PTLHADO DE VIDRO
Nem é preciso explicar o sentido jocoso do título, isto o leitor já entendeu. Podem até achar o trocadilho infame, de modo que vou preparar o meu ouvido para as Ptlhadas.
O que me chateia, na qualidade ex-eleitor do PT, é o chavão dos petistas, repetindo uma surrada frase que define “o jeito petista de governar”. Eles apresentam o tal “jeito petista de governar” como se tivessem descoberto a pólvora, tentando convencer que esse “jeito” será um caminho novo na forma de administrar um ente público, diferente dos gestores que vimos até então.
Ou estão conscientemente enganando o eleitor ou então desconhecem a Constituição brasileira, o sistema institucional do país, as leis tributárias, fiscais, orçamentárias, de execução financeira, de contabilidade, de estrutura administrativa, de planos de cargos e carreira do serviço público, enfim, desdenham do arcabouço legal da nação, propondo um sistema de gestão que não casa com a realidade institucional.
Aprendam os petistas que, para adotarem o “jeito petista de governar”, faz-se necessária, preliminarmente, a edição de uma nova Constituição e, por conseguinte, uma nova adaptação de toda a estrutura legislativa do país. Se, por acaso, estiver nos seus planos essa mudança estrutural profunda, sinceramente, eles não sabem em que terreno estão pisando. Quem conhece um pouquinho de Brasil sabe que não é fácil emplacar uma reforma constitucional para derivar o país para outro pólo ideológico. Por outro lado, se os petistas não incluem no seu programa o ideal historicamente defendido, é sinal de que enganam a nação, estado ou município que desejam governar. O modelo político-econômico- social predominante no Brasil e, por conta da globalização, praticamente no mundo inteiro, é incompatível com modelos socialistas de Estado.
O Brasil com todos os enormes defeitos que tem, e um deles é a existência de quem queira governá-lo sem conhecê-lo, é uma democracia pluralista, de regime de livre mercado, de livre competição e de liberdade de pensamento. Dirão os petistas que o partido lutou muito pela liberdade de expressão. É meia verdade. Eles lutaram bastante pela liberdade de expressão deles. No poder, tentam arrolhar o pensamento de quem discorda, querendo amordaçar a imprensa e o Ministério Público.
A compatibilidade prática entre o “jeito petista de governar” e o sistema legal vigente no país torna-se impossível, ainda mais quando se vai descendo na escala hierárquica dos níveis de governo, ou seja, é difícil na presidência da República, é complicado no governo de um Estado e impraticável numa administração municipal. Esta, a municipal, é, por natureza institucional, engessada de tal modo que coloca o prefeito numa rígida bitola de vinculação orçamentária, deixando mínima margem para planos e programas vinculados a um projeto ou ideário pessoal.
Prometer mudança, seduzir o eleitor com essa história de “jeito petista de governar” e, pior ainda, se comprometer a promover distribuição de renda são engodos, porque os meios para isso simplesmente não existem e nem tão cedo o país criará essas condições, muito menos o administrador municipal que não tem como gerar recursos e sem recursos, ao que primariamente sabemos, não se realiza nada.
Portanto, gestores petistas, gozem o direito constitucional de governar, mas não vendam gato morto por lebre sadia, porque o eleitor sente de longe o odor do gato apodrecido. O PT foi estilingue. Agora é Ptlhado de vidro.
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