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Artigos-->G-8, POBREZA E LULA -- 16/07/2005 - 21:29 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
G-8, POBREZA E LULA

Vitor Gomes Pinto

Escritor, Especialista em Relações Internacionais





Nada menos do que 50 bilhões de dólares da dívida externa dos 18 países mais pobres do mundo foram perdoados na 31a. reunião anual do G-8 realizada no paradisíaco hotel de Gleneagles na base das highlands escocesas, a uma hora de Glasgow ou de Edinburgo. Mesmo assim, esses países continuam tão miseráveis quanto antes. O G-8 reúne as sete nações mais ricas do Globo que lá estavam representados por suas autoridades máximas – EUA de George Bush, Reino Unido de Tony Blair, Canadá de Paul Martin, França de Jacques Chirac, Japão de Junichiro Koizumi, Itália de Silvio Berlusconi, Alemanha de Gerhard Schröder – mais a Rússia de Vladimir Putin, com seus convidados: os líderes do Brasil, África do Sul, México, China e Índia, o Secretário-Geral da ONU e os presidentes da Comunidade Européia e do Banco Mundial. Ainda de acordo com o chamado Plano Brown (Gordon Brown, Chanceler do Reino Unido), mais 15 bilhões poderão ser esquecidos caso outros vinte países cumpram requisitos de combate à corrupção e façam “ajustes estruturais para permitir investimentos privados”, quase sempre um sinônimo de arrocho econômico para suas populações.

Apesar do estardalhaço com que foi anunciado, o perdão se refere apenas à dívida pública bilateral de longo prazo, que é uma parte menor da dívida total, a qual inclui vários outros componentes como os débitos de curto prazo (onde estão o refinanciamento de juros, créditos de exportação) e os do setor privado. Para 17 países beneficiados – Benin, Burquina Faso, Etiópia, Gana, Madagascar, Mali, Mauritânia, Moçambique, Ruanda, Senegal, Tanzânia, Uganda e Zâmbia na África; Bolívia, Guiana, Honduras, Nicarágua nas Américas – o alívio concedido representa 28% da dívida. O 18º é a Nigéria onde 74% da conta é pública bilateral. Para ser classificado como um país pobre, segundo critérios do FMI, a renda média mensal por pessoa deve ser de até 58 dólares, ou cerca de 140 reais, menos da metade de um salário-mínimo brasileiro. Considerando que os 78 países mais pobres e endividados da Terra (60 seguem na fila) devem aos mais ricos cerca de 500 bilhões de dólares, o atual cancelamento significa 10% do total.

O G-8 anunciou, também, que aumentará a contribuição para a Associação Internacional de Desenvolvimento (um fundo gerido pelo Banco Mundial para empréstimos em condições mais favoráveis) para 0,56% do seu PIB em 2010 e para 0,7% até 2015. Este último percentual, prometido na ONU desde 1970, nunca foi cumprido e na prática viu-se reduzido a míseros 0,24%. Em seu conjunto, trata-se da Iniciativa PPME (Países Pobres Mais Endividados) do Banco Mundial, que na verdade não tem como objetivo cancelar a dívida de países e sim de reduzi-la para que alcancem um “nível de sustentação” que lhes permita seguir pagando o que devem. Ou seja, perdoa-se uma parcela menor para que o principal seja posteriormente honrado.

Nenhum avanço ocorreu em relação aos problemas de aquecimento global. Tony Blair transferiu as discussões para a OMC em dezembro, diante da dura resistência de Bush que ao menos reconheceu, pela primeira vez, que “a superfície da Terra está aquecendo e um aumento na emissão de gases de efeito estufa está contribuindo para o problema”, acrescentando que “o Protocolo de Kyoto não é a solução”. Além de não estabelecer metas de redução para o CO2, o G-8 ainda exigiu um maior comprometimento dos países em desenvolvimento com o tema. Uma promessa animadora foi a de prover acesso universal a medicamentos anti-AIDS na África até 2010. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio à profunda crise moral que se abate sobre seu governo, teve uma passagem relâmpago pela Escócia. Em lugar da entrevista com o 1º ministro inglês (teve de voltar correndo a Londres devido ao atentado da Al Qaeda), Lula conversou com alemães, japoneses e indianos que, teimosos, continuam querendo vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU, mas em rápido pronunciamento no plenário de Gleneagles defendeu ações mais concretas para fazer frente às mudanças climáticas.

Uma pena que o G-8 e seus convidados não tenham levado em consideração alternativas mais promissoras para de fato combater a pobreza e o aquecimento do planeta, como a taxação de 0,25% sobre a movimentação financeira global que é de U$ 1,3 trilhão de dólares por dia (80% é especulação financeira), o que poderia render em torno de U$ 300 bilhões ao ano; ou um imposto sobre os combustíveis usados em aviação, tidos como a fonte de emissão de gases de efeito estufa que mais aumenta no mundo de hoje.











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