FÁTIMA VILANOVA é Ouvidora da Universidade Estadual do Ceará e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos
Publicado no jornal O POVO, de 31 de maio ce 2005
Notícias de corrupção, veiculadas pela mídia, deixam perplexa a sociedade brasileira. As ratazanas infestam a administração pública, de Norte a Sul, de Leste a Oeste do País, no âmbito da União, estados e municípios. Os ratos se instalam nos cargos com pose e ôcostas largas®, como cidadãos acima de qualquer suspeita. Gravitam em torno do poder e de poderosos, numa trama diabólica, onde o objetivo é avançar sobre o erário para ampliar o patrimônio pessoal, o poder político, sem nenhum drama de consciência e com a certeza da impunidade. Enquanto isso, as mazelas sociais se aprofundam, por falta de atenção e investimentos dos governos.
A corrupção não é inofensiva como pretendem os corruptos. A corrupção mata todos os dias nos postos de saúde e hospitais públicos, por falta de estrutura de atendimento adequado, face aos recursos desviados ou mal aplicados. A corrupção, por igual motivo, cega a Nação, ao deixar milhões de brasileiros fora da escola. A corrupção destrói sonhos e esperanças de quem quer viver dignamente, ganhando o sustento com o trabalho honesto, porque os que assumem o poder, via de regra, não estão preocupados com o desenvolvimento do País, com a geração de empregos, com uma vida decente para todos. Buscam o enriquecimento ilícito, a sangria das riquezas da Nação para usufruto particular e da rede que dá sustentação a todo tipo de ilicitude com o dinheiro público.
Precisamos de mais indignação cívica e de providências no combate à corrupção e à impunidade. Temos que cobrar postura ética exemplar de cada um de nós em particular e dos três Poderes da República: Legislativo, Executivo e Judiciário. Sem ética nas relações sociais é impossível construir um país justo.