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Cronicas-->Amigo Secreto -- 11/12/2001 - 17:42 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Com dez anos de idade ganhei um órgão eletrónico da Atma. Acho que ele está na casa da minha avó, e não sei se ainda funciona. A primeira música que aprendi a tocar (tocar no sentido de que o teclado era numerado e bastava olhar no livreto para encontrar a tecla correspondente) foi Noite Feliz. "Noite Feliz, Noite Feliz". Eu não entendia como uma melodia tão deprê podia ser intitulada de Noite Feliz, mas mesmo assim eu tocava, para orgulho do meu pai. Então quando começo a ouvir esta música, mais Happy Christmas em sua versão original e aquela da Simone "Então é Natal..." é que percebo que mais um ano está indo embora e que ficarei um pouco mais experiente. Não, não vou ficar filosofando acerca do espírito do Natal. Nem da neve que insiste em cair nas propagandas de produtos, ainda que o comercial tenha sido gravado em Fortaleza. Hoje não é este o caso. Quero falar sobre uma coisa muito intrigante que acontece quando o fim de um ano se aproxima.

Não gosto de presentes. Nem de dar, nem de receber. Não gosto de ganhar presentes porque me sinto na obrigação de retribuir. Aconteceu quando eu era adolescente. Tive uma namorada intelectual, comunista, que se dizia avessa a modismos. Mas, na véspera do Natal, como fazia em todos os finais de semana, fui à sua casa. "É pra você!" - ela abriu um sorriso espontàneo. Quase morri de vergonha. E também não tenho simpatia em presentear simplesmente pelo fato de que eu nunca sei o quê dar de presente. Então, nos amigos secretos da vida, se o cidadão não for bem específico, começa minha tortura. Tem que ser bem explícito: CD do Fulano de Tal, título e, se possível, o ano de gravação. Ou o livro do autor X, intitulado Y, editora Z. Se o sujeito me pede uma camisa, aí é que eu fico louco. De mangas compridas ou curtas? Branca, azul ou grená? Sapato esporte, social, pontiagudo ou de bico quadrado? E o modelo? Nem sempre o que escolho agrada o sujeito. Acho que a invenção do vale cd e do vale livro se deve a existência de gente como eu. Indecisa, insegura, quase uma Mari Alexandre. Só que a coisa devia se expandir: vale lenço, vale camiseta, vale isso, vale aquilo...

- "Cê" vai entrar no amigo secreto?

Esta pergunta me corta o coração. Não que eu seja anti-social ou muquirana. É que essa coisa de não saber o que comprar me incomoda de verdade. Fora os quinze sorteios que antecedem o sorteio final, o que vale de verdade por assim dizer. É um tal de fulano desistir porque a sogra está doente, porque arrumou uma viagem de última hora ou coisa do gênero. Numa mesma brincadeira você tem um amigo e um inimigo secreto. E quando se pega o chefe? Putz! Necessariamente o presente dobra de preço. Por uma questão de consideração, é claro! Este ano aconteceu comigo. Meu chefe até que é bacana, acho que não vai se importar muito com o que vou lhe dar. Na verdade ele é meio parecido comigo. Entra para não parecer antipático.

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