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Artigos-->Veja: Petryficado pela obtusidade -- 29/06/2005 - 15:44 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Obtusidade anticlerical



por Marcelo Moura Coelho (*) em 25 de março de 2005



Resumo: Articulista da revista Veja adota festival de clichês e simplificações absurdas quando se trata de analisar a Igreja Católica.



© 2005 MidiaSemMascara.org





Quem lê a revista Veja toda semana, com certeza conhece o colunista André Petry. Ele faz o estilo iluminista anticlerical e de cada 10 artigos que escreve, 9 são para criticar o cristianismo, especialmente a Igreja Católica. A quantidade de clichês anticlericais que esse senhor dispara praticamente toda semana beira a mais completa obtusidade. Para Petry, que toma por evidente uma oposição (que não existe entre fé e razão), todos aqueles que realmente seguem os preceitos da Igreja Católica são um bando de ignorantes. Defender o direito à vida daqueles que ainda não nasceram, ou um pouco de ética na ciência é, na linguagem orweliana de Petry, criar um ambiente de trevas.



O artigo da edição de Veja do dia 16 de março não podia ser diferente, sendo também um primor da novilíngua petryana. Esse fato já é percebido apenas pela leitura do título do artigo: “Aborto, uma vitória católica”. Petry aproveita os dados de uma pesquisa encomendada pelo grupo “Católicas pelo direito de decidir” (outro primor de novilíngua, já que ou se é ou católico, ou se é a favor do aborto, tertium non datur) que indicam que, proporcionalmente, o número de católicos que defendem o aborto de anencéfalos e em caso de estupro e que o SUS ofereça o serviço de aborto nos casos previstos em lei, é maior que os defensores das mesmas posições na população em geral, para falar que o aborto é uma vitória católica. (Tanto Petry quanto o grupo de supostas católicas só se “esqueceram” de divulgar que entre os católicos, apenas 3% dos entrevistados são a favor do aborto em qualquer circunstância).



O problema é que Petry se esqueceu de um pequeno detalhe: o conteúdo doutrinal do catolicismo (assim como de todas as grandes religiões tradicionais, diga-se de passagem) não é definido democraticamente. Independente da discussão sobre a validade das diferentes religiões, todas elas têm em comum o fato de atribuírem a si mesmas o caráter de revelação divina, e uma revelação divina não pode ser alterada por opiniões humanas. Portanto, se a Igreja Católica se posiciona contra o aborto, não é por causa de opiniões pessoais do papa, de cardeais e de bispos, mas porque assim foi revelado. Se o colunista de Veja tivesse o trabalho de abrir a Bíblia ele encontraria versículos como estes:



“Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei”. (Jr. 1,5)



“Meus ossos não te foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda. Teus olhos viam o meu embrião. No teu livro estão todos inscritos os dias que foram fixados e cada um deles nele figura”. (Sl. 139, 15-16)



Encontramos, ainda, no catecismo escrito pelos Apóstolos (Didaché) a seguinte passagem:



“Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido”. (Didaché 2,2)



Por fim, a atual edição do Catecismo da Igreja Católica ensina que:



“A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida”. (Catecismo da Igreja Católica, § 2270)



E o que isso quer dizer? Que pessoas como os integrantes do grupo “Católicas pelo direito de decidir” e aqueles que concordam com o aborto em caso de estupro pensam assim não porque são católicos, mas apesar disso e contrariando frontalmente o ensino de toda a Tradição católica. Ou seja, o aborto não é e nunca será uma vitória católica, pelo contrário. Será uma derrota, não apenas católica, mas da vida.



No primeiro parágrafo a gramática petryana continua fazendo estragos. O colunista fala que o aborto integra a lista de direitos inalienáveis da mulher, lista que inclui direitos reprodutivos, direitos sexuais e direitos sobre o próprio corpo. Em outras palavras, a mulher tem o direito de fazer sexo sem se preocupar com as conseqüências, mesmo que essas conseqüências sejam a geração de uma nova vida, e ainda por cima tem o direito de achar que essa nova vida é apenas um órgão do corpo feminino que pode ser retirado como se fosse um apêndice. E quem disser o contrário é um defensor das trevas!



No penúltimo parágrafo de seu artigo Petry escreve que a Igreja Católica adota um enfoque chocante ao defender a necessidade de um boletim de ocorrência para os casos de aborto por causa de um estupro, pois, segundo ele, isso seria tachar as mulheres de mentirosas. Caso o obtuso colunista não saiba, estupro é crime, portanto precisa ser denunciado à autoridade competente, ou seja, a polícia. Além do mais, parece-me que num país onde as seguradoras exigem boletim de ocorrência em caso de acidente de carro para que o segurado tenha direito ao seguro, quanto mais se exigirá quando uma vida está em jogo. E, ao contrário do que Petry e o pensamento iluminista postulam, a Igreja Católica, seguindo os ensinamentos dos profetas judaicos e de Cristo, sempre ensinou que o homem foi corrompido pelo pecado e não é dotado de uma bondade natural, que, no caso em questão, impediria as mulheres de mentir.



Na verdade, chocante é o ódio que Petry demonstra contra a Igreja Católica



(*) O autor é Bacharel em Direito e membro do Instituto Liberal de Brasília.









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