A arte preocupa-se em figurar, com os seus meios, a realidade que
se apresenta sob forma caótica na vida cotidiana. Para isso, ela nos
apresenta uma figuração sensivel imediata da realidade, através
da criação de um meio hemogêneo próprio da atividade artistica.
A criação desse meio hemogêneo, na arte, significa uma ruptura
com a vida cotidiana, marcada pela heterogeneidade, na qual o
homem só participa da superficie dos fenômenos. A arte e a ciência
são formas desenvolvidas de reflexo, de recepção, da realidade
objetiva na consciência dos homens. Por isso, a estética inicia-se
com uma reflexão sobre o cotidiano, depois desenvolviida por
diversos autores, que a transformaram em tema básico de pesquisas
históricas e sociológicas. A arte e a ciência são consideradas
como formas puras de reflexo. Entre ambas situa-se aquela forma
própria de reflexo que constitui a vida cotidiana. Essas forma de
reflexo referem-se sempre à mesma realidade e operam com as
mesmas categorias. Aqui, reitero a visão monista e ontológica da
realidade, ao entender as categorias lógicas como manifestação
do ser social e não como construção a priori do pensamento.
Enquanto a arte e a ciência se desenvolvem intensamente e, por
isso, atingem uma visão depurada da realidade, o pensamento
cotidiano debate-se com os seus limites. Dessa forma , a estética
inicia-se com uma reflexão sobre o cotidiano. O grande artista e
critico, Georg Lukacs sempre defendeu apaixonadamente o
método realista enquanto critério para o critíco julgar a obra de arte
e também o caminho para o artista revelar a verdade em sua criação.
De acordo com essa perspectiva, a arte afirma-se irredutivel
especificidade, como uma intensificação do drama humana que
na vida cotidiana se apresenta de uma forma descontinua,rarefeita.
No sistema hegeliano a arte desponta como o primeiro momento
de afirmação do espirito absoluto, a ser superado, em seguida,
pela religião e pela filosofia. A arte , portanto, educa o homem
fazendo-o transcender à fragmentação produzida pelo fetichismo
da sociedade mercantil. Nascida para refletir sobre a vida cotidiana
dos homens, a arte produz elevação, que no final, faz uma operação
de retorno. Este processo circular produz um contínuo enriquecimento
espiritual e cultural da humanidade.Os criticos Literários gostam de
lembrar a propósito que uma grande obra tem atrás de si uma
infinidade de obras menores formando um caldo cultura que lhe
serve de referência. Mas a arte, não nasce do agradável e,
principalmente, as duas esferas desempenham papéis diferentes
em sua relação com a vida cotidiana. A arte . assim, possibilita
a passagem da heterogeneidade do cotidiano para a
homogeneidade. Daí o carater evocativo da obra de arte, sua
ação sobre o núcleo social da personalidade humana. Essa força
evocativa deve-se ao fato de que na arte o passado é feito
presente. Mas nem sempre a atividade artistica produz obras
de arte capazes de exercer esse papel. Quando me refiro a arte,
é em todos os segmentos cultural-artisticos. Porque tanto a obra
de arte, quanto os produtos menores voltados para o mero
entretenimento são emanações da vida cotidiana, mas não devem
ser confundido .Faço este trabalho para mostrar em resumo, o
papel atribuido à arte e cultura. Como poeta, artista plastico e
contista, quero também me refirir ao segmento Literário, se a
poesia ainda hoje não tem como se definir ou ser definida, salvo
por tentativas que mais acentuam a multiplicidade do fenômeno,
é óbvio que ela pode manifestar-se através de outras artes, ou
delas valer-se para sua manifestação. O certo é que: nada sem
poesia, fica ou permanece. Um bom pintor é- sobretudo-poeta, e daí
por diante. Uma coisa, porém, é verdade : as palavras têm todos
os poderes da imagem, daí porque, ao contrário de uma frase
feita, um milhão de imagens, sons e coloridos virtuais, não podem
dizer tanto quanto este único verso-poema de Giussepe Ungarete.
-JOSE ANGELO CARDOSO.-Poeta, contista,artista plastico.
Presidente-fundador. da Academia Guairense de Letras.
|