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Artigos-->ENCONTRANDO O CAMINHO -- 20/05/2005 - 15:32 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




ENCONTRANDO O CAMINHO



Escrever sempre foi, na maioria das vezes, uma atividade solitária, obscura e silenciosa,. Mesmo nos textos coletivos, algo de solidão sobra no processo de criação.

“Encontrando Forrester”, um filme que trabalha justamente esse assunto, abre um leque de caminhos para entender como funciona essa imensa e complexa engrenagem que é a literatura.

Um garoto especialmente dotado para a arte de escrever e entender as obras literárias e seus criadores, encontra um escritor já velho, afastado do mundo e sua vaidade, que enxerga nele um futuro escritor. Quando deveriam surgir as soluções, aparecem as complicações.

A escola, representada pelo professor Robert Crowford, não soube entender, deixou o preconceito interferir no julgamento, não percebeu a capacidade do aluno, um diamante bruto, pronto para ser trabalhado e melhorado. No filme, o professor prefere a mediocridade, sobre a qual ele reina absoluto, jogando suas frustrações sobre a apatia dos alunos. A aparição de um discípulo que questiona, que tem idéias próprias, parece assustá-lo, gerando uma reação contrária imediata e irreversível.

As figuras chaves do processo literário estão representadas na história: o escritor, de um livro só, mas famoso; o leitor, o jovem curioso e inquieto; o crítico, que também é professor, a escola, representada por professores conservadores e cativos de seus interesses, com uma reação ética no final.

O escritor, William Forrester, não acredita na crítica, afirma que escreveu um livro só e foi suficiente para entender como funciona tudo. O trabalho, de meses ou anos, pode ser destruído, sem piedade, num instante, por um crítico frustrado ou despreparado. Ele acredita na escrita que nasce do coração, que chega sem passar pelo pensamento, aproveitando primeiro os sentimentos e as emoções e passando tudo, finalmente, pelo filtro do pensamento. Escrever é começar a escrever. Ele enxerga a crítica como algo oposto e nocivo, que coloca idéias diferentes, conceitos que ele não levantou e não deixou impressos na sua obra. Em realidade, W. Forrester, sente-se frustrado com o papel da crítica. Tanto que optou pelo isolamento, negando-se a viver o mundo dos outros.

A escola, representada no filme, tem uma imagem boa perante a sociedade. É um lugar para privilegiados, lugar onde poucos podem pisar e desfrutar das benesses da educação. Mas é, também, um lugar de discriminação, com um estudo anquilosado da literatura, com alguns professores que acreditam entender de tudo, mas não conseguem transmitir nada. A ação do escritor misantropo e o aluno rebelde, provocam uma pequena revolução naquela escola, forçando a aceitação de um indivíduo que não fazia parte daquela classe social, que era de outra raça e que tinha outro embasamento cultural.

Para a maioria dos alunos, William Forrester, o escritor famoso, era um absoluto desconhecido, uma foto mais no fundo da sala. Os professores, principalmente o professor Crowford, estavam mais interessados em manter suas imagens de intelectuais que em descer até o patamar dos alunos e descobrir a força da literatura. Falavam dos escritores mortos, como se o que eles tinha produzido no passado também tivesse fenecido. Esse é o principal erro, não transmitir que a literatura é um ser vivo, com vida própria, que se alimenta, quase que exclusivamente, do olhar curioso dos leitores.

Aproximando as idéias trabalhadas no filme, para o nosso cotidiano, devemos reconhecer que muitas delas se repetem no nosso meio. Alunos apáticos, escritores escondidos nas grutas dos seus pensamentos, leitores que sentem curiosidade, necessidade de aprofundar suas leituras, mas não encontram incentivos nem na escola nem na sociedade. Professores preparados, mas cansados de lutar contra a corrente, ou professores perigosos, que jogam suas frustrações em gerações e gerações de alunos, que alimentarão novas frustrações.

E a crítica? Quando ela é fundamentada em questões pessoais pode ser muito prejudicial, condenando ou elevando obras, sem realmente ter em conta suas qualidades ou defeitos.

Resta, como no filme, uma pequena luz no fim do túnel. Ela se acende quando o escritor sai do seu esconderijo, vai até o público, chama a atenção de todos e os professores, os críticos, num momento de lucidez, deixam de lado seus interesses pessoais e apoiam aquele jovem aluno, aquele homem ou mulher, carregado de projetos e ilusões, que só acontecerão por muita força de vontade ou por uma sociedade, uma escola, dispostas a sacudir a modorra e lutar pelos ideais que sempre nortearam e fizeram possível a humanidade.































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