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Cronicas-->Da onde cê é? -- 17/10/2000 - 17:07 (Rosangela Scheithauer -- 16/12/2001 - 16:47 (Douglas Lara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tem certas frases que nos fazem voltar anos atrás e, de repente, em questão de minutos nos pegamos relembrando um momento do passado.
Foi o que aconteceu alguns dias atrás quando tive que ir a Viena (eu moro na Áustria) e, dentro do metró encontrei um casal de Piracicabanos. Ouví quando falavam Português e imediatamente sentei-me ao lado deles. Quando eu disse que era brasileira, a primeira pergunta deles foi:
"Da onde cê é?"
Pronto! Minhas lembranças fizeram a festa. O sotaque deles, bem parecido com o de Mogi Mirim onde nasci e cresci, fez-me sentir em casa. Lembrei-me dos meus sobrinhos me chamando de "tchia", das carnes (pronunciada como o americano em "car"), do amigo Cláudio que todo mundo chama de "Craudio", da escola de "ingreis" onde a minha irmã dá aula, da "muié" do vizinho, dos "Batarde Dona" que se ouve na rua, das "carcas compridas" (desculpem, não tenho o cê cedilha no micro) e de tantos outros regionalismos que voltaram à tona numa fria manha de inverno em Viena.
A conversa se desdobrou do "da onde cê é" para o "quê cê faiz aqui?". Falamos das músicas do Chitaozinho, das procissões dos cavaleiros (que tanto em Piracicaba quanto em Mogi Mirim tem), das novelas, dos programas da televisão como Os Trapalhoes, Fantástico e Silvio Santos.
Eles obviamente notaram que eu falava com carinho das coisas da minha Mogi Mirim e achavam graça que estávamos em Viena discutindo o último LP do Chitaozinho e Chororó - o qual infelizmente ainda nao possuo pois não o encontro para comprar.
Disse a eles que se um dia vierem a Linz e por acaso ouvirem um bom pagode ou o Roberto Carlos cantando "Nossa Senhora" podem ter certeza que sou eu passando por perto.
Uma coisa é certa: o pessoal do interior em geral é bem mais amigo, mais alegre e mais "caseiro" do que o da capital. É claro que há exceções, mas até hoje nunca encontrei uma pessoa do interior que fosse antipática.
Uma vez li uma crónica em um jornal paulista cujo nome não me lembro contando a estória de um grupo de pessoas discutindo o "erre" paulista no nome "Norma". Aquele mesmo "erre" da piada do jornalista americano que, entusiasmado com uma demonstração da cestinha brasileira, teria pedido a ela para embocar a bola mais uma vez e disse:"Once more" ao que a moca respondeu: Sorocaba!
não gosto quando alguém faz pouco caso dos sotaques do interior paulista, sinto-me ofendida pois nascí e crescí nessa região e me orgulho disso. Ignorantes são os que riem dos diferentes sotaques brasileiros pois não sabem que por trás deles existe uma história, um hábito, uma cultura.
Jamais me esquecerei a voz da minha avó me chamando de "Fia", jamais esquecerei meus sobrinhos me chamando de "Tchia", jamais esquecerei que eu também sou do interior, sim senhor!
E agora, se me dão licença, vou dormir: Bá noite!
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