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Artigos-->Depoimento. A Praça 7 como objetivo. -- 17/07/2005 - 09:11 (Moacir Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Depoimento:A Praça 7 era o objetivo.



Fui criado numa fazenda do interior das Minas Gerais. Meu pai além de cuidar de suas coisas particulares, era encarregado de uma Fazenda, onde trabalhava de sol a sol, ou seja, do amanhecer ao anoitecer. Lembro-me que ele era um homem exigente conosco mas muito amoroso, e eu admirava muito, muito. Pelo seu horário de trabalho, nem preciso dizer que era um homem trabalhador. Levantava-se de madrugada, tirava leite, tratava dos porcos e determinava as tarefas a serem por nós executadas durante o dia, sem abrir mão da nossa obrigação de ir à escola rural em busca de nossa alfabetização. Tudo era muito simples, mas parecia que ali morava a felicidade. Dona Odete, minha primeira professora comprava, do próprio bolso, cadernos quadriculados para nos ensinar a escrever letras bem talhadas e regulares e, ainda, ao final de cada mês, demonstrando a sua sabedoria, oferecia de presente um daqueles cadernos para quem obtivesse as melhores notas. Ao narrar esse fato, parece que estou voltando naquele lugar onde eu me sentia extremamente confortável. Para ir à escolinha, eu andava a pé, cerca de quatro quilômetros. Mesmo sendo muito pobre, tinha uniforme escolar, um bornal para carregar livros e cadernos e muita disposição para aprender. Lembro-me que meu pai foi se entusiasmando com o meu progresso na escolinha e passou a me perguntar na presença dos vizinhos o que eu gostaria de ser quando fosse adulto. Embora eu não conhecesse a capital de Minas, sabia, por ouvir dizer, que a sua praça mais importante era a Praça 7. Então eu respondia: irei ser advogado num escritório em um arranha-céu da Praça Sete… E os vizinhos gostavam e me aplaudiam. Lembro-me que uma vez li no jornal Estado de Minas, na fazenda do nosso patrão, as peripécias de um advogado criminalista de Belo Horizonte, ao que me parece chamado Dr. Lídio Bandeira de Melo. O filho do seu vizinho fora mordido por seu cachorro e o pai da vítima marcou uma consulta com esse advogado e perguntou quais os direitos de um cidadão que teve o seu filho mordido pelo cão do vizinho ? O advogado respondeu, tem direito a uma indenização porque o dono faltou com os cuidados necessários com o animal, não prendeu, não colocou focinheira etc. Ai então o consulente disse ao advogado: “ Doutor então o senhor me deve uma indenização, porque o seu cão mordeu o meu filho…”Logo o advogado respondeu.“Que eu lhe devo uma indenização, não tenho dúvidas, mas estamos empatados, porque o senhor me deve também o preço desta consulta…” Eu havia lido também na mesma fazenda, na revista Seleções, um artigo que informava que o primeiro curso de advogados no Brasil foi dado na Faculdade de Direito de Recife e que pais de maior poder aquisitivo enviavam os seus filhos a Lisboa, Portugal, para aprimorar os respectivos estudos e que todos usavam um chapéu preto, dando um destaque à prestigiada profissão de advogado. Acredito que essas passagens marcantes tenham contribuído em muito para que eu firmasse jurisprudência, para que, num futuro não muito longínquo, me formasse em direito. Como sói acontecer, terminei o primário na roça, fiz os exames de admissão na Cidade, fui aprovado e cursei o Ginásio na Cidade de Passa Tempo. Ao alcançar a maioridade, fui para Belo Horizonte tentar a vida, sem conhecer a cidade e nem as dificuldades e barreiras que a vida oferece, mas cumpri o meu objetivo. Tendo obtido um emprego de vendedor de eletrodomésticos, fiz uma prova de seleção e consegui estudar de graça no Colégio da Prefeitura de Belo Horizonte, o glorioso IMACO – Instituto Municipal de Administração e Ciências Contábeis e já sai dali empregado. Prestei o vestibular na PUC/MG e fui admitido, e fui capaz de chegar ao fim do meu curso, mesmo com poucos recursos, pagando os meus estudos com o suor do meu trabalho. Uma vez formado, encontrei-me com um advogado famoso, natural da minha cidade e que advogava em Belo Horizonte e em cidades do interior do Estado e, após alguns minutos de prosa, convidou-me ele para entrar para o seu escritório onde eu poderia ganhar muita experiência. Nem discuti, aceitei de plano o convite. Terminados os acertos finais, indaguei-lhe onde ficava instalado o seu escritório. O nosso Escritório, respondeu-me ele, fica no Edifício Joaquim de Paula, na Praça 7. Naquele momento, lembrei-me do tempo de criança e da convicção com que eu dizia que iria ser advogado na praça principal da Capital mineira. Veja então, prezado leitor, como o destino escreve a nossa história por linhas tortuosas, ao mesmo tempo em que nos premia, simplesmente por termos no coração uma enorme dose de boa vontade, muitos sonhos a realizar e um objetivo traçado para ser cumprido.

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