ah, a falta que me fez a aurora na janela...
hoje, tudo púrpura, dourados
e o ar fresco da manhã que chega.
recupero a melodia cotidiana que me embala a alma.
nesse mundo de penas e risos,
de sonhos, ternuras
e silêncios repentinos,
eu sou a que canta
e se vem uma ou outra lágrima,
chegam novos cantos, versos,
promessas.
mesmo as promessas descumpridas
são doces.
ainda os sonhos não realizados valem
pelo encantamento da alma.
são como vozes de anjos,
murmúrios do universo,
esse universo em eterna festa
que fica nos rodeando, chamando
para a dança da vida.
aprender a amar
pelo prazer do sentir,
pela festa do coração,
pela emoção da pele
que adivinha o outro.
ah, o amor não se possui...
quero estar alegre por amar,
enterrar as coisas pequenas,
a ânsia natural humana
de reter nas mãos o intangível.
vale a emoção do olhar, do toque leve
que experimenta a superfície do outro
para penetrar-lhe a alma.
quero da vida o gozo,
o crescente desapego
até que possa sentir-me livre,
possuída pelo sentimento do universo.
ah, quantas vidas
até que possa ser
– em plenitude -
apenas aquela que caminha
e caminhando carregue somente
o doce prazer do próprio caminho?
|