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Artigos-->A elaboração do currículo escolar na conjuntura atual -- 27/05/2005 - 14:02 (daniel oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Não se pode falar em qualquer época de qualquer coisa; não é fácil dizer qualquer coisa que seja nova†Foucault



Quando pensamos na escola como lugar do desenvolvimento do conhecimento, de práticas culturais e inserção da criança em um mundo de linguagem diferenciada, podemos incorrer no risco de não enxergar as verdadeiras tensões e problemas existentes em qualquer instituição de ensino. Primeiramente porque a linguagem não pode ser tão diferenciada assim daquela usada no cotidiano das pessoas. Ou seja, para que seja eficaz um sistema de ensino, o indivíduo deve ter sua realidade representada na escola, ou certamente aquilo que deveria ser um processo de formação educacional não passará de perda de tempo, uma simples incursão a um mundo de que ele não faz parte.

Já ouvimos dizer que uma escola é boa, ou que outra não o é; mas por que disso? Qual critério usamos ao avaliar uma escola? Sua política pedagógica? Sua infra-estrutura espacial, ou seu nível de aprovação? Qualquer que seja a resposta certamente ela deve contemplar questões aparentemente invisíveis, tamanho o imbricamento com a realidade cotidiana. São problemas óbvios de uma sociedade como um todo e não de uma parte isolada, no caso a escola.

Uma tendência mecanicista de ver o mundo cega muitas pessoas para as verdadeiras “batalhas†que se dão em todas as instituições do país, como em qualquer outro lugar. Batalhas onde a vitória implica na construção de sentido que é dado às coisas. As disputas por espaços de grupos sociais nas instituições de saber influenciam na construção do currículo empregado na educação dos alunos. São visões hegemónicas que se legitimam de forma impositiva ou negociada silenciando outros saberes e valores em benefício do seu.

Podemos enumerar os principais grupos que têm seus saberes silenciados pelas questões de conveniência descritas acima. São excluídos do ensino educacional formal as culturas indígenas, a das crianças e jovens, das etnias minoritárias e sem poder, do mundo feminino, da homossexualidade, do mundo rural e ribeirinho, dos deficientes físicos, dos idosos e dos países periféricos de terceiro mundo e suas enormes populações pobres.

No Brasil sentimos essa discriminação diferenciada do resto do mundo, como é próprio de ser. Cada Povo, Estado ou Nação têm suas peculiaridades e formas de organização, de ver e interagir com a realidade. O que não se pode negar é que a educação é uma questão mundial.

A pouco tempo atrás assistimos ao forte tremor económico que sacudiu os nossos vizinhos argentinos. Sofreram com a forte desvalorização de sua moeda, desemprego e crises políticas, e no entanto conseguiram administrar as adversidades de forma a preservar suas instituições e a democracia. Muitos atribuem essa capacidade de reestruturação do povo argentino à educação de sua população. Isso só demonstra como a educação é importante para o desenvolvimento de uma sociedade. Obviamente que o sistema escolar argentino sofre de todos os problemas conhecidos por nós brasileiros, e tem também a ausência de saberes que são discriminados aqui no Brasil. Mas a educação em qualquer lugar do mundo é peça fundamental para o desenvolvimento e estabelecimento de uma realidade mais justa, principalmente se direcionada no sentido do exercício da cidadania e democracia.

O que precisa haver é a incrementação do currículo escolar de saberes de grupos minoritários e/ou marginalizados que também têm capacidade de contribuir para um mundo mais feliz. Dessa forma, a valorização da multiplicidade de conhecimentos ajudará a enriquecer o debate na busca de mais justiça social.

No Brasil temos uma relativa abertura na formulação de políticas pedagógicas nas diferentes escolas e regiões. Porém, o ensino se ainda está muito longe de abarcar as diferentes realidades do nosso território. Então como incluir essas vozes silenciadas ausentes no currículo escolar sem provocar um inchaço ainda maior nos conteúdos escolares?

Certamente que primeiramente escutando o que têm a dizer esses grupos marginalizados e trabalhando com a valorização da diferença numa tentativa de corroer os preconceitos.

Muitos fatores exercem sobre as pessoas peso considerável na forma de organização de suas vidas. Sua condição económica, social, religião e cor, etnia, etc. Como então, num mundo tão diversificado definir as prioridades no sistema escolar de quais saberes serão ensinados? Num mundo multicultural, só o desenvolvimento da alteridade, do respeito ao outro, das diversas possibilidades do real poderia aproximar as pessoas daquilo que verdadeiramente importa: a felicidade, o respeito, a tolerància e a harmonia entre os diferentes.

Revisões no currículo escolar devem, portanto, assumir como valor máximo o respeito a democracia para ser possível formar verdadeiros cidadãos e um país mais justo e com um potencial real de se desenvolver sendo menos pobre e desigual.

Se o sentido que queremos dar à sociedade é o da valorização da democracia, solidariedade e formação de sujeitos ativos e críticos, a instituição escolar deverá ser empenhar no cuidado com a comunidade percebendo sua inserção no contexto local e nessa localidade trabalhar para entender e melhorar sua realidade concreta.

Assim, trabalhar os valores marginalizados e seu povo não pode ser de forma a trair sua contextualização, mas tentando aproximar os temas com a realidade dos alunos, com sua experiências de vida, sem contudo reproduzir o preconceito ao diferente, a esteriotipação, a demagogia e também o paternalismo.

A vida escolar não pode ser dissociada da realidade cotidiana dos alunos. Elementos sociais e económicos influenciam de forma significativa em todos os aspectos da vida de uma pessoa. Dessa forma o desemprego e a falta de perspectiva de pais e alunos dizem muito sobre seus projetos para o futuro. Assegurar um desenvolvimento humano para as sociedades parte de entender a dinàmica cotidiana que a cerca para então atuar de forma a possibilitar o engajamento dos próprios indivíduos numa política eficiente de combate a desigualdade e marginalização dos povos. Só assim será possível uma verdadeira inclusão das pessoas e formação de renda, com empregos e escolarização, no país que desejamos construir.





















Referências Bibliográficas





Texto Baseado No Capítulo Iv Do Livro De Jurjo Torres Santomé





BOURDIEU, Pierre. Futuro de classe e causalidade do provável, 1974. In: Escritos de Educação/ Maria A. Nogueira e Afrànio Catani (organizadores). Petrópolis, RJ. Vozes, 1998.



_________________ Os três Estados do capital cultural, 1979. In: Escritos de Educação/ Maria A. Nogueira e Afrànio Catani (organizadores). Petrópolis, RJ. Vozes, 1998.



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