Revendo os meus escritos. Alguns em forma de poemas. Outros bem rimados. Em versos metrificados. Até que fui surpreendido. A surpresa do inusitado. Tudo aquilo repetido. Copiado. Anunciado. Clonado. Ao estilo do passado. No mesmo mote da incerteza. Nos mesmos versos do refrão. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
A dívida pública continuava. Crescendo. Acumulando. E o povo, cada vez mais, endividado. Reclamando. E o governo, cada vez mais, tomando. Tomando dinheiro emprestado. Assim era no governo do Fernando. Que estava no fim. Graças a Deus, terminando. Restava-nos, apenas, esperar pela eleição. Para voltar a sonhar. A ter motivos para sorrir. Dar um basta naquela triste ilusão. Sonhar um dia com comida em nossa mesa. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
Não havia remédio. E o brasileiro passava mal. Andava nas filas do hospital. Procurando atendimento. Acordava cedo, sentia dores; um sofrimento! Sem assistência médica; não podia tratar do soeu mal. E o governo achava tudo aquilo normal. Não se comovia diante da dor da população. Gente que nascera sem coração. Que não se abatia diante de tanta tristeza. Imoral é a fome e a pobreza O desemprego e a corrupção
Sem leitura não se garante o futuro. E não havia escolas para o povo aprender. O Brasil do futuro estava sem futuro. Apesar das promessas e do juro. Do juramento. Das promessas hilariantes. Dos juros altos e baixos. Sem o ensino não há como o conhecer. O esclarecer-se. Eternamente ficaríamos no escuro. Como animal atrás do muro. Preso e amarrado ao seu desengano. Atordoado. Desequilibrado em suas quatro patas. Com fome e sem feno. Tolhido pela imensa escuridão. Ignorante. Sem qualquer compreensão. Não nos conformávamos com tamanha malvadeza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção
Em cascata, lágrimas corriam no rosto do presidente. Crescia o olho do presidente. Que aumentava impostos todo dia. Nova taxas e novas contribuições. A lei da mais valia. Já não valia nada. A receita que se cria. Que se amplia. Encarecendo a vida do brasileiro. Que de fome já morria. Como um campeão da miséria. O maior em tanta tributação. No país que convive com a sonegação. Que faz vistas grossas às falcatruas; que vende tudo em liquidação.Que facilitou a vida do ladrão; e à sua esperteza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção
Brasil de um governo que muito arrecadou. A preço de banana, tudo vendeu. E nunca um aumento concedeu. Que fizesse justiça ao trabalhador. Um mínimo que fosse. Que a tabela do imposto corrigisse. Que a dor de todos reduzisse. Para que pudesse à família dar atenção. Com alimento, segurança e habitação. Tirando a classe operária da incerteza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
Brasil jogado, inseguro, irresponsável. Perdendo a briga para o crime organizado. País sem armas, sem viatura e sem soldado. Brasil desarmado. Brasil que trás a população encarcerada. Enquanto o crime na rua faz sua morada. Soltando balões e rojões. Tiros de verdade. Apavorando toda a cidade. Sem medo e com ousadia. Matando as esperança da população. Balas e vidas perdidas. Mostrando com firmeza a fortaleza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
Brasil sem políticas para os encarcerados. Sem cadeias. De qualquer segurança. Não há respeito pelo agente carcerário. Nem o preso tem tratamento adequado. Nem o primário. Pouco trabalho. Na prisão ele é abandonado. Jogado. Nada se faz em nome da recuperação. Não há projetos de (re)socialização. E ficamos todos nesta imensa tristeza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção
Oito anos batendo na mesma tecla. Do prometido e não cumprido. Da estabilidade e do controle da moeda. Da moeda virtual. Da moeda irreal. De um dinheiro que está sempre em queda. Em relação a moeda que comanda. Somos perdedores desse jogo; dessa ciranda financeira; dessa rasteira. Somos vítimas de eterna especulação. Que o capital impõe à esta nação. Ditando normas e pondo as cartas na mesa. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
E assim o governo foi embora. Sem ter tratado das reformas como devia. Passou o tempo numa imensa letargia. Dois mandatos de poucos resultados. Muito dos quais desperdiçados. Sem valia. Sem avanços. Sem grandes feitos registrados. Época do crescimento insustentável. Tudo cresceu. O desemprego e a inflação. E de lembrança, a triste história do apagão. Dos escândalos e da falta de firmeza. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção
Mas surgia esperanças de luz no final do túnel. As luzes que iluminariam esta nação. Foram, de novo, acesas. Com a chegada da eleição. Nossa chance de consertar o presente. E construir um novo futuro. Para retirarmos o país dessa sombra, desse escuro. A esperança voltou a brilhar. A emoção estava no ar. Com muita paz, muito trabalho e muito amor. Com segurança, justiça social e educação. Haveríamos de mudar de rumo, virar a mesa. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.
Mas qual amigos e companheiros. Que decepção! Um ano de promessas. De viagens. Rotas na contramão. Na mesma estrada á direita. O retorno à estagnação. Bravatas e metáforas. O dizer sem nexo. Desconexo. O falar por falar. A arte de negociar. Com todos, menos com o povo. Caminhando no mesmo rumo. No mesmo tom e no mesmo prumo. Na mesma estação. Com a mesma intenção. Até a próxima parada. A parada final da reeleição. De volta toda a incerteza. Continuamos no mesmo refrão. Imoral é a fome e a pobreza. O desemprego e a corrupção.