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Artigos-->FERIADOS E CONSUMISMO . -- 07/05/2005 - 22:40 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Dias Feriados e Outras Rotinas

(Por Domingos Oliveira Medeiros)





Atribuir conotação inversa às palavras ou expressões parece que veio para ficar. E nem sempre há explicações lógicas ou convincentes. Basta a aceitação do público, e pronto, está criado mais um paradigma. Com nome e sobrenome.



E os exemplos são muitos. Quando se diz que o tempo está ruim, quer-se dizer que está sem sol. Que está chovendo. Mas o tempo chuvoso também é bom. Bom para a agricultura, para as plantas, para a economia, para dormir, para ler; e até para curtir um chá com torradas ou um chocolate, caso a temperatura esteja fria.



Quando se diz que está tudo azul, significa que está tudo bem. Uma alusão, provavelmente, ao “tempo bom”, sem chuva, de céu límpido e de muito azul. O chamado “céu-de-brigadeiro”. E a rotulagem não foge à regra no caso da rotina.



Costuma-se atribuir um aspecto negativo às coisas rotineiras. E, na verdade, se analisarmos a questão com maior profundidade, iremos constatar que a rotina, tal qual os exemplos anteriores, padece das mesmas conotações preconceituosas.



A rotina de uma linha de montagem, numa indústria de produção em série, daquela que foi objeto de sátira do Charles Chaplin, encaixa-se no exemplo de rotina negativa. Desgastante. Estressante. Humilhante. Onde o homem é relegado a um plano inferior. Fica evidente que o homem passa a valer menos do que um simples parafuso da engrenagem de toda aquela parafernália.



E assim são as rotinas. Boas e más. Exemplos de rotinas ruins nós temos aos montes. A rotina dos boatos. A rotina do sobe-e-desce das bolsas de valores. A rotina do risco-Brasil. Da subida e descida do dólar. Do endividamento público. Da política econômica. Da fala do presidente. Das desculpas - em cadeia de rádio e televisão - do ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central, principalmente. Das renegociações com o FMI. Das pesquisas eleitorais. Das denúncias. Das fugas de presos. Do aumento do desemprego. Das notícias dos jornais. Da corrupção. Da impunidade. Do esquecimento. Dos programas de televisão. Do Big Brother. E assim por diante.



E temos, infelizmente, em proporções menores, as rotinas ditas boas: os avanços tecnológicos, a descoberta de novos remédios para o combate de doenças graves, o lançamento de livros, de novos artistas, de novas composições, o nascimento de seres humanos e, em certa medida, as eleições.



E temos as rotinas que, ao mesmo tempo, são boas e ruins: depende de cada pessoa. Do seu modo de ver as coisas. Da sua “filosofia” de vida. Assim, são as rotinas do consumismo. Rotinas que se escondem por detrás dos interesses comerciais.



As rotinas das homenagens. A rotina dos feriados. A rotina dos dias santos. Dia das Mães. Dia dos Pais. Dia dos Namorados. Dia da Criança. Dia do Avô. Da Avó. Dia do Soldado. Da Independência. De São João. E tantos outros dias. Não vai demorar muito e chegará o dia em que não haverá mais dia para encaixar um novo feriado. E teremos que acumular, num só dia, várias homenagens.



Os dias comemorativos- ou de homenagens e de festas -, geralmente não se prestam para os fins a que se destinam. A rotina do Carnaval, por exemplo, passa a ser negativa, na medida em que os quatro dias (em alguns casos uma semana), são destinados para o consumo de drogas pesadas, de álcool, de cigarro, de sexo, de brigas, de acidentes, de ferimentos e até de mortes. Aqui , acolá, alguém resolve simplesmente “pular”, “brincar” o Carnaval.



O mesmo acontece com os chamados “dias santos”. Na Semana Santa, a grande maioria aproveita para fazer um churrasco. Beber muito. Acampar. Pescar. Tudo, menos homenagear, como devia, aquele dia.



E existem paradoxos: no dia do trabalho, ninguém trabalha. Cada dia, durante todo o ano, é reservado a um determinado Santo. Mas tem, também, o Dia de Todos os Santos.



E tem o dia dos namorados, das mães, dos pais, da criança, enfim, numa clara demonstração de rotina do consumismo. Tanto é verdade, que nesses dias não se toca numa questão grave: e quem não tem namorado? E quem já perdeu seu pai e sua mãe? E quem não tem filhos? Vai comemorar de que jeito?



Por isso, condeno a rotina desses “dias-de-alguma-coisa”. Desse consumismo exacerbado. E faço uma sugestão: Que todos os dias sejam dias de comemorar. De agradecer a Deus por estarmos vivos e com saúde. De pedir a Deus que olhe pelos que já se foram. E que não esqueça de olhar pelos que aqui ficaram. Principalmente nós, os eleitores, que só temos um dia bom para comemorar. E assim mesmo de quatro em quatro anos. E muitos anos para reclamar e chorar. Nesta rotina que começou em 1889, apos a Proclamação da República. E que continua do mesmo jeito. Até hoje. Nesta triste rotina.



Republcado, a pedidos.

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