Queria escrever tantas coisas... Mas fogem as palavras, antes que eu dê feição às idéias.
E, quando umas estão prontas, outras ficam, por vezes, tão nebulosas... Assim... Como a bruma nas manhãs de muito frio...
Não é sempre, porém... Apenas quando a inspiração vem de trote, desenfreada, e quer se expressar, transmutar-se para desafogar a seiva poética que enche os sulcos da poesia.
Penso, então, numa doce tarde de outono, naquele pôr-do-sol que delineia o horizonte longínquo... E ela está lá, construindo os andaimes da noite que se espreguiça acenando para as estrelas, dormentes ainda.
E eu mergulho neste escrito sobre o que poderia ser... Mas não foi... Neste baralho de palavras querendo a lógica da frase sem contudo lograr um verso... Eu vou... Nas reticências... Nem elas conseguem colocar sentidos ocultos, aqueles de “entrelinhas”... Está tudo claro:
a alma cheia de poesia não consegue poetar, apenas sentir...
E neste fundo musical que escolhi
vou divagando na saudade
nem sei de quê...
“Era uma vez
Um lugarzinho no meio do nada
Com sabor de chocolate
E cheiro de terra molhada...”
(Toquinho)
|