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Cordel-->Poesia Popular na Paraíba de Paulo Nunes Batista -- 26/10/2002 - 18:03 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Poesia popular
Autor: Paulo Nunes Batista

bem pode ser
Canto do Povo
ao embalo do cordel
no balanço do Sonho
no batepé do côco
ao vaivém do ganzá
batecum do zabumba
dançar das cordas bambas
de Viola repentista
na Boca abrindo o Verso
na emBOLAda – cantoria
sala, salada de ritmos
coquetel de poesia
Poesia Popular
Paulo Nunes Batista


Poesia popular é cor
del Pueblo, cor
dalma – sofrer da gente
de cujas Mãos sai tudo
mas que acaba na mão
Pois tudo quanto faz
vai pras mãos que nada fazem
Poesia popular pode
ser denúncia/protesto
bem que amenidades
de castelos, princesas
safadezas, presepadas,
desafios, aventuras
viagens a São Saruês

Que, poesia popular
pode ser – e é universo
é Resistência é trincheira
contra o sistema perverso
que deixa o POVO com FOME
e rico nadando em uísque.

Poetas da elite, não
torçam seu nariz grã-fino
contra os poetas do POVO
que lá do chão nordestino
nunca deixam o Povo só:
tentam rasgar esse Nó
que amarra nosso destino.



O cordel é brasileiro
fala do que o Povo sente
no verso lido na praça
ou cantado no repente,
pois cordel é Voz da Raça,
é (em)Canto de nossa Gente.

Cordel – Mensagem do Povo
fala do velho e do novo,
de canudos, de Kosovo,
de aids, de corrupção,
de Injustiça, e Violência,
governo sem consciência,
dos sem-terra – e a Resistência
que leva à Revolução.

Do inferno da condução,
transporte superlotado,
Povo superamassado
como sardinha na lata;
da miséria do salário
que deixa o Povo com Fome
nessa Injustiça sem nome
qua ao Pobre massacra e mata.

A poesia de cordel
vem do verso de Nicandro,
do folheto de leandro,
Chagas batista e Manoel
D’Almeida, esse menestrel
do Nordeste brasileiro;
vem de Pinto do Monteiro,
Zé Duda, Antonio Marinho,
Bentevi e Cachimbinho
e Chiquinho do Pandeiro.

A poesia popular
verm do repente, da glosa-
Domingos Caldas Barbosa
seus lundus a improvisar.
Na Bahia a versejar
Gregório de Matos Guerra.
A alma do Brasil se encerra
no côco, na cantoria,
Gibi norte-americano
vem nos amer’encanar
nos quadrinhos de seu Plano
pra nele nos enquadrar-
sufocando em nosso chão
o cordel, magna expressão
da cultura popular.

Os primeiros cantadores-
aedos, jograis, segréis,
os bardos e rapsodos,
trovadores, menestréis, -
segundo nos diz a história,
“cantavam de quatro pés”...

Quatro pés ou quatro versos,
a quadra, de quatro linhas,
que era a forma dos repentes,
dos lunduns e das modinhas.
As cantorias primeiras
eram feitas em quadrinhas.

Da quadra veio a quadrilha,
veio o quarteto, o quadrão,
veio a Trova, que hoje brilha
no Trovismo, na canção.

Em quadras, os velhos sambas,
marchinhas de carnaval,
frevos, cocos, batucadas,
canções do Povo, em geral.

No século dezenove
o grande Gonçalves Dias
publica os Segundos Cantos,
em que, entre outras poesias,
com o devido brilho estão
As sextilhas de Frei Antão...
Sextilhas... das cantorias...

Francisco Moniz Barreto
foi no século passado,
na Bahia, um repentista
de nome muito afamado.
Pai de Rosendo Muniz,
que em biografia feliz
fez o pai biografado.
Foi em forma de ABC
e como folha volante
que veio de Portugal
essa poesia cantante,
já no século dezoito
na Paraíba habitante.
Meu bisavô Agostinho
seguia o mesmo caminho
no solo paraibano.

Começa nesse Agostinho
Nunes da Costa, a primeira
poesia feita em cordel,
lá na Serra do Teixeira.
Desse bardo nordestino
vem meu avô Ugolino,
Cantador de regra inteira.

Nesta terra brasileira
a poesia repentista
tem de um lado o cantador,
do outro lado o cordelista.
Dessa raiz é que é fruto-
dando em Goiás seu produto-
o Paulo Nunes Batista.

Não seguindo a Cantoria,
deixei de ser cantador.
Virei poeta do povo,
um mernestel, trovador,
em embolador-coqueiro
que tenta ser mensageiro
do seu Povo sofredor.

O repente tem tr~es tempos:
falado, cantado, escrito.
falando é que o Glosador
fabrica o verso bonito.
Cantador faz, quando canta.
Cordelista traça a planta
de improviso, no infinito.

Todos três são repentistas:
Glosador traçando a glosa,
Cantador compondo o Canto
que no improviso se entrosa.
Finalmente o cordelista
Castro Alves, o Poeta
genial da Abolição,
junto a Tobias Barreto
arrancava aclamação
dos colegas deslumbrados
com seus discursos rimados
em oura improvisação.

Estudantes de Direito
no Recife, a Faculdade
aplaudia os dois de pé
em cada oportunidade
em que Castro mais Tobias,
em repentinas poesias
provavam o gênio à vontade.

Já em Portugal, Bocage,
usando o nome de Elmano
fazia glosas em décimas
no improviso lusitano

Dois cantadores pegados
na guerra de um desafio
é Salto das Sete Quedas
revolucionando um rio
é terremoto varrendo
que deixa até Deus tremendo
na cama do céu com frio.

Por mais de três anos, eu
vivi de escrever cordel
para vendê-lo em Goiás,
como um verso menestrel.
Comprei casa com dinheiro
de ambulante folheteiro,
sabendo honrar meu papel.

Lá no Rio de Janeiro
e no meu berço natal
a Paraíba do Norte,
vivi da poesia, a qual
era meu meio de vida,
nessa versejante lida
de vate profissional.

Vendia versos nas feiras,
nas festas, nas romarias-
como popular artista
faz versos que fica prosa.

Conquista embolando o côco
num ganzá ou num pandeiro,
faz a alma sapatear
no compasso brasileiro,
quando o corpo se sacode
no alagoano pagode
no verso do pagodeiro.

São sons do Brasil inteiro:
a catira do goiano,
o cateretê mineiro,
o côco paraibano,
a nordestina ciranda,
o batuque, que é da Umbanda,
o frevo pernambucano.

Como componho sonetos
em três minutos somente
dentro da rima e da métrica
ao sacudir do repente.
Abro a boca o verso salta
e se alguma coisa falta
fica enganchada no dente.

Também o cordel que corre
no improviso que se faz,
o verso vai lá adiante
e a mão vai correndo atrás.
Sai muitoverso perdido,
que no versejar corrido
vai feito uma flecha: é –zás!

No Nordeste se fecharam
as folheterias que
ainda imprimiam cordel,
que o Povo já não mais lê.
Agora é sexo, é sangue,
corrupção, bangue-bangue,
prostituição na TV.

Vieram o gibi, o rock,
o livrinho de caubói,
o rádio a pilha, o enlatado,
toda essa onda que destrói

sustentado pelo Povo,
que pagava as alegrias
das estórias encantadas
nos meus folhetos contados
nas populares poesias.

A mão do poeta corria
a dançar sobre o papel
no frevo pra lá pra cá
para ao verso ser fiel.
E era, o que ficava escrito,
um nadinha do infinito
do universo do Cordel.

Mas, de um grande Cantador
nem do rasto me aproximo:
de Louro do Pajeú,
aquele monstro meu primo,
ou de Otacílio ou de Dimas
Batista, dois reis das Rimas,
sangue meu que tanto estimo.

Nasce como água da fonte
ou como brota uma flor
na manjedoura da boca
o Verso do Cantador.
Na embalada do repente
o verso pula na frente,
deixando pra tás o autor.

Desses poemas modernos
sem ter métrica nem rima,
que alguns poetas trabalham
na base de grosa e lima,
enquanto um deles faz um
eu, sem onda nem zunzum,
faço de quatro pra cima.

A homenagem que me prestam
eu desejo transferir
a todos os cordelistas
que em Goiás possam existir.
E os conclamo: Meus Irmãos,
usamos as nossas Mãos
para a Invasão resistir.

nossa popular cultura:
Tio Sam nos enclausura
na alienação que dói.

Era isso o que queria
o Way of life estranho
que hoje impera no Brasil
num mar sem ter mais tamanho.
A Norte América é a dona:
Michael Jackson e Madona
no seu presente tacanho.

Não precisa mandar tropas,
fortalezas voadoras:
Tio sam nos manda as suas
forças mais destruidoras
que arrastam nossa cultura-
tá com o queijo e a rapadura
nas multi dominadoras...

Dominando a Economia
no poder do dólar vil,
hoje os Esteites manobram
o desgoverno servil:
vai tudo globalizado.
Tio sam está mandando
nos destinos do Brasil.

E o cordel não deve apenas
ser o antigo Romanceiro,
mas ser Denúncia, Protesto,
Alma e Voz de um Povo inteiro
Dizendo ao FMI:
Retire as patas daqui
que isto ainda é brasileiro!

São dez nomes, pelo menos,
na seara cordelista,
que no Estado de Goiás,
devem figuar na lista:
os nove citados antes,
e o menor dos figurantes,
que é Paulo Nunes Batista.

Deve haver, possivelmente,
mais outros que não citei.
Goiás é grande, e por ele

Levantemos nossas Vozes
desta Nação em defesa.
Façamos da Arte do Povo
a colossal fortaleza
por total independência
da estrangeira interferência
que nos atira à Pobreza.

Eu transfiro esta homenagem
ao Poeta Popular,
que em Goiás, com garra e brio,
soube o cordel preservar-
cada qual pelo seu lado-
F. Guerra Vascurado
e Antonio Sena Alencar.

Ao velho Antonio Geraldo,
versista de qualidade,
autor do belo folheto
Manifesto da Verdade.
Ao cordelista de feira
Napoleão Gomes Ferreira,
homem de cordelidade.

Ao amigo Antonio Geofrey
Wanderley, vate goiano,
que é Promotor ou Juiz
agora, se não me engano:
Cordelista com justiça,
de uma poesia inteiriça
que engrandece o Altiplano.

Ao bardo pernambucano
Antonio Alencar na via
do cordel, uma trincheira
defendendo a Ecologia.
Seu xará Antonio Sena
Alencar, tem hoje em cena
um novo irmão de poesia.

Ao jornalista de Anápolis
poeta José da Cruz,
que com boa inspiração
cordel goiano produz.
Ao Hélverton, de Goiás,
que cordel bonito faz
todo ainda não andei.
Cordelistas de bom porte
quem sabe existem no Norte
de Goiás, e que eu não sei.

Amigo Bariani Ortêncio,
numa segunda edição
daquele seu Dicionário
do Brasil Central, pois não
omita o nome CORDEL,
se pretender ser fiel
à cultura do torrão.

Ponha ponha o verbete cordel
na cultura de Goiás,
porque de fato e direito
cordel por aqui se faz.
E é cordel de qualidade,
que não teme na verdade,
ser passado para trás.

Grato, Instituto Goiano
do Livro, por este evento
que mostra o cordel ao Povo,
ao menos por um momento.
Grato à poetisa Yeda
Schmaltz, que de aço e seda
faz-se Flor de Sentimento.

Grato a Getulio Araújo,
que fez vir lá de Natal
Gutemberg Costa, que,
nessa missão cultural
defende nossas raízes,
valorizando as matrizes
da cultura nacional.

Agradecido aos presentes
que vêm nesta ocasião
prestigiar os poetas
do verso de pé no chão.
A Goiás agradecido
por haver me permitido
entrar no seu coração.

Faço poesia erudita
e o cordel do Povo faço-



nos trabalhos que conduz

Também a Antonio Justino
de Oliveira, cantador,
vulgo Canário do Norte,
um bom improvisador.
Barbeiro de profissão,
conta em sua produção
com folheto de valor.



































tecendo o verso que brota
nas asas do tempo-espaço
em que respiro e me movo.
A todos vocês, ao Povo
meu mais fraternal abraço.















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