Não faz muito tempo, tivemos um presidente neoliberal que chamou os aposentados de vagabundo. Uma ministra de Estado disse que o povo era apenas “um detalhe.” Para o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, “reclamar de nepotismo é coisa de fracassado.” Agora, Lula diz que o brasileiro é comodista, “incapaz de levantar o traseiro para buscar juros mais baratos.” E observem que o brasileiro é obrigado a pagar juros exorbitantes pela própria política econômica do presidente e dos seus subordinados.
Ao contrário do que propalava em sua campanha eleitoral, o presidente acolheu em seu governo pessoas de reputação duvidosa, para fazer reformas e gerir recursos públicos. Como extirpar a corrupção e a fraude, se o próprio governo mantém em seu seio, devedores do INSS e fraudadores de todo jaez ? Já no 3º ano de mandato, Lula está na fase de desculpas. Desculpas pelos erros que todos sabemos que cometeu. O mais grave é que o presidente foi eleito justamente para corrigir estes erros já existentes na gestão de FHC.
Imaginem se o presidente e o pelotão de elite do PT estivessem na oposição, o que diriam da nomeação de ministros que freqüentam as páginas dos jornais com escândalos todos os dias ? E o que dizer das promessas de campanha feitas ao sabor do vento, que o presidente não cumpriu e jamais irá cumpri-las ?
O que existe, de fato, é um plano de poder. Não importa os meios. Não importa como. O que antes era antiético agora é ético, o que era imoral, agora é moral. Tudo se resolve com um troca-troca de favores.
Onde estão os 10 milhões de empregos prometidos ? E a correção da Tabela do Imposto de Renda ? E a extinção da CPMF ? As reformas feitas até agora só prejudicam os trabalhadores com renda cada vez mais baixa, os aposentados que contribuíram a vida inteira e continuam pagando para amortizar juros de uma dívida externa impagável em detrimento de investimentos em saúde, educação, transportes e manutenção de rodovias.
Acusar os brasileiros, exauridos pela carga tributária e taxas abusivas, de comodistas, é, no mínimo, desconhecer a realidade do País.