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cronicas-->Sobre Luiz Gonzaga Júnior -- 11/12/2001 - 21:50 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Começaria tudo outra vez
se preciso fosse, meu amor
A chama em meu peito ainda queima, saiba
nada foi em vão

A cuba-libre da coragem
em minhas mãos
A dama de lilás
me machucando o coração
Na sede de sentir seu corpo inteiro
coladinho ao meu

Então eu cantaria a noite inteira
como já cantei, eu cantarei
As coisas todas que já tive
tenho e sei
um dia terei

A fé no que virá
e a alegria de poder
olhar pra trás
e ver que voltaria com você
de novo viver
nesse imenso salão

Ao som desse bolero
vida, vamos nós
e não estamos sós
veja meu bem
a orquestra nos espera
por favor, mais uma vêz
recomeçar

Mais uma vez e sempre
recomeçar

Todo dia recomeçar

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio
de Janeiro, filho de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos
Santos, cantora do Dancing Brasil.

"Venho de Odaléia uma profissional daquelas que furam cartão e de vez em
quando sobem no palco; ela cruzou com meu pai e de repente eu vim"
(Gonzaguinha)

A mãe morreu tuberculosa dois anos depois e o pai, não podendo cuidar do
menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos

"Dina (Leopoldina de Castro Xavier) e Xavier (Henrique Xavier), baiano do
violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São
Carlos foram eles que me criaram e por isso eu toco violão. (Gonzaguinha)

As primeiras letras Gonzaguinha aprendeu numa escola local, mas as
verdadeiras lições de vida recebeu pelas ladeiras do morro. Quando garoto,
para conseguir algum dinheiro, carregava sacolas na feira.

Moleque Luizinho - seu apelido de infància, ia aprontando das suas. Pipas,
peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infància. Como as três
vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois,
com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse
olho.

No carnaval fugia com Pafúncio, um vendedor de caranguejos que morava nas
redondezas e era membro da ala de compositores da Unidos de São Carlos, a
partir daí, o samba estaria definitivamente em sua vida. Nas ruas do
Estácio, Gonzaguinha ia crescendo, entre a malandragem dos moleques de rua e
o carinho da madrinha.

Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas
visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população,
Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária
vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.

O aprendizado musical se fez em casa mesmo, ouvindo o padrinho tocar violão
e tentando fazer o mesmo:"Sempre toquei um instrumento e poderia chegar a
tocar bem, sendo um músico profissional, coisa que não sou. Sou um
compositor e um intérprete que também toca violão, mais não sou músico nem
tenho intenção de me arvorar a sê-lo" (Gonzaguinha)

Quando pequeno, Gonzaguinha ouvia Lupicínio Rodrigues, Jamelão e as músicas
de seu pai. Gostava de bolero e era assíduo frequentador de programas
sertanejos. Ouvia também muita música portuguesa, pois D. Dina sua madrinha
e mãe adotiva, era filha de portugueses e manteve-se ligada às tradições
familiares.

Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças
da Primavera. Pouco mais tarde , compós Festa e From U.S of Piauí, que seu
pai gravaria em 1967.

Em 1961, Gonzaguinha, que estava completando 16 anos, foi morar com o pai em
Cocotá. Xavier e Dina não podiam dar estudos para o garoto, que queria
estudar economia.

Neste ano Gonzaguinha estudou muito, desde então jamais repetiu um ano, lia
todos os jornais e guardava tudo num saco de estopa, ele dizia que esses
jornais podiam ajudar ele nos estudos. Só depois de formado é que ele jogou
tudo fora.

Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para
a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São
Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.

Em dezembro de 61, ocorreu o primeiro acidente automobilístico de sua vida,
em viagem com o pai e uma amigo, a caixa de mudança do carro enguiçou, isso
ocorreu no Rio, em direção a Miguel Pereira, Gonzagão ficou um mês
hospitalizado, e Gonzaguinha só sofreu um grande susto.

Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino
acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o
"homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não
só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências
Económicas Càndido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não
dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.

O começo da amizade com Ivan Lins e alguns outros teve inicio na rua
Jaceguai, na Tijuca onde morava o psiquiatra Aluízio Porto Carrero, um homem
que gostava de levar pessoas a sua casa para longas conversas, jogos de
cartas ou uma roda de violão.

Foi nesta casa que Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos
seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda .

Das rodas de violão na casa do psiquiatra nasceu o M.A.U. (Movimento
Artístico Universitário) e dele faziam partes nomes como Ivan Lins, Aldir
Blanc, Paulo Emílio, César Costa Filho. "Éramos um Grupo com pretensões de
romper as barreiras do mercado de trabalho, com a consciência de que os
festivais não projetavam ninguém" (Ivan Lins). O MAU acabaria sugado pela TV
Globo que em 1971 lançava o programa "Som livre exportação".

Nos primeiros dois meses as coisas caminharam bem e o grupo fez grande
sucesso. Passando esse período, na hora da renovação do contrato, a Globo só
queria Ivan Lins, Gonzaguinha e César Costa Filho. No início eles procuraram
manter-se unidos , "na base do ou assina todo mundo ou ninguém assina".
Passados os primeiros dias, as grandes somas envolvidas, as diferenças
pessoais e outros fatores cindiram o grupo. O programa continuou por mais
algumas semanas, comandado por Ivan lins, que foi o que mais vacilou na
defesa do grupo.

"Não era uma questão de eu ser mais ou menos forte que o Ivan. É uma questão
estrutural. Só isso. A minha imagem de antipatia não permitia que as pessoas
tentassem me cooptar. Isso me deixava muito distante. (Gonzaguinha)

Foi nessa época que se difundiu a imagem de Gonzaguinha como um artista
agressivo, chegando um jornalista a chamá-lo de "cantor rancor". Para o
compositor, sua agressividade foi criada pelo sistema para ele vender mais.

Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a
música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os
jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a
baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te
deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da
Nação tudo aquilo que for ordenado".

Muita polêmica, uma advertência da censura mas, em compensação, o compacto
gravado pelo compositor, que estava encalhado nas prateleiras das lojas,
esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do quase anonimato para
as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para gravar um novo
disco.

Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo
foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a
prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do
compositor ao orgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72
à censura - 54 foram vetadas!

Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu
trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções
alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não
podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas
opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.

Em 1975, Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental
para sua carreira, segundo Gonzaguinha a vantagem de trabalhar independente
dos empresários está nos contatos que o artista mantém com várias pessoas, o
que concorre para recuperar se a base humana do trabalho.

O ano de 1975 foi particularmente importante na vida do compositor: tendo
contraído tuberculose, Gonzaguinha viu-se obrigado a passar oito meses em
casa e aproveitou o tempo para meditar e refletir sobre si mesmo. Neste
período acabou chegando a algumas conclusões importantes.

"Achei que devia retomar toda uma espontaneidade em termos de apresentação,
de estar no palco como se estivesse em qualquer outro lugar" (Gonzaguinha)

O ano de 1975 também marcou o início das suas excursões pelo Brasil, em que
rodou todo o país de violão. Com isso, conseguiu solidificar as bases
nacionais de sua arte e descobriu a importància de seu pai, na música
popular brasileira.

Em 1976, Gonzaguinha gravou o LP Começaria Tudo Outra Vez. O disco, de
acordo com o próprio autor, representou a capacidade de voltar ao início da
carreira, retomar a espontaneidade perdida e "assumir a coerência de um
trabalho que vem se estendendo há muito tempo"

Depois disso, sua carreira constituiu um coleção de sucessos, tanto nas
apresentações ao vivo como nos diversos LPs que lançou, entre os quais
Gonzaguinha da vida (1979), Coisa Mais Maior de Grande (1981), Aló, Aló
Brasil (1983), em toda essa trajetória, Gonzaguinha tem demonstrado, ao lado
de qualidades artísticas indiscutíveis, uma grande coerência de idéias sobre
a arte, a vida e a dimensão política do homem.

Seus últimos 12 anos de vida, Gonzaguinha passou-os ao lado de Louise
Margarete Martins - a Lelete. Desta relação nasceu Mariana, sua caçula,
afilhada de Fagner, amigo e parceiro em músicas que permanecem inéditas. Até
hoje Lelete e Mariana vivem em Belo Horizonte, cidade onde Gonzaguinha viveu
durante dez anos.

A vida em Minas, mais calma, com longos passeios de bicicleta em torno da
lagoa da Pampulha, marcou um período mais introspectivo de sua carreira. O
músico dedicava-se a pesquisar novos sons dividindo-se entre longos períodos
em casa e demoradas turnês de shows pelo país.

A mais importante dessas turnês talvez tenha sido com o show "Vida de
Viajante", ao lado do pai Luiz Gonzaga, em 1981. Não apenas um show, "Vida
de Viajante" selou o reencontro de pai e filho, a intersecção de dois
estilos, o Brasil sertanejo do baião encontrando o Brasil urbano das canções
com compromisso social e uma só paixão - o palco.
Se "Todo artista tem de ir aonde o povo está", lá estavam pai e filho
deixando mágoas, desavenças, ressentimentos na poeira das estradas. Viajando
juntos por quase um ano, mais do que se perdoaram - tornaram-se amigos. Não
houve reconciliação, houve compreensão



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