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Contos-->Terrorismo pseudo poético na casa dos artistas -- 24/02/2002 - 12:02 (Marcelo Santos Costa (Marcelo Tossan)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pensamentos maquiavélicos passam em sua cabeça, ouviu falar em terrorismo poético e pensou em praticar um.
Só que tinha que ser algo grande, assim como as torres do WTC que foi o terrorismo na sua essência mais macabra e extrema.
Nem tanto... aquilo não foi tão poético assim, só Nostradamus foi poético e profético, ‘Os gêmeos irão tombar...”
Tem que ser algo radical,mas ao seu alcance financeiro, comprar um avião mini-motor e jogar na casa estava totalmente fora de cogitação.
Já tinha tramado algo em sua cabeça, invadir um reality show. Escolheu aquele em que os convidados são artistas ou personalidades famosas, alguns em baixa outros em plena forma midiática.
Primeiro teria que se infiltrar, colocou um boné e uns óculos e foi até o conglomerado de estúdios, oferecer lanches naturais para a equipe, mas não deu certo e foi escorraçado por um segurança. Só que mesmo assim por um minuto conseguiu espiar pelo portão 25 e viu um rapaz loiro franzino com vários cabos na mão. Perguntou curioso ao segurança o que faz aquele cara ali com um monte de fios na mão? É um caboman disse o segurança, e vai dando o fora que eles almoçam em restaurantes depois que saem daqui. Bom, ele tinha presumido que era um caboman só queria ter a certeza. Só que o segurança provavelmente era mal informado e bronco porque não tinha filmagens com cameraman, eram câmeras fixas em pontos estratégicos e por isso não existia um caboman. Aquele rapaz deveria ser da produção geral do programa.No dia seguinte ficou de espreita na esquina parado com o seu gol branco discretamente lendo um jornal, mas sempre alerta a qualquer movimento. Quando de repente em um uno azul passa o “alemão” da produção o qual ele tinha guardado as feições. Imediatamente liga o carro e começa a segui-lo já eram quase dez horas da noite quando pararam em um farol numa rua deserta, era esse o momento, pensou. Emparelhou o seu carro com o uno e chamou o alemão, este pensando em se tratar de alguém querendo informação abaixou o vidro, e recebeu uma rajada de pistola 380mm no crânio. O gol canta pneu e foge enquanto alemão sangra e morre no local.Suava ansioso, caralho!, o olhar de quem morre é estranho,o olhar do adeus. Agora teria que preencher uma ficha pra trabalhar na produção e entrar no lugar do finado. A noite Davi (era esse seu nome) foi dormir e pensou um pouco no que tinha feito, porra! estudo na USP faço engenharia mecatrônica não precisava entrar nessa. Mas por outro lado achava sua vida medíocre, se achava feio, seus pais o ignoravam e sofrera maus tratos na infância, além do mais queria ser noticia um dia. Essa era sua chance, mas acabara de matar uma pessoa, argumentou que no seu caminho inocentes tombariam pela causa, não seriam apenas mortos, mas sim mártires. Só que se chegasse assim do nada pra preencher a vaga que o alemão deixou, talvez despertasse alguma suspeita, o tempo era o maior inimigo e teria que agir rápido. Resolveu arriscar e foi ao escritório de RH do SBT(da emissora), preencheu a ficha com a maior naturalidade e respondendo lógico que era universitário e das suas qualidades etc. Davi que era um rapaz comum, estatura mediana,magro, cabelos castanhos cortado na máquina pente número um, branquelo, com algumas espinhas no rosto,gostava de usar camisas de street wear e de sua banda preferida o Nirvana ,só que nesse dia ele foi de traje social.
Se caso fosse reprovado nos testes de seleção, desistiria da idéia e se contentaria com uma pichação no palácio dos bandeirantes, picharia em letras garrafais: palácio das falsidades e ventríloquos de idiotas.Mas o destino nefasto corroborou e o esperado aconteceu, um dia depois, foi chamado para ser ajudante de produção da casa dos artistas. Trabalhou o primeiro dia para avaliar o local e ver as entradas e a segurança. Por falar em segurança fez questão de conversar com aquele segurança que o enxotou para ver se ele lembraria de alguma coisa.
E o segurança se comportou como se nunca o tivesse visto antes.
Chegando em casa tratou de organizar o plano e os esquemas e telefonou para o seu amigo Hugo. Hugo era um desses nerds revoltados, usava óculos estilo fundo de garrafa, cabelos negros bagunçados,era branco e anoréxico. Estudava Engenharia eletrônica e achou o máximo aqueles garotos invadirem a escola atirando (a do Colorado do Texas), era fã dos filmes Platoon e Apocalipse Now e da música de Marilyn Manson. Davi lhe contou o plano, Hugo achou ótimo e interessante e queria participar de qualquer jeito, deixaria até de lado por uns dias sua página na internet sobre cultura pop pra trabalhar nesse “projeto”.
No mesmo dia Davi foi ao laboratório da USP falar com um outro amigo seu, o Homero, que era físico recém formado, um tipo alto, encorpado, negro com o cabelo black power, imberbe, usando óculos e avental branco. Chamou-o para conversar e disse que estava fazendo um trabalho sobre uma bomba de Arsênio33/Nitroglicerina líquida e se ele poderia o ajudar a montar um protótipo da bomba e como se fabrica uma. Desconfiado Homero brincou; Cuidado! sua bomba pode arrasar um quarteirão inteiro hein Bin Laden! Risos. Davi cortando o assunto,quero apenas que você me explique como é a fabricação.
Viu que seu plano seria executado em mais dois dias no máximo e continuou indo trabalhar. Num dos intervalos de edição o programador de som um senhor de barba e gordo lhe falou sobre o acontecido com o funcionário antigo, que mataram ele covardemente numa tentativa de assalto e que era um rapaz trabalhador e tinha uma filhinha de dois anos. Davi procurou apenas ouvir e responder que é uma pena e que a violência está demais. Na verdade Davi trabalhava pouco ali, deixava comida ou algum envelope na porta da casa para os participantes pegarem, arrumava os adereços e objetos das gincanas da casa, carregava equipamentos etc. Foi para a faculdade de manhã e um modelo não funcional da bomba estava feito, ele agradeceu Homero e brincou que era pra explodir a casa dos artistas. Homero respondeu que se pudesse faria uma e jogaria lá dentro pra explodir.Homero ficou interessado e pediu mais detalhes, imaginou uma história fantástica de Edgar Allan Poe ou um roteiro de Tarantino. Davi pergunta se ele esta falando sério e Homero responde que é seriíssimo. Nesse exato momento Davi conta seu plano pra Homero, haveria duas hipóteses, uma, ele toparia e o ajudaria na execução ou na segunda hipótese, ficaria com medo e poderia pôr tudo a perder com uma denúncia anônima para o GATE. Na segunda hipótese, seria mais um que Davi teria que eliminar, mas aconteceu o contrário, Homero topou (por incrível que pareça) e tratou de arrumar os elementos pra bomba e enquanto Davi e Hugo arrumariam os componentes. E explicou para Davi como proceder e manter a bomba longe do calor excessivo e fortes trancos,pois era muito sensível. Fez uma lista do que precisaria; um “booster” reforçador,algodão pólvora úmido,alumínio,explicou que arsênico gasoso (Ash3) é caro, talvez arrumaria uma quantidade irrisória em nome do estado. Disse que os resultados seriam inimagináveis porque o arsenio33 é um veneno poderosíssimo e poderia contaminar o ar e invadir as residências matando muitos moradores das proximidades.Não dava pra afirmar isso com precisão já que não haveria tempo para testes, seria como Nagazaki ou Hiroshima, teste real.Davi e Hugo comprariam, fios, um celular, espoleta elétrica e garrafa emborrachada.
Homero pensou consigo “Se Einstein pré-fabricou a bomba atômica por que eu não posso... testar uma bomba?” E trabalhando a madrugada inteira Homero fabricou um protótipo funcional de uma bomba de explosivo/químico de acordo com informações técnicas de Davi a respeito do tamanho da casa e estrutura geral.O sistema da bomba era o seguinte, fios ligavam a bateria do celular (comprado e desmontado especialmente pra isso) aos fios de detonação, bastava ligar para o número do celular e através da corrente elétrica resultava-se uma centelha que ativaria a espoleta elétrica. Davi e Hugo analisaram e perceberam que sem a colaboração de Homero teria sido impossível a conclusão do plano. Davi estava se tornando um irracional, um rebelde insano, entrou em sites sobre o Hezbolah sobre o Al Qaeda, homens bombas e sobre serial killers (de Charles Manson a John Wayne Gacy), queria agir friamente tal qual essas pessoas.
Fizeram a última reunião na casa de Homero que morava só, os envolvidos se denominavam a F.L.R. (Força Libertária Revolucionária). Em meio a risadas, taças de vinho,baseados, e um cd do Portishead rolando ao fundo brindavam “à revolução!,à morte!à justiça!”.Buscavam um tal Reino da Liberdade - território da utopia do homem como um ser completo. Os três, Homero, Hugo e Davi no caso de prisão de alguém tentariam resistir as torturas e não denunciar o próximo, pacto feito a sangue, caso contrário tomariam uma pílula de cianureto, preparada para um suicídio.
O prazo era de dois dias no máximo para por em prática o esquema de ação.Numa conversa ao telefone Hugo pergunta a Homero a respeito do conteúdo da carta que o Davi escreveu para o pronunciamento. Disse a Homero que o conteúdo da carta era fraco, meio que um discurso vazio, e que tinha achado uma bosta, parecia um adolescente viajando e forçando a barra. Homero respondeu que sugeriu a Davi pedir a um redator pra redigir a carta e fazer a revisão, mas ele achou arriscado por enquanto envolver mais gente. Hugo só resmungava que estava uma bosta. Homero contra argumentou que era melhor assim, quanto mais simples e direto, melhor para o entendimento da massa.
Hugo concordou com esta parte e fez piada dizendo que se fosse pro Davi cursar comunicação iria morrer de fome.No outro dia Davi foi trabalhar com uma mochila nas costas, perguntaram o porque daquela mochila, ele abriu e mostrou livros e deu a desculpa que estava vindo da faculdade direto pra trabalhar e que seu pai iria usar o carro esse mês. Sugeriram para que ele colocasse a bolsa em algum canto, ele argumentou que era leve e que não atrapalharia em nada seu serviço. O engenheiro de iluminação resmungou, esses jovens! Cada louco com sua mania!
E assim o plano seria posto em prática no dia seguinte. Calculou o melhor horário que iria ser às quatorze horas no domingo, logo após a gincana com tomadas externas, se infiltraria dentro da casa. Trazia dentro da mochila um sanduíche natural de peito de peru, seu celular, um livro com o sugestivo título - Atentados políticos (que afanou na biblioteca) e um do poeta russo Maiakovski, uma carta escrita à mão, uma cartela de aspirina, uma pistola calibre 9mm e munição, a bomba, um walkman e também doze algemas de aço que comprou numa casa de artigos eróticos.
Eis que invade a casa e tira da bolsa a pistola e ordena a todos que se deitem com a cara pro chão e que a partir daquele momento eram reféns. Alguns artistas riram e pensaram se tratar de uma pegadinha ou coisa assim. Mas quando um segurança tentou invadir e agarrá-lo recebeu uma rajada e caiu morto, foi aí que começaram a tremer, quem tentasse correr levaria bala! gritou em tom ameaçador. Ganharia notoriedade negativa, mas talvez entraria pros anais brasileiros, o fato iria ganhar o mundo.
Primeira exigência; a produção iria trancar todas as portas e lhe dar as chaves e lhe arrumar uma pilha de jornais velhos. Algemou todos e colocou-os em um quarto pois poderiam tentar reagir e mobiliza-lo. Estavam estarrecidos com a situação a socialite e a jornalistatriz começaram a chorar, o rapper começou a falar na gíria, o ator que fez par romântico gay embranquecido pelo medo pediu calma, o cantor de karaôke suava em bicas e tremia, o gêmeo teve uma crise nervosa e ficou mudo, o ator que fez o cigano mijou nas calças, a roqueira ria agora sem graça. A tiazinha xingou a feiticeira de puta e disse que um disco voador lhe contou que enquanto ela tivesse a outra em sua sombra ela nunca ia conseguir nada na vida, e o cantor fortão tentou dar um golpe marcial e levou um tiro no pé e caiu gemendo de dor.Vedou todas as janelas com jornais e edredons para dificultar a posição dos atiradores de elite. A partir de agora ele seria o papito apresentador e o dono do jogo e colocaria suas regras. Instalou a bomba embaixo do sofá, ato que foi flagrado pelas câmeras escondidas, e deixou seu celular junto do microfone de lapela que tomou da dubladora, aproveitou e passou as mãos nos seus seios e a chamou de gostosa. Qualquer invasão ou movimento suspeito ele avisou que acionaria o botão (de memória do celular). Outra exigência; que a transmissão não parasse e fosse tudo transmitido ao vivo e para que o público acreditasse colocaria o cantor fortão baleado e gemendo pra fazer o apelo às autoridades. Davi estava frio e calculista por dentro, pois sabia que se fosse detido de alguma forma, Hugo seu comparsa que acompanhava tudo pela tv a cabo acionaria a bomba pelo telefone a longa distância. A bomba segundo as teorias de Homero destruiria a casa toda e todos seus ocupantes e aqueles que se encontravam num raio de cem metros de diâmetro.Provavelmente a atmosfera envenenada de arsênio invadiria não só as residências como também os carros e ônibus parados no trânsito na região de Osasco, fazendo um verdadeiro genocídio.O povo acompanhava aquele momento apreensivo, os programas de fofocas cobravam a presença não do governador e sim do presidente da república. Nos jornais as manchetes diziam: “Psicopata invade casa dos artistas” “Maníaco mantém artistas como reféns” “Louco paranóico invade reality show e algema ocupantes” “Policia Federal investiga suposto envolvimento da rede Globo em sabotagem televisiva”. A casa agora estava sitiada pela policia e pelo esquadrão antibombas que através dos alto falantes da casa tentavam a negociação para a libertação dos reféns.
Indagado sobre sua exigência maior Davi respondeu:
Apenas o pronunciamento de uma carta em rede nacional, em horário nobre e a música de fundo seria a “Pra não dizer que não falei das flores” ou a instrumental de “Rosa de Hiroshima”.E a carta e o plano eram o seguinte:

“Aos governantes da nação e a sociedade em geral, chega de hipocrisia, pensem mais nos pobres, vocês roubam dinheiro e nada fazem pra melhorar e tirar o nosso país da miséria vigente.
Verdadeiros artistas são aqueles que vivem com o absurdo do salário mínimo ou mesmo aqueles que vivem subempregados e desempregados.
A casa dos verdadeiros artistas não é luxuosa como esta e sim na maioria das vezes feitas de madeiras ou debaixo de pontes.
Chega de crianças nas ruas sem escola
Melhorem a saúde e a educação!
O nordeste com fome e com sede, por problemas políticos e interesses pessoais.
Cansamos da corrupção nos órgãos policiais, não à injustiça e à discriminação.
Hoje em dia bens materiais ou cifrões valem mais que uma vida humana.
Prazer e lazer para todos.
Divisão de renda mais justa, amor ao próximo.

pausa

-Estranho eu pedir amor ao próximo na atual situação em que me encontro, pois aqui se for pra matar eu matarei sem hesitação e derramarei meu ódio ao próximo infelizmente.-

continua

Plantam o caos e a violência e o que irão colher? O dobro do mal.
O ser humano precisa ser mais humano
Assinado F.L.R. (Força Libertária Revolucionária)”

Logo após esse pronunciamento pegaria seu celular no qual ligaria para três números aleatórios e perguntaria a pessoa do outro lado da linha se ela esta assistindo a casa dos artistas, sendo a resposta afirmativa, perguntaria o que viu, se fosse seu pronunciamento ele libertaria todos e daria um tiro na própria cabeça, mas se a resposta fosse algo anormal como por exemplo; está fora do ar ou esta reprisando de ontem ou esta passando outro programa ou novela mexicana no lugar ele entenderia que fora ludibriado e que o pagamento seria feito em derramamento de sangue. Pois era um jogo e eles não cumpriram a prova e daria um tiro de pistola na cabeça de cada candidato.
As mortes serviriam de simbologia a todo ódio,rancor e barbáries que os oprimidos sofrem. Talvez o rapper por ser negro e de origem humilde seria poupado. Ou melhor ele ia a um júri popular e numa votação do público decidiriam se ele deveria morrer ou não. E o papito apresentador anunciaria entre gargalhadas o veredicto final do público de casa: o rapper deve morrer também, por traição e por ter se vendido. Por fim acionaria a bomba.
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