uma espécie de criminalidade que merece ser punida. Enquanto isso os ladrões de alta linhagem desfilam em seus carrões, montados na dinheirama que ninguém sabe de onde veio. As portas, quaisquer portas, abrem-se de forma mágica e incondicional para eles. Os bancos emprestam o quanto ele pedem e o pobre é tratado como um pária pelo gerente do banco.



Mas, está ocorrendo um fenômeno inverso ao que os poderosos sempre desejaram: os jovens procedentes da miséria NÃO ACEITAM a miséria nem por bem nem por mal. Preferem, segundo eles, arriscarem tudo, as próprias vidas no intuito de tomarem dos poderosos o que eles têm. E se não conseguirem, vão evidentemente tomar a vida deles. Os poderosos que se cuidem. Afinal, os bandidos de hoje são criações deles que, por ironia, voltam-se contra seu criador. E os poderosos também roubam através dos séculos os mais humildes, os mais miseráveis. É a lei mecânica de Newton: “em toda ação haverá uma força de reação contrária na mesma medida”.



Desarmando a força oprimida, o poder satisfaz os poderosos, que novamente investirão com mais fúria sobre os miseráveis no intuito de os deixarem abatidos e à mercê do capitalismo selvagem deles. Esta história é um filme repetitivo no Brasil e ninguém sabe como vai terminar. Claro que uma guerra civil estaria em qualquer análise mais profunda, posto que tenha começado logo após a proclamação da República, lá na Bahia, comandada por Antonio Conselheiro. Por enquanto, dorme sob os escombros de Canudos e a desinformação cultural, ou a educação escolar ineficiente torna os brasileiros de hoje ignorantes do que houve por lá, apesar de Euclides da Cunha ter colocado de forma sublime em seu livro “Os sertões”. Além disso, o brasileiro miserável está obcecado pela maconha do futebol, uma histeria que o deixa feliz por alguns momentos, esquecendo-se da miséria em que vive. O carnaval também tem participação positiva na preservação da miséria. E mais ainda com as igrejas, que tiram seus fiéis também miseráveis de uma sintonia com a indignação, além de tirar também o dinheiro. A indignação é o estopim de se chegar a uma revolta mais forte nos sentimentos da pessoa.



Neste contexto qualquer projeto revolucionário já nasce morto. Esta é a explicação porque no Brasil não existem guerras civis, enquanto o mundo inteiro se debate ao som de bombas e da metralha. O mundo inteiro está se consertando. Nós vamos ficando para trás. Qualquer um sabe que depois de uma guerra tudo melhora porque as leis serão respeitadas “sine qua non”. E no Brasil quem é que respeita a lei velha, entediada, servindo apenas aos ricos? Por acaso a violência das mortes nos confrontos sociais da criminalidade não é superior aos das guerras civis de muitas nações? A África está melhorando, mas lá por décadas houve guerras civis em toda parte.



A paz dos ricos não é a paz dos pobres. Enquanto os ricos esfregam as mãos felizes, em júbilo por terem um país prostrado aos seus pés e poderem usurpá-lo, violentá-lo o quanto quiserem, muitos jovens e muitas jovens brasileiras nascidas da miséria vão para a Europa se prostituírem. Rapazes transformam-se em gays, meninas em prostitutas. Devem existir próximo de 500 mil rapazes brasileiros prostitutos na Europa, sem contarem as moças.



Embora não aprecie a violência das armas, sou contrário ao desarmamento da população. A população miserável não terá como se defender se os poderosos retirarem-lhe as armas. E pelo visto vão conseguir. Minha arma tem sido a caneta, a qual por muitas vezes tentaram calar. Passei muitos anos sem escrever nada nas trevas da ditadura. Ditadura aquela estimulada pela Igreja Católica somada aos poderosos. Tenho uma arma, portanto, mas qual poderá ser a arma de um miserável, quando os poderosos lhe retirarem tudo, até a arma? Não é justo! Se não houvesse armas na época de Lampião o que teria feito ele para molestar os poderosos, tornar seus feitos enaltecidos e admirados pelo mundo inteiro. Tomaram-lhe tudo. A fazenda, as terras agricultáveis e ainda mataram sua família. Mas, existiam as armas e por décadas ele brilhou no sertão como as estrelas em seu chapéu de couro. Por mais contada que seja a história de Lampião ainda tem um vazio, que seus descendentes já no fim da vida ainda não poderão revelar. Quem sabe com receio de morrer mais cedo.



Nos EUA o povo é livre para ter ou não o direito de se defender. Aqui, neste país, chamado Brasil, o povo está perdendo o direito de se defender. Polícia? Quando foi que a polícia defendeu a população?



Venho de uma família pobre do nordeste. Meu pai foi um pobre escritor. Eu sou um pobre escritor. Talvez, em breve o PT queira também retirar a minha caneta, desarmando-me. Mas, “eles” que examinem bem a história de Petrônio Portela Nunes, meu primo em segundo grau. Senador da República. Um homem que apesar de rico não esqueceu o DNA dos pobres: aquele sentimento de paz com a gente mesmo, o qual nos faz babar no travesseiro. E os poderosos de hoje que naquela sala do Congresso são interrogados e investigados, talvez nem sabem que, apesar de rico, o senador Petrônio Portela Nunes tinha procedência humilde, assim como meu pai e toda família Nunes.



E para constar aqui, no próximo plebiscito, que é um “referendum”, votarei a favor das armas, pelo meu direito de me defender, embora nem possua armas. Se votarmos contra as armas nós vamos ficar nus, prontos para o matadouro. E cada vez mais nossos direitos serão retirados, tal e qual fizeram na Rússia Soviética a partir de outubro de 1917. Depois disso, a matança diária de cidadãos soviéticos só terminou setenta anos depois. Quarenta milhões haviam desaparecidos da Rússia, sem deixarem rastros...



Jeovah de Moura Nunes

poeta, escritor e jornalista

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