O RAPAZ PRATEADO
Hoje vi um rapaz prateado na rua e lembrei que eu ficava intrigada, quando pequena, com o ‘sonho dourado’ que os adultos falavam. Pensava que no sonho eles viam tudo dourado mesmo, até que um dia entendi do que se tratava... Mais tarde passei a classificar meus próprios sonhos: dourados ou prateados, conforme a intensidade dos desejos. Talvez também pela dificuldade ou facilidade em realizá-los. Pesadelos não entravam na lista, é claro. Hoje usam dizer ‘sonho de consumo’, expressão que não me agrada, pois nem sempre é possível ‘comprar’ ou ‘vender’ sonhos. Aliás, até que seria interessante se houvesse lojas de sonhos. Já pensou?... Ideias para aqueles que só enxergam a dura realidade, consultoria para pessoas deprimidas, construa seu sonho passo a passo... Ou quer um sonho pronto? Cada um mais bonito que o outro... Pessoas dotadas de forte imaginação poderiam trabalhar ali. Cargos de chefia seriam ocupados por indivíduos de extrema sensibilidade, ajudados por assessores dotados de muita criatividade...
Entretanto, bom mesmo é perceber dentro da nossa própria alma o brotar de um sonho. Assim que o botãozinho desponta passamos a regá-lo com a imaginação e ajudado com um empurrãzinho aqui e outro ali, ele vai tomando forma... Se os elementos nele contidos forem plausíveis, chegará o dia em que poderemos realizá-lo.
Quanto aos sonhos impossíveis, nada nos resta senão curtir as emoções que ele propicia, semelhante a um filme em que, junto com os atores, vivemos, nos alegramos, choramos e sofremos. Ficção pura.
Beatriz Cruz
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