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Artigos-->Pelo amor de Deus, Waldir, não! -- 02/06/2005 - 17:07 (Paulo Maciel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PELO AMOR DE DEUS, WALDIR NÃO!









Desde ontem vejo nos jornais da terra que setores da oposição se articulam para lançar a candidatura do dr. Waldir Pires à prefeitura de Salvador, sob o pretexto de que ele aparece com destaque nas pesquisas de opinião.



Deus nos livre disso, e a ele também!



Pelo título do artigo e pela imprecação acima pode-se pensar que eu não gosto de dr. Waldir. Ledo engano!



A primeira vez em que votei na vida, com pouco mais de 18 anos de idade, foi em Waldir, na eleição para governador, em que concorreu com Juracy Magalhães.



Mais tarde, dei-lhe meu voto para deputado federal e, afinal, ajudei-o o eleger-se governador da Bahia com uma votação espetacular.



O que me impressionava em Waldir Pires era sua independência intelectual, sua capacidade de formular conceitos e seus conhecidos princípios democráticos e morais. E, além disso, Jayro Simões, meu inesquecível amigo e parente era companheiro fiel dele.



Mas, uma coisa é conhecer a pessoa à distância, num papel de oposicionista e paladino das liberdades cívicas, um quase herói para quem partilha dos mesmos ideais, e outra, muito diferente, é assistir a seu dia-a-dia de administrador, obrigado a estabelecer as prioridades dentro do regime de escassez de recursos que é a constante dos estados e municípios e a operar as ações que vão dar curso aos planos e programas pré-estabelecidos, ou seja, tomar as decisões necessárias e implementá-las no menor prazo possível.



A visão de Waldir governador foi decepcionante, menos pelos objetivos que conseguiu definir e mais pelo excesso de regras e critérios que estabeleceu para a deflagração da ação executiva.



Nossa frustração só não foi maior porque ele nos reservou uma decisão ainda mais chocante para o final inesperado de seu mandato: a renúncia ao governo para candidatar-se à vice-presidência da república na chapa de Ulisses Guimarães, um posto tão inexpressivo que só com muito esforço e consultas a enciclopédias se consegue lembrar os nomes dos ocupantes dessa função em nosso país.



Seus inimigos e muitos amigos também acham que ele aceitou a triste missão para livrar-se do peso que representava governar a Bahia, e da descoberta de que não tinha vocação para o cargo executivo.



Mas, voltando à prefeitura da cidade do Salvador, é de perguntar-se: porque o dr. Waldir Pires aceitaria candidatar-se a ela, ele que ocupou postos tão mais importantes em sua carreira política?



Na resposta a essa questão está o principal motivo de minha reprovação a esse propósito, pois desconfio que o objetivo do dr. Waldir Pires é um só, o mesmo de sempre: manter-se à crista da onda e tentar derrotar o “carlismo”!



Ele, como de resto toda a incompetente oposição bahiana, não têm programa de governo, pois se contentam em dirigir seus esforços e inteligência exclusivamente com a finalidade de combater Antônio Carlos Magalhães.



Ora, não é preciso ser nenhum gênio para reconhecer que o dilema carlismo-anticarlismo só serve a uma pessoa, que é o próprio Antônio Carlos, indubitávelmente um político de grande argúcia que, certamente, vive a desafiar e estimular seus adversários a derrotá-lo.



Por outro lado, ouvir o dr. Waldir Pires, um homem com vivência e cultura intrernacionais, chamar os partidos de esquerda de progressistas, é querer zombar de nossa boa fé e inteligência. Depois de tudo que aconteceu no mundo nesses últimos dez anos, não há nada mais anacrônico do que esses partidos ainda submetidos a uma ideologia que só faz perpetuar nosso atraso!



O que se quer hoje dos dirigentes é que tenham criatividade, pragmatismo, jogo de cintura, capacidade de alavancar recursos com parcerias e junto a organismos financiadores de projetos, e determinação e vontade política para realizar as reformas e mudanças reclamadas pela população, todas que devem visar seu bem estar, seu desenvolvimento, a educação, a saúde, a habitação e o transporte público, para ficar apenas nas prioridades indiscutíveis dos setores sociais.



Hoje já não importa muito saber se os homens capazes de administrar bem os recursos públicos em consonância com os anseios do povo estão vinculados a partidos de direita, de centro ou de esquerda.



Assim, se Antônio Carlos Magalhães consegue tais objetivos, as pessoas votam nele, do mesmo modo como podem eleger Ciro Gomes, Antônio Brito, Paulo Maluf ou Erundina e, a não ser os sectários, pouco se incomodam que sejam da esquerda ou da direita.



Os discursos rançosos que a gente já ouviu centenas de vezes não levaram nosso país a lugar nenhum e, afora os direitos básicos assegurados pela democracia ao cidadão, tudo mais é passível de mudança, desde que se tenha em mente o bem comum.



Pelo que tenho lido nos últimos anos, dr. Waldir Pires aparece como um político a favor do nada, na contra-mão da história, de braços dados com pessoas ainda embrutecidas pelo preconceito, as cabeças alugadas a dogmas e ideologias, os mesmos que levaram regimes políticos a ignorar a dignidade humana. Gente que defende teses retrógradas, desde a unicidade sindical, de conveniência das lideranças despreparadas até a manutenção de um sistema previdenciário injusto e desfocado da realidade, que em algum tempo se mostrará inviável.



São pessoas que não têm qualquer projeto e combatem ardorosamente os que nos oferecem alternativas válidas.



Fora com eles!



março de 1996

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