Usina de Letras
Usina de Letras
75 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62201 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10353)

Erótico (13567)

Frases (50601)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4762)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Benedito Britto -- 04/06/2005 - 21:47 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Benedito Britto ?





Quando dr. Miguel Calmon soube que fora nomeado reitor da Universidade Federal da Bahia foi logo ao gabinete de Jayme Villas-Boas Filho, seu sobrinho e superintendente de Recursos Humanos do Banco Econômico, onde eu me encontrava, e pediu a ele que lhe indicasse um nome para a chefia do gabinete. Queria um homem de ação,enérgico, com boa capacidade de decisão, a quem desejava entregar o comando administrativo da Reitoria, "a cozinha da casa", como ele definiu, já que pretendia reservar para si a formulação da política e do planejamento da Universidade.

Dr. Miguel era tão desprendido, tão desambicioso e tão preocupado em dar o bom exemplo, que não queria qualquer parente com ele no serviço público, tal como fizera no Ministério da Fazenda, embora possuísse vários sobrinhos e sobrinhas competentes e talen-

tosos!

Dr. Jayme Villas-Boas disse a ele: - Leve Paulo, referindo-se a mim, ali presente.

- Paulo, não, pois é seu braço direito e eu não quero afastá-lo do banco! Indique outro!

- Leve Zitelmann, disse eu, com a imediata concordância de dr. Jayme.

- E quem é esse Zilteman, indagou ele.

- Zitelmann é o chefe da área de comunicação social da minha Superintendência, que eu trouxe para o banco o ano passado, disse dr. Jayme. É jornalista, professor da Universidade e além de competente, é bastante autoritário.

-Chame ele aqui que quero conhecê-lo!

E foi assim que Zitelmann de Oliva conheceu e ligou-se de modo entranhadamente afetivo ao reitor Miguel Calmon, a quem serviu com o maior devotamento durante os quase três anos de seu extraordinário reitorado.

Do mesmo modo que transferiu a Zitelmann, a quem não conhecia, funções da mais alta relevância e confiança, assim também fez com Marily Andrade, que Zitelmann indicou para sua secretária.

O terceiro componente de sua equipe administrativa – que ele também nunca vira - foi Benedito Britto, sobre quem quero falar hoje.

Esse, foi outra descoberta de Zitelmann, devorador insaciável dos principais jornais do país.

Lendo certo dia o "O Estado de São Paulo", Zitelmann chamou-me a atenção para u´a matéria que apontava um bolsista baiano da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia como um dos mais brilhantes estudantes brasileiros que passaram pela Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, o Professor Benedito Britto.

- Você o conhece?

-Benedito Britto? Não! Não sei quem é! Que curso ele fez?

-"Administração Regulatória".

- 0 que?

- Isso mesmo, "Administração Regulatória”.

-Que diabo é isso?

-Não sei, mas logo vamos descobrir, disse Zitelmann, que, no dia seguinte já sabia quem era Benedito Britto, embora não tenhamos descoberto o que vinha a ser a "Administração Regulatória", campo do mestrado do professor.

Este, não demorou a aparecer, pois tão logo apresentou-se à Escola de Administração foi encaminhado à Reitoria para entrevistar-se com o temido chefe de gabinete.

E, afinal, lá estava ele, numa bela manhã: baixinho, magro, trigueiro, cabelo encarapinhado, óculos de grau, ar inteligente e interrogativo, voz metálica, tudo isso exibido através de notável simpatia, simplicidade e modéstia.

A principio, recusou o cargo de chefe do Departamento de Administração - não tinha qualquer experiência na área, era formado em direito e pretendia exercer as atividades no magistério, para isso fora especializar-se no exterior.

Mas, não resistiu à contundência de Zitelmann e muito menos à sedução de dr. Miguel, que confirmou o convite e nomeou-o logo em seguida.

E assim, por um desses acasos da vida, roubamos para o resto de seus dias parte do tempo do estudo e do interesse que esse extraordinário professor gostaria de dedicar com exclusividade à pesquisa e à experimentação no campo do ensino e do aprendizado.

Inicialmente, centrou-se todo no Departamento de Administração Geral da Universidade, dedicando-lhe entusiasmada atenção. Dotado de excepcional capacidade de organização e sistematização, em pouco tempo racionalizou todos os serviços, voltando-se, entrementes para a motivação dos funcionários e, o que é fantástico nele, para aproveitar de cada um a porção que se sobressai e que constitui o ponto forte da pessoa.

Sem renunciar inteiramente à cadeira que lecionava na Escola - Introdução à Administração – teve, não obstante, que adiar seus projetos de revolucionar o ensino, na condição de mestre preocupado com a maneira de facilitar o aprendizado.

Mesmo a morte do reitor Miguel Calmon não o afastou do Departamento de Administração, pois o professor Roberto Santos, que assumiu a Reitoria, fez questão de mantê-lo no cargo.

Não obstante, todos nós que acompanháramos dr. Miguel à Universidade já estávamos de volta ao Banco Econômico e não poderíamos mais refazer nossas vidas sem a presença de Benedito Britto.

Desse modo, numa decisão extremamente feliz, trouxemo-lo para dirigir o setor de treinamento de pessoal do banco onde, afinal, ele poderia conciliar seu talento de organizador com sua vocação de professor.

Neste 1987, faz vinte anos que ele veio para nosso grupo e provavelmente não houve um só dia nesse tempo todo em que ele não estivesse às voltas com uma nova idéia, com um novo projeto. Pois entre suas características mais marcantes estão uma prodigiosa criatividade, o gosto da leitura e do estudo e a capacidade de "tocar"as pessoas com seu entusiasmo que é inesgotável e contagiante.

Das muitas pessoas fascinantes que tenho conhecido em minha vida, talentosas, generosas, humanas, Benedito ocupa lugar de honra. Ter trabalhado com ele nos últimos 11 anos foi uma experiência realmente emocionante e enriquecedora.

À frente do nosso Departamento de Desenvolvimento de Pessoal ele inovou os processos didáticos da aprendizagem profissional, montou dezenas de cursos de formação e reciclagem e construiu a sólida reputação que o banco granjeou nesse campo nos meios empresariais brasileiros.

Apenas pela aparência das coisas todo mundo lá no banco achava que eu era o chefe de Benedito, quando na verdade ele é que me liderava.

Pois não é ao líder que cabe ensinar, inclusive com o exemplo, motivar, orientar, corrigir? E não foi isso que ele sempre fez comigo e com suas quatro dezenas de subordinados, verdadeiros seguidores de uma ideologia do comportamento gerencial?

Eu já não atuo nessa área e nem mesmo pertenço aos quadros do Banco. Agora, dirijo uma entidade de previdência complementar ligada ao "Grupo", onde devo encerrar minha carreira bancária.

De toda essa profunda mudança na minha vida, depois de 34 anos de atividades na empresa, a única frustração é não trabalhar mais com Benedito Britto. Embora na meia idade, ainda poderia aprender muita coisa com ele!

27/08/87

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui